Quarto dia da 58° Assembleia Geral dos Bispos do Brasil
Silvonei José - Vatican News
No dia de ontem, quarta-feira, muitas as partilhas e debates realizados na perspectiva da colegialidade episcopal. A formulação do “Novo Estatuto da CNBB” foi o primeiro assunto do dia a ser discutido pelo episcopado brasileiro. A 58° Assembleia Geral dos Bispos do Brasil se realiza virtualmente até esta sexta-feira 16 de abril. No dia de ontem, já no início da sessão, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, motivou a participação e colaboração dos bispos na Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe apresentada pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) na tarde de terça-feira, e que será realiza em novembro deste ano.
Na tarde de terça-feira, o episcopado brasileiro presente participou de uma exposição sobre as reestruturações do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) e do texto preparatório para a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. Os bispos também trataram do processo de construção do novo estatuto da CNBB, ressaltando a atuação do Instituto Nacional de Pastoral Padre Alberto Antoniazzi (INAPAZ).
O caminho percorrido para a formulação do “Novo Estatuto da CNBB” foi o primeiro assunto a ser discutido pelo episcopado brasileiro no dia de ontem. Na sequência, os bispos puderam acompanhar os comunicados da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB. O bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão, dom Edmar Peron, falou sobre a caminhada da Comissão para Liturgia e da Comissão Especial para os Textos Litúrgicos (Cetel), que tem se encontrado virtualmente para a revisão da tradução da 3ª edição do Missal Romano, material que será colocado em votação na próxima Assembleia Geral da CNBB na forma presencial.
Dom Edmar falou do subsídio “Celebrar em Família”, oferecido desde o início da pandemia para a celebração da Palavra nas casas. Milhares de pessoas em todo o Brasil têm utilizado o material. Dom Wilmar Santim, de Itaituba (PA), partilhou o testemunho do expressivo uso do material em sua prelazia. O bispo também partilhou sobre o texto de estudos que será publicado com orientações para adequação litúrgica e restauração e conservação de Igrejas, preparado pelo Setor Espaço Litúrgico; as ações do Setor Música Litúrgica, como a revisão do Hinário litúrgico para o ciclo do Natal, a atualização do texto de Estudos 12 sobre os cantos da missa e a publicação, em breve, das músicas da Liturgia das Horas; e a preparação de um processo de certificação de Vinhos Canônicos.
Votações
A Comissão para a Liturgia ainda colocou em votação algumas consultas à Assembleia referentes à inclusão ou alteração de datas de celebrações dos santos no calendário litúrgico do Brasil. Foram votadas, mas ainda depende da confirmação da Sé Apostólica, a confirmação da inclusão das memórias de São José de Anchieta, em 9 de junho, e dos Santos Mártires do Rio Grande do Norte, em 3 de outubro; a inserção como memória obrigatória de Santa Dulce dos Pobres, em 13 de agosto; e de memórias facultativas de Santo Oscar Romero, São Marcelino Champagnat, Santa Madre Teresa de Calcutá e de São Pedro de Alcântara.
A Comissão também consultou sobre a alteração de datas referentes à memória de São Ponciano e Santo Hipólito, Santa Faustina e de Santa Joana Francisca de Chantal.
Também está em votação virtual o pedido à Santa Sé para que o Domingo da Palavra de Deus, criado pelo Papa Francisco para ser celebrado no 3º Domingo do Tempo Comum, seja celebrado aqui no Brasil no último domingo de setembro, preservando a cinquentenária tradição brasileira de celebrar o Mês da Bíblia naquele mês, também comemorando o dia da Bíblia próximo à festa de São Jerônimo.
Ainda nesta quarta-feira, a comissão que prepara a carta ao prefeito da Congregação para os Bispos apresentou o texto com a acolhida das sugestões à mensagem que seguirá para aprovação.
Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021
Outro tópico importante dos trabalhos da quarta-feira foi a avaliação sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021. Os bispos apontaram inconsistências no texto-base, reagiram às polêmicas e ataques, e pontuaram suas considerações em relação ao processo de construção e também ao conteúdo do material proposto, com forte valorização da Campanha da Fraternidade como uma riqueza da Igreja no Brasil.
Para o presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, as contribuições e reflexões foram transparentes e sinceras. Ele ressaltou a pertinência das partilhas, “inaugurando um tempo muito importante em vista de um diálogo maduro e qualificado”. Dom Walmor ressaltou a avaliação que foi feita também pela própria presidência da CNBB em relação ao processo da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021.
Assembleia virtual não tem o calor humano mas não deixa de promover a comunhão e o aprendizado avaliam os bispos
Há 23 anos, desde 1998, o bispo de Ponta Grossa (PR) dom Sergio Arthur Braschi participa das Assembleias Gerais Ordinárias da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no formato presencial. Na edição deste ano, ele e todos os prelados do país precisaram não apenas se adaptar ao formato totalmente on-line, usado pela primeira vez na história da conferência em razão dos cuidados com o novo Coronavírus, mas também aprender com a participação à distância.
Segundo ele, o formato remoto, apesar de permitir o contato apenas através das telas do computador ou do celular, não deixa de ser menos eficaz. “Parabéns à presidência da CNBB e a todos os assessores que têm possibilitado, de uma maneira técnica através dessa plataforma digital, que participemos tão bem desta 58ª Assembleia Geral da CNBB”, disse.
Sobre a participação em uma assembleia virtual, dom Sergio, que neste 14 de abril comemorou 23 anos de ordenação episcopal, disse estar muito feliz de poder rever os irmãos bispos, mesmo que seja através da tela, de ouvir as colocações de cada um, de ter a partilha de tantos conteúdos importantes, do tema central, dos relatórios, de todas as várias atividades e ações que a CNBB realiza para o bem de todo o povo de Deus.
“É uma assembleia que está nos seus primeiros dias, mas vejo que ela vai trazer um grande bem, porque essa experiência de sinodalidade, de comunhão, de colegialidade é a raiz da Igreja. Só com a colegialidade dos bispos e a sinodalidade há possibilidade de caminharmos juntos nesse empenho de continuar evangelizando, de continuar levando a todos os corações, a todas as pessoas a grande missão, o grande anúncio da Ressurreição de Jesus e, assim, vida mais plena para todos”, pontuou
Comunhão entre os irmãos bispos
O bispo da diocese de Coari (AM), do Regional Norte 1, dom Marcos Piatek, afirmou que apesar das suas limitações, a 58ª AG CNBB se tornou muito importante e em certo sentido ficou “real”.
“Sentimo-nos mais perto dos irmãos bispos, dos diversos organismos da CNBB e em comunhão com o Papa Francisco. Graças aos meios de comunicação podemos renovar a nossa proximidade, fraternidade, partilha e a colegialidade episcopal. Esta nova experiência se tornou muito frutífera para animar a nossa comunhão eclesial e ação pastoral”, avaliou.
O arcebispo de Niterói (RJ), presidente do Regional Leste 1 da CNBB, dom José Francisco Rezende, também destacou que a Assembleia, no modo virtual, está permitindo viver a comunhão entre os bispos e buscar juntos os melhores caminhos pastorais para a Igreja no Brasil.
O caráter inovador da experiência de participação em uma assembleia on-line foi destacado pelo bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM) e presidente do Regional Norte 1, dom Edson Damian. Ele ressalta que esta assembleia, no formato remoto, não tem o calor humano, a conversa fraterna com os irmãos no episcopado, a partilha dos sonhos e esperanças que acontecia no formato presencial na casa da Mãe Aparecida, mas nem por isto deixará de contribuir com a caminhada pastoral.
O bispo da Eparquia Católica Ucraniana Imaculada Conceição, dom Meron Mazur, ressaltou que graças à presidência da CNBB, aos secretários-executivos, e a todos os assessores, tudo está transcorrendo muito bem e com muito proveito e a assembleia está sendo muito bem organizada, planejada e programada.
“Sem dúvidas, a maneira presencial traz saudades, o encontro com todos os irmãos bispos, a santa missa de todas as manhãs na casa da Mãe Aparecida, a troca de experiências e a convivência fraterna, mas para este ano é esta a modalidade que temos e está sendo muito eficiente e de grande proveito. Vamos torcer e pedir a Deus que o médico dos médicos, Jesus, nos livre dessa pandemia e, em breve, possamos realizar todos os nossos encontros presencialmente e nos abraçando fraternalmente”, disse.
O bispo de Chapecó (SC), dom Odelir José Magri, também presidente da Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB, também disse sentir falta do calor humano do formato presencial. Para ele, assembleia é também uma ocasião de reencontrar pessoalmente os irmãos bispos. “Sinto saudade também de Aparecida, onde nestes últimos anos tem acontecido a Assembleia presencial, com tudo aquilo que o santuário significa, os momentos de oração, as missas, etc”.
Contudo, ele avalia que o formato online, no contexto da pandemia, é uma possibilidade que garante aos bispos se sentirem em comunhão, partilhar suas dificuldades, desafios e também os novos caminhos que vão se abrindo nesses tempos de pandemia. “Mesmo com todos os limites do formato on-line, é uma ocasião para nos sentirmos em comunhão, dizer que a missão continua, a vida continua e não nos sentirmos sozinhos, estamos juntos, assumindo, enfrentando, levando a missão para frente com os desafios desse momento particular que a pandemia nos coloca”, avaliou.
Fonte: CNBB
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