Franciscanos lançam apelo pela paz e democracia em Mianmar
Vatican News
Não cessa a indignação mundial em relação à repressão em Mianmar contra os manifestantes que protestam contra o golpe militar de 1º de fevereiro, que pôs fim a um ciclo de reformas democráticas no país, após décadas de ditadura militar.
“Expressamos profunda tristeza e grave preocupação pela contínua repressão de milhões de cidadãos em Mianmar, após um golpe militar”, afirmam os franciscanos em uma carta enviada ao Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres.
A mensagem, também enviada à Agência Fides, é assinada pelo Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, representando cerca de 12.500 religiosos católicos e sacerdotes presentes e trabalhando em 116 países.
“Os franciscanos de Mianmar – diz o texto - testemunharam em primeira mão a brutalidade das forças de segurança e à insegurança que isso tem gerado”, estigmatizando “a violência coordenada e contínua que cresce a cada dia”.
Os religiosos deploram "as mortes de civis e a detenção arbitrária de milhares de pessoas envolvidas em protestos pacíficos, a destruição de proteções legais, as severas restrições ao acesso à Internet e às comunicações e a subversão da vontade do povo de Mianmar expressa nas eleições de novembro de 2020".
Os Frades Menores que vivem e trabalham em Mianmar pediram a todos os franciscanos do mundo que intercedam pelo povo de Mianmar.
“Agora – é o apelo lançado pelos franciscanos - é a hora de a comunidade internacional agir de forma unida e decisiva para evitar ulteriores perdas de vidas, a destruição de propriedades e para garantir a restauração imediata do governo democraticamente eleito de Mianmar. Isso deveria incluir o pedido à junta militar para desistir imediatamente do uso da força contra o povo de Mianmar, libertar os detidos ilegalmente e restaurar as proteções garantidas por lei, incluindo o direito de protestar pacificamente”.
Frei Michael A. Perry, Ministro geral OFM, conclui, fazendo votos de que “o povo de Mianmar experimente novamente um retorno à democracia e que a crise atual encontre uma solução pacífica e duradoura”.
Nos últimos dias, outra intervenção veio da Conferência dos Ministros do Leste Asiático e da Comissão "Justiça, Paz e Integridade da Criação" da Ordem dos Frades Menores: "Unimo-nos ao povo de Mianmar na sua luta diária pela autodeterminação, com um governo devidamente eleito. Estamos unidos a eles no apelo por uma resolução pacífica. Estamos com eles no apelo pela libertação de membros do governo eleitos democraticamente, ativistas e jovens. Apoiamo-los na defesa da dignidade e dos direitos humanos.”
Vendo o sofrimento da população do país asiático, os religiosos se dizem que "edificados pelo testemunho do povo de Mianmar pela justiça e pela verdade. Ficamos muito tocados com a caridade que eles exercem para com seus irmãos. Unimo-nos à sua dor e àquela de tantos cristãos em Mianmar - padres, missionários e leigos - rezando com eles para que este período de escuridão em sua terra acabe logo”.
Os frades franciscanos também se dirigem ao exército birmanês, "Tatmadaw": "Olhem para seus irmãos e irmãs. Olhem para o longo sofrimento de Mianmar, vítimas da ganância colonial, da opressão, da raiva. Cessemos o derramamento de sangue. Não permitamos que o ódio domine os nossos corações. Invoquemos o Senhor, que prometeu estar perto do seu povo, para que a justiça e a paz reine em Mianmar e que possa ter início a tão esperada reconciliação.”
A presença franciscana em Mianmar foi oficializada em 2005 com a "Fundação São Francisco de Assis". As Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria (FMM) e a Ordem Franciscana Secular acompanharam os Frades da Fundação desde o início. As vocações franciscanas floresceram no país e atualmente existem cinco frades locais professos solenes, quatro sacerdotes, outros professos temporários, noviços e aspirantes.
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