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Fronteira EUA-México. Bispos: a vida humana deve ser preservada

Proteger o direito de asilo dos migrantes que fogem por "uma questão de vida ou morte". Assim, escrevem aos bispos dos Estados Unidos e do México em uma nota conjunta na qual convidam a não esquecer a situação de muitas crianças desacompanhadas.

Isabella Piro – Vatican News

"Há uma responsabilidade compartilhada por todas as nações para preservar a vida humana e proporcionar uma imigração segura e humana que inclua o direito de asilo": assim escrevem, em uma declaração conjunta, os bispos da fronteira entre os Estados Unidos (Usccb) e o México (Cem), enfatizando o drama que diariamente "nossos irmãos e irmãs migrantes enfrentam". Para a maioria deles, de fato, - lê-se na nota -, "a decisão de migrar não é motivada pela indiferença à sua pátria ou pela busca de prosperidade econômica, mas é uma questão de vida ou morte" e esta situação "é ainda mais difícil para as crianças". Estes são "desafios que exigem soluções humanitárias", ressaltaram os bispos, "porque sem dúvida as nações têm o direito de proteger suas fronteiras", pois "isto é vital para sua soberania e autodeterminação". Mas, ao mesmo tempo, os bispos estadunidenses e mexicanos recordam a responsabilidade comum de salvaguardar vidas humanas e permitir que os migrantes se movimentem em segurança.

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A força do diálogo

Aos governos, líderes políticos e à sociedade civil, portanto, Usccb e Cem pedem para "trabalhar juntos para acolher, proteger, promover e integrar os migrantes", de acordo com os quatro verbos tão frequentemente lembrados pelo Papa Francisco. Também é forte a exortação para proteger "a dignidade intrínseca" dos migrantes, bem como para "trabalhar com outros países da região para eliminar as condições que forçam seus cidadãos a recorrer à migração perigosa e irregular, produzindo soluções a longo prazo".  Uma ferramenta essencial para tudo isso, reiteram os prelados, deve ser o "diálogo persistente e corajoso" que "silenciosamente ajuda o mundo a viver muito melhor".

A cultura da acolhida

A Igreja Católica dos Estados Unidos e do México, além disso, dizendo estar "conscientes da importância da saúde pública e da segurança", encorajam "políticas apoiadas por sólidos fundamentos científicos, e lembram que "a unidade da família deve ser um componente vital de qualquer resposta". Uma atenção especial é solicitada para as crianças e os mais vulneráveis, para que "sejam criadas estruturas e feitas reformas legislativas" para "promover uma cultura de acolhimento", assim como "respeitar a soberania e a segurança de nossos países". Por sua vez, os bispos reiteram seu compromisso com as organizações católicas de fronteira, "generosamente dirigidas por leigos, homens e mulheres consagrados e sacerdotes". Nesta Semana Santa, enfim, os bispos convidaram as pessoas a "experimentar o poder do amor na morte e ressurreição de Cristo, ajudando os migrantes".

O drama dos menores desacompanhados

A declaração conjunta é assinada por vários bispos, incluindo dom Mario E. Dorsonville, presidente do Comitê de Migração da USCCB, e dom José Guadalupe Torres Campos, encarregado da Pastoral da Mobilidade Humana em nome da CEM. Deve-se lembrar que, de acordo com os últimos dados, só em fevereiro de 2021 havia quase 97 mil imigrantes detidos por atravessarem ilegalmente a fronteira entre o México e os Estados Unidos; entre eles, 10% era formado por menores desacompanhados. A crônica dos menores migrantes desacompanhados foi marcada, nos últimos dias, por dois episódios dramáticos: um menino de 4 anos foi encontrado caminhando sozinho ao longo do rio Bravo, na fronteira entre o México e os Estados Unidos, sem ser reconhecido por nenhum dos migrantes parados pela polícia mexicana na mesma área; duas outras meninas do Equador, de 3 e 5 anos de idade, foram filmadas por câmeras de vigilância, pois foram deixadas em território estadunidense além da barreira que separa o país do México. As meninas, que ficaram ilesas, foram mais tarde acolhidas pelas autoridades policiais dos EUA.

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06 abril 2021, 11:49