Igreja nas Filipinas: chega de homicídios extrajudiciais
Vatican News
Não cessa a espiral de assassinatos extrajudiciais nas Filipinas. Segundo a Agência Ucanews, em 30 de dezembro, nove líderes indígenas Tumandok foram mortos em Tapaz, na província de Capiz, durante uma incursão das forças de segurança filipinas para prender 28 pessoas acusadas de serem membros do Novo Exército Popular, braço armado do Partido Comunista Filipino. De acordo com as autoridades, os suspeitos tentaram resistir à prisão. A Arquidiocese de Capiz condenou fortemente o ataque, expressando dúvidas sobre a versão oficial do fato e pedindo uma investigação.
O bispo de San Carlos, na província de Negros Ocidental, dom Gerardo Alminaza, uniu-se à condenação: “Devemos matar os nossos supostos inimigos, especialmente se estiverem desarmados? É assim que celebramos o Natal como um país cristão e saudamos o ano novo? Podemos considerar um grande resultado a morte de nove líderes tribais?”, escreve o prelado numa nota. “Por quanto tempo continuará esta espiral de violência? Será que esgotamos os meios pacíficos? Acreditamos realmente e seriamente que esta seja a maneira eficaz e duradoura para resolver os nossos males sociais?”, pergunta ainda dom Aminaza, observando que muitos católicos em sua diocese foram rotulados como simpatizantes dos rebeldes comunistas e sofreram assassinatos extrajudiciais. De acordo com o prelado, o fato é mais um ataque contra os povos indígenas que o governo deveria proteger: “São indefesos e muitos deles ainda precisam de instrução. Em vez de matá-los, deveria armá-los com uma instrução que lhes permita entender melhor os problemas”, afirma ele.
O assassinato dos líderes indígenas de Capiz se acrescenta à longa trilha de derramamento de sangue contra líderes sociais que ocorreu nas Filipinas nos últimos tempos e se insere na dramática escalada de assassinatos extrajudiciais que marcou a guerra do Presidente Rodrigo Duterte contra as drogas. Uma escalada condenada várias vezes pela Igreja filipina, que no ano passado lutou contra a nova controversa lei antiterrorismo aprovada pelo Executivo e considerada por muitos ativistas de direitos humanos como uma nova mordaça contra qualquer forma de oposição no país.
Na verdade, os líderes sociais, incluindo os ligados à Igreja, também estão na mira das forças de segurança. Muitas vezes eles são acusados de serem solidários aos rebeldes comunistas e vítimas de execuções extrajudiciais. Em 20 de dezembro passado, o assassinato de uma mãe desarmada e seu filho por um policial fora de serviço causou grande alvoroço no país. O episódio, registrado num vídeo, tornou-se viral nas redes sociais e foi fortemente condenado pelos bispos.
Vatican News Service - LZ/MJ
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