Síria: o grito de dor do arcebispo maronita de Aleppo
Federico Piana – Vatican News
"Não temos mais esperança nos seres humanos, mas somente no Senhor." O grito de dor de dom Joseph Tobji, arcebispo de Aleppo dos Maronitas, vem de uma Síria reduzida ao limite após dez anos de guerra e intermináveis crises sociais e econômicas. Milhares de vítimas e um número incontável de deslocados têm enfraquecido o ânimo até mesmo de quem ficou na Pátria para tentar reverter uma tendência de morte e devastação. "Agora nos sentimos abandonados pela Comunidade internacional", denuncia o prelado, que agradece ao Papa Francisco pelo apelo à paz lançado no domingo passado após o Angelus e, com uma voz emocionada, pede a todos os cristãos do mundo para "rezar e jejuar". Por favor, ofereçam tudo isso para a pacificação de nosso país. Não se esqueçam de nós".
Com seu apelo no último domingo, o Papa reacendeu os holofotes sobre a situação na Síria. Como o senhor recebeu essa carícia do pontífice?
Dom Tobji: Ouvir o apelo do Papa foi um grande alívio porque nos sentimos esquecidos. As sanções deixaram o país ainda mais desesperado: 83% da população está abaixo da linha da pobreza. Não aguentamos mais. Chega! O povo não tem nada a ver, mas infelizmente, sempre paga. Sentir o Papa perto de nós é alegria e consolo.
Que situação estão vivendo os cristãos?
Dom Tobji: A Igreja sofreu um golpe terrível. Hoje, os cristãos são menos de um quarto do que eram quando o conflito começou. Fogem sobretudo da Síria os jovens e pessoas qualificadas, e os mais pobres e mais vulneráveis permanecem. Nesta situação, a Igreja não pode ir adiante, a pastoral não pode prosseguir. Para dar um exemplo, este ano, há apenas oito crianças para o curso da Primeira Comunhão. Como pode ser feita uma pastoral desta forma? No entanto, e apesar de tudo, fazemos o possível para sermos ativos. Não temos humor, não vemos esperança, não apenas nós cristãos, mas todo o povo.
Um pequeno sinal de otimismo foi a reestruturação de alguns lugares de culto.
Dom Tobji: Sim. Reestruturamos algumas igrejas e outras em breve serão reestruturadas: este é um sinal de que, apesar de muitas dificuldades, ainda estamos aqui.
Na sua opinião, os cristãos que fugiram voltarão?
Dom Tobji: Infelizmente não. Aqueles que fugiram não estão felizes com o novo lugar que os acolheu, mas não estão dispostos a retornar a este inferno terrível.
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