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O cardeal Manuel Clemente na missa de Ano Novo, na Igreja de Cristo Rei O cardeal Manuel Clemente na missa de Ano Novo, na Igreja de Cristo Rei 

Patriarca de Lisboa faz apelo por uma “cultura do cuidado”

Dom Manuel Clemente presidiu à missa de Ano Novo, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, na Igreja de Cristo Rei na Paróquia da Portela de Sacavém. O cardeal espera que, para este novo ano dedicado ao cuidado da Criação pelos 5 anos da Laudato si', a cultura do cuidado também se torne numa cultura do dia a dia.

Domingos Pinto - Lisboa

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“A pandemia obrigou-nos a cuidados reforçados, não só com a própria saúde, mas também com a saúde dos outros. E, durante o último ano, foram tantos, e em tanta parte, que se redobraram em cuidados – às vezes, até com risco da sua própria saúde – para que aos outros não faltasse aquilo que lhes devemos.”

Palavras do cardeal Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, na missa de Ano Novo, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, e Dia Mundial da Paz, celebrada na Igreja de Cristo Rei, na paróquia da Portela de Sacavém. Depois de recordar todos aqueles que se “desdobram em cuidados” pelos outros, dom Manuel Clemente disse que o cuidado pelos outros “é a maneira que Deus tem de atuar no mundo”:

“Para nós, que somos crentes, o cuidado não acontece por acaso. Nós acreditamos num Deus que cuida de nós. Mas não cuida de nós de fora de nós. O lugar de Deus atuar no mundo é o coração de cada um, ou seja, o íntimo de cada um.”

Para o patriarca de Lisboa, “não foi difícil, para quem é crente, reconhecer a presença de Deus no cuidado de tantos cuidadores que foram os braços, as mãos, o olhar, do próprio Deus em relação aos outros”. Dom Manuel Clemente espera que a proposta do Papa no início deste novo ano dedicado ao cuidado com a criação, nos cinco anos da Encíclica Laudato si', seja uma oportunidade “para que também a cultura do cuidado se torne a cultura do dia a dia”.

“A cultura do cuidado é cultivar, em cada um de nós, os sentimentos de proximidade em relação a tudo e a todos, mesmo quando, fisicamente, não é possível fazer. Há sempre um telefonema que podemos fazer, uma mensagem que podemos mandar, há sempre uma maneira de chegar aos outros porque o coração vence todas as distâncias e é muito criativo, como o próprio coração de Deus.”

Para o din Manuel Clemente, “uma das coisas mais graves desta pandemia é quando atinge pessoas que não têm já vínculos familiares e estão muito sós e, por isso, ainda mais desamparadas. Todo o cuidado que nós tivermos com a família é evangélico, é religioso, que quer dizer: é para cumprir a vontade de Deus”. O patriarca de Lisboa disse ainda que é preciso olhar a “realidade familiar” de Jesus “como a base da medida social e da vida da Igreja”, considerando que “a Igreja é a família de Deus”.

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02 janeiro 2021, 13:05