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Mártires guatemaltecos serão beatificados em 23 de abril

Os três sacerdotes missionários espanhóis do Sagrado Coração de Jesus e sete leigos, foram assassinados durante o conflito armado que ensanguetou o país centro-americano nos anos 80

Vatican News

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Os bispos da Guatemala anunciaram para o próximo 23 de abril a cerimônia de beatificação dos dez mártires da Diocese guatemalteca de Quiché, a ser realizada em Santa Cruz del Quiché. Por ocasião do anúncio, uma mensagem do episcopado repassa a história daquelas terras, banhadas pelo sangue de muitos mártires, “fiéis testemunhas de Deus” e de seu Evangelho, empenhados para que a comunidade e a sociedade fossem construídas segundo os valores do Reino.

O Papa Francisco havia autorizado em 23 de janeiro de 2020 a publicação dos decretos reconhecendo o martírio de 3 sacerdotes e 7 leigos, incluindo um menino de 12 anos, mortos por ódio à fé entre 1980 e 1991. Eles eram movidos unicamente pelo amor a Deus e aos irmãos mais pobres, em um período de perseguição à Igreja e de violência contra toda a população. Seus nomes se somam às centenas de outras testemunhas, conhecidas e desconhecidas, que fertilizaram aquela terra com seu sangue.

Os três sacerdotes são Missionários do Sagrado Coração de Jesus, todos nascidos na Espanha. Padre José María Gran Cirera foi enviado à Guatemala em 1975, onde passou a trabalhar com os pobres e os indígenas. Foi assassinado em 4 de junho de 1980 junto com o sacristão e catequista Domingo del Barrio Batz, também entre os novos Beatos, quando retornavam de uma visita pastoral a alguns povoados.

Padre Faustino Villanueva Villanueva foi enviado à Guatemala em 1959, onde exerceu funções pastorais em várias paróquias da Diocese de Quiché. Foi assassinado em 10 de julho de 1980.

Padre Juan Alonso Fernández foi enviado à Guatemala em 1960, mesmo ano de sua ordenação. De 1963 a 1965 foi missionário na Indonésia. De volta à Guatemala, fundou a Paróquia de S. Maria Rainha, em Lancetillo. Ele foi torturado e assassinado em 15 de fevereiro de 1981.

Ao lado dos sacerdotes serão beatificados 7 leigos, além de Domingo del Barrio Batz. São eles: Juan Barrera Méndez, 12 anos, membro da Ação Católica; Tomás Ramírez Caba, casado, sacristão; Nicolás Castro, catequista e ministro extraordinário da Eucaristia; Reyes Us Hernández, casado, empenhado em atividades pastorais; Rosalío Benito, catequista e agente pastoral; Miguel Tiu Imul, casado, diretor da Ação Católica e catequista.

Na mensagem, datada de 21 de março, os bispos da Guatemala recordam que “no decorrer da história da Igreja, em diferentes tempos e circunstâncias, homens e mulheres, discípulos fiéis do Senhor, derramaram o sangue até a morte. Com o sacrifício da própria vida, selaram as convicções mais profundas que animaram suas vidas: viver como Jesus, dar a própria existência pelos outros e participar do seu destino. Destino de perseguição e morte."

Na história recente da Guatemala, foram beatificados em 2017 outros quatro mártires, que "nos anos do conflito armado interno, derramaram seu sangue por estarem convencidos não existir amor maior do que dar a vida pelos outros, especialmente quando a Igreja Católica insistiu na defesa dos valores do Reino, proclamados pelo Senhor Jesus: a defesa da dignidade humana, o respeito pela vida, a justiça social e a defesa dos mais fracos e vulneráveis​​”.

“Agora – prossegue a mensagem - o Senhor nos oferece novamente a oportunidade de louvá-lo e agradecê-lo, porque no dia 23 de abril seremos testemunhas da beatificação dos Mártires da Diocese de Quiché”.

Os bispos recordam ainda que na Diocese de Quiché a evangelização se intensificou na década de 1940, envolvendo muitos homens e mulheres no trabalho por Deus, pela Igreja e pela sociedade. A sua vida foi marcada pela fé, pela caridade e pela oração, a mesma fé na Ressurreição que lhes deu forças para enfrentar o sofrimento e a morte.

“Seu testemunho e exemplo nos ajudam a confirmar nossa fé na ressurreição de Cristo e nos oferecem a oportunidade de honrá-los porque também eles deram a vida por seus inimigos. A recordação da sua vida e de suas obras reafirma a esperança de que é preciso morrer para viver e que não há maior amor do que dar a vida pelos outros”.

A vida dos novos beatos é caracterizada por suas obras, prosseguem os bispos, pois estavam convencidos de que o cristão não pode ignorar a realidade em que vive nem se fechar no individualismo egoísta, surdo às grandes necessidades do seu povo e das suas comunidades.

Eles foram promotores da justiça, construtores da paz, artesãos do bem comum, defensores da pessoa e dos seus direitos, arautos do Evangelho e construtores apaixonados do Reino de Deus, com total confiança em Cristo, que lhe deu forças para enfrentar as provações, humilhações e calúnias.

“Ao contemplá-los como mártires da Igreja, brota do nosso coração um canto de gratidão e louvor - conclui a mensagem -. Bendito seja o sangue derramado por estes nossos irmãos, porque eles, com o seu testemunho, nos mostraram o que significa amar Jesus Cristo ... Bem-aventurados os mártires de um povo indígena abençoado pela fé em Jesus Cristo, porque nos mostraram a que ponto pode chegar a dedicação de um catequista ou de um missionário. Deus foi grande conosco porque em meio à violência incontrolável daqueles anos terríveis, brilhou a luz e a esperança, e hoje se colhem os frutos da fidelidade e da santidade do seu testemunho”.

 Agência Fides - SL

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24 março 2021, 11:35