Bispos da República Centro-Africana: o país precisa de verdade, justiça e liberdade
Vatican News
Sofrimento e consternação, mas também conforto e esperança: estes são os sentimentos que alimentam a mensagem que os Bispos da República Centro-Africana dirigem ao país neste momento de dificuldade, no final de sua Assembleia Plenária que começou em 11 de janeiro passado e terminou dia 17. Há dias o país vem sendo ameaçado por grupos rebeldes armados que, após as recentes eleições presidenciais, desencadearam uma série de ataques com o objetivo de entrar na capital Bangui. A situação humanitária é muito grave: 30.000 pessoas já fugiram da violência e mais de 60.000, segundo a ONU, estão deslocadas internamente, com mais da metade da população (2,3 milhões de pessoas) que correm o risco de sofrer de insegurança alimentar em 2021 e com uma pessoa a cada nove levada à carestia.
A condição do país no início deste novo ano é comparada pelos bispos aos paralíticos curados pelo encontro com Jesus a quem o levam, com um grande ato de solidariedade, abrindo espaço na multidão. "Ele está imóvel, mas vivo", escrevem os bispos, "ele não pode se mover sozinho, ele não pode prover suas necessidades básicas". Hoje, uma série de restrições impede a República Centro-Africana de se mover livremente, de "caminhar no caminho do bem, de dar o melhor de si mesma para o bem-estar de seus filhos". O mal se manifesta de muitas maneiras: "raiva, inveja, maldade, mentira, manipulação, violência, assassinato, guerra... pecados que paralisam e impedem a promoção dos grandes valores da fraternidade, da justiça e da paz".
Mudemos a mente, o espírito e o coração
Para resolver a crise atual no país, dizem os prelados, é necessário um compromisso real de todos: o maior mal é a "falta de amor pelo país". O "tribalismo, o nepotismo, a ganância pelo poder e a incapacidade de sentir-se irmão, jogou o país nas mãos de mercenários e bandidos". Precisamos ao invés disso - escrevem eles - de uma sincera solidariedade nacional e internacional para restaurar a autoridade do Estado e consolidar todas as instituições da República Centro-Africana".
Comecemos então a reconstrução, este é o convite final. "Vamos mudar nossas mentes, nossos espíritos e nossos corações para seguir em frente". "O amor continua sendo a lei suprema do cristão. Que este amor - esperam os bispos - se traduza em solidariedade, benevolência, perdão, auto-sacrifício para o bem comum. Abramo-nos à ação do Espírito e veremos a verdadeira paz florescer em nossa terra centro-africana".
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