Semana de oração pela unidade dos cristãos: orientar-se novamente em Deus
Antonella Palermo – Vatican News
Uma "jornada importante": foi assim que o Papa anunciou ontem, no final do Angelus, o início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, convidando todos a orar concordes para que "o desejo de Jesus seja realizado: ‘que todos sejam um’ (Jo 17, 21). Unidade que sempre é superior ao conflito”. Este ano o tema que acompanhará os dias da Semana, tradicionalmente realizada entre as festas da Cátedra de São Pedro e a Conversão de São Paulo, baseia-se na advertência de Jesus: "Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos" do Evangelho de João (Jo 15,5-9). A celebração é realizada todos os anos de 18 a 25 de janeiro no hemisfério norte, enquanto no sul, onde janeiro é um período de férias as Igrejas celebram em outras datas. No Brasil é celebrada entre a Ascensão e Pentecostes, um período igualmente simbólico para a unidade da Igreja. Em Roma será o Papa, como sempre, que encerrará a Semana dia 25 de janeiro na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, presidindo a celebração das Vésperas junto com os representantes das outras Comunidades Cristãs.
Os subsídios das Semanas de Oração
Desde 1968, o livreto indicando como rezar com espírito ecumênico, neste tempo, é produzido pela Comissão de Fé e Constituição do Conselho Ecumênico de Igrejas e pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Desde 1975, esses textos - leituras bíblicas, comentários e orações para cada dia da semana - são preparados com base em um projeto desenvolvido a cada ano por um grupo ecumênico local em um país diferente. Deste ponto de vista, pode-se dizer que no próprio método se encontra o significado de "ecumenismo": o universal, traduzido literalmente pela esplêndida expressão "terra habitada". O subsídio é proposto com a advertência de que, sempre que possível, deve ser adaptado aos costumes locais, com especial atenção às práticas litúrgicas em seu contexto sócio-cultural e à dimensão ecumênica. Em algumas localidades já existem estruturas ecumênicas capazes de realizar esta proposta e onde estão faltando, espera-se que sejam implementadas.
Calendário da Semana 2021
Ao longo de oito dias, somos convidados a meditar e orar baseados nos diferentes pontos sugeridos pelos versículos da conhecida passagem da videira e o sarmento do evangelista João. No primeiro dia, chamado por Deus: "Vós não me escolhestes, eu vos escolhi" (Jo 15, 16a); no segundo, Amadurecendo internamente: "Permanecei em mim, como permaneço em vós" (Jo 15, 4a); no terceiro, formando um só corpo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15, 12b). Depois, no quarto dia será feita uma reflexão sobre o profundo sentido de orar juntos: “Já não vos chamo servos… chamo-vos amigos (Jo 15, 15). No quinto dia deixando-se transformar pela Palavra: “Vós já estais purificados pela palavra (Jo 15, 3). No sexto dia acolhendo outros: “Ide produzir frutos, frutos que permaneçam (Jo 15, 16b). Crescendo na unidade é o aspecto que se dará atenção no sétimo dia: “Eu sou a vinha, vós sois os sarmentos” (Jo 15, 5a), para concluir, no oitavo dia reconciliando com toda a criação: “Para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja perfeita” (Jo 15,11).
A Comunidade de Grandchamp reza em quarentena
A Comunidade de Grandchamp, na Suíça - à qual foi confiada a tarefa de escrever os textos do subsídio para este ano - é atualmente formada por cerca de cinquenta irmãs de diferentes tradições cristãs e de diferentes países. Fundada na primeira metade do século XX, desde o início cultivou fortes laços tanto com a Comunidade de Taizé quanto com o Padre Paul Couturier, figura chave na história da Semana de Oração. As religiosas estão em isolamento desde 5 de janeiro por causa do coronavírus. Acostumadas a viver o carisma da abertura ao diálogo e ao encontro, tiveram que, lamentavelmente, reorganizar sua vida em conjunto: cada uma reza de seu próprio quarto, tiveram que fechar as portas da acolhida, cancelar as celebrações planejadas. Porém os sinos do meio-dia continuam a bater. "A pandemia não pode parar a oração", escreve-nos a Irmã Svenja, convidando-nos a seguir as atualizações online que continuarão a organizar. "Talvez este seja o tempo para alimentar a oração pessoal", lemos na página Facebook delas, "e para viver ainda mais profundamente o tema que preparamos".
Palavras do Papa Francisco para a unidade
A preocupação com os mais pobres e o apelo a reforçar nas sociedades o princípio da solidariedade; o convite a mostrar hospitalidade aos fracos e perseguidos: estes foram os destaques expressos pelo Papa Francisco por ocasião da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em 2019 e 2020. Um ano atrás, em particular, o Pontífice lembrou que o barco em que Paulo estava, antes de encalhar perto da costa de Malta, estava à mercê da tempestade há vários dias, e enquanto todos estavam perdendo toda a esperança de sobrevivência, era o apóstolo que os tranquilizava, ele que era um prisioneiro e, portanto, um dos mais vulneráveis. Estávamos no início da pandemia, ainda imprevisível e desconhecida, que teria devastado o planeta. A humanidade ainda está na tempestade, a humanidade que o Papa teria evocado novamente no extraordinário momento de oração na deserta Praça de São Pedro no dia 27 de março passado. A unidade ainda se torna um desejo inevitável, uma urgência, uma esperança. Novamente a oração é tão necessária.
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