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Reflexão para o 2º Domingo de Páscoa

Havia a grandiosidade de “não considerar como próprias as coisas que possuía”, que maturidade! O bem estar do outro está acima de meu providencial acúmulo de bens. Confio em Deus, Ele será meu Provedor!

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Entramos no Domingo da Oitava de Páscoa ou Domingo da Misericórdia, como o chamava São João Paulo II.

A primeira leitura, Atos 4, 32-35, nos mostra uma comunidade de ressuscitados que, apesar de viverem a vida comum, principalmente porque ainda não tinham morrido, mas permitem que o batismo lhes proporcione uma vida de ressuscitados, ou seja, uma vida pautada pelos valores evangélicos, assim, viviam como se nada possuíssem, apesar de possuírem bens, mas sabiam fazer a partilha e, outro sinal de ressurreição: não havia necessitados entre eles! Logo, apesar de estarem no mundo, viviam de modo tal que a partilha de bens funcionava e proporcionava uma sociedade igualitária. Havia a grandiosidade de “não considerar como próprias as coisas que possuía”, que maturidade! O bem estar do outro está acima de meu providencial acúmulo de bens. Confio em Deus, Ele será meu Provedor!

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De fato, viver assim, não é para qualquer um! É preciso ser maduro e ter vivido a experiência de ressurreição. Uso as coisas que passam, como se não precisasse delas. Deus e a própria Comunidade me socorrerão caso haja uma emergência! Até onde em minha vida concreta vivo esse “já aí e ainda não?” Já ressuscitados pela fé, pela crença num Deus Providente, mas ainda não, enquanto, concretamente, não sei nada sobre o dia de amanhã, apesar de viver na esperança e na confiança na Palavra de Deus!

Havia um experimento dentro da formação da vida religiosa, em que o candidato deveria sair da casa religiosa, sem dinheiro algum e passar um mês apenas confiando na Providência, que saciaria suas necessidade, através da generosidade das pessoas. Comer, beber, dormir, banhar-se, tudo no literal “ao Deus dará”! Muitos nãos foram dados, muitos momentos constrangedores e muitas vezes tidos por vagabundos, mas esse exercício, inclusive de receber nãos e até corridas, fazia parte da formação de crer na Providência. Quantas pessoas generosas, bem intencionadas, quantas partilhas de bens e de vida, quanta riqueza nessa experiência de pobreza! Deus seja louvado!

Para que tenhamos a consciência de que é preciso ter fé para crer na Palavra de Deus, o Evangelho, extraído de João 20, 19-31 nos relata a aparição de Jesus aos discípulos, menos Tomé que estava fora, mais tarde ele diz não acreditar na comunidade, até que Jesus, oito dias depois, aparece novamente e, aí, Tomé presente! A conversão se realiza e ouvimos do Senhor a maravilhosa bem-aventurança dirigida a nós, hoje:” Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Do mesmo modo, bem-aventurados os que partilham, os que confiam na Providência sem acumularem nada para si! Evidentemente, nossa situação sócio econômica, nos leva a programar alguma reserva para nós e para nossos dependentes. Assim é hoje a sociedade que fala em aposentadoria, em pensão, recebimento de encargos, tudo para a manutenção da pessoa e a preservação de sua dignidade; contudo, a Lei da Caridade deverá falar mais alto dentro de meus interesses particulares.

Na perícope do Evangelho de hoje temos a efusão do Espírito Santo para o perdão dos pecados. Essa efusão é feita sobre toda a Comunidade presente e não apenas sobre os líderes. Aqui, mais uma vez, repousa nossa responsabilidade em relação ao mais frágil, desta vez, frágil em relação aos deveres morais e espirituais. Devo perdoar, sempre! Dentro da aparição de Cristo ressuscitado, ele me confia a missão de perdoar os pecados de todos os meus irmãos. É algo exigente, é verdade, mas o Senhor assim mandou, e mandou logo após nos desejar e dar a paz. Portanto, recebemos o Espírito Santo para sermos os mensageiros do perdão e da paz! Por isso São João Paulo II, denominou este domingo como o “Domingo da Misericórdia”! Ser possuidor de paz e perdoar é também sinal de ser ressuscitado.

Concluindo, vamos transcrever algumas frases da segunda leitura, tirada da 1ª Carta de João 5, 1-6. “Pois isto é amar a Deus: observar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, pois todo o que nasceu de Deus vence o mundo”.

Vencer o mundo, já aí viver como ressuscitado, apesar de ainda não o estar.

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10 abril 2021, 08:00