Krajewski celebra o funeral de "Robertino"
Benedetta Capelli/Mariangela Jaguraba – Vatican News
É outra Sexta-feira Santa. O Papa Francisco, no Angelus deste domingo (24/01), falando sobre a morte de Edwin, o sem-teto nigeriano que morreu de frio na rua, recordou o que São Gregório Magno disse, que naquele dia “as missas não seriam celebradas” porque, diante da morte de um pobre era “como a Sexta-feira Santa”.
Hoje, a comunidade de muitos irmãos e irmãs que nasce na rua chora "Robertino", como o chamavam. Nos últimos tempos, ele ouviu a voz dos voluntários e depois de muitas pneumonias, se transferiu para o dormitório da Plataforma 95 na Estação Termini.
Uma porta fechada
Esta manhã na paróquia de São Pio X, no bairro romano de Balduina, foram saudá-lo as pessoas que estiveram ao seu lado da Comunidade de Santo Egídio, os voluntários de Natale 365, os inspetores da Polícia que têm seu gabinete na Piazza della Città Leonina, nas proximidades do Vaticano, onde faleceu. O funeral foi presidido pelo esmoleiro do Papa, cardeal Konrad Krajewski, concelebrado com o cardeal George Pell, mons. Arthur Roche, secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, e cerca de dez sacerdotes.
O cardeal Krajewski escolheu pessoalmente a passagem do Evangelho de Lucas, na qual Jesus conta a parábola de Lázaro e o rico, porque “Roberto sempre dormia diante de uma porta fechada”.
Futebol
“Ele era uma pessoa alegre, solar. Nos almoços que organizávamos, fazia todo mundo rir”, conta o cardeal Krajewski. Por isso, “era mimado” por aqueles que o conheciam. Alguns, no passado, até pagaram para ele um quarto num Bed and breakfast ao redor do Vaticano para passar a noite e agradecer-lhe por sua espontaneidade. Ele fez com que as pessoas gostassem dele. Segundo a Comunidade de Santo Egídio, “ele doava as camisetas de alguns times de futebol que ele guardava em sua mala”. O futebol era a sua paixão.
A homilia fúnebre proferida pelo cardeal Krajewski
Originário de Oppeano, uma cidade da região de Verona onde será enterrado ao lado de seus pais, tinha um passado no time Hellas Verona, mas uma lesão o impediu de prosseguir sua carreira. Na vida de Robertino, houve muitos momentos difíceis. Viver na rua não era uma escolha. “Às vezes ele ficava triste e zangado”, disseram alguns voluntários. Hoje ele ficaria feliz em saber que muitas pessoas queriam cumprimentá-lo, não obstante as restrições contra a Covid. Ele ficaria feliz em saber que não era considerado “um descarte”, mas uma pessoa com sua dignidade, sua beleza e amor que até mesmo um coração ferido pela vida pode gerar.
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