Há sete anos na Síria, o assassinato do Padre Frans van der Lugt
Fausta Speranza – Vatican News
Raptado, espancado e morto em frente à residência da Companhia de Jesus na cidade síria de Homs. O Padre Frans van der Lugt vivia na Síria desde 1966. Psicoterapeuta por formação, homem e religioso do diálogo, ali ele iniciou o projeto Al Ard ("a terra"), um centro de espiritualidade para crianças com deficiências mentais.
O compromisso do jesuíta permanece vivo
Hoje quatro confrades vivem na casa onde o Padre Frans foi assassinado em 7 de abril de 2014 e onde ele está enterrado. As estradas e edifícios ao redor da comunidade foram seriamente danificados nos últimos anos, mas os jesuítas organizaram vários encontros e cursos frequentados por dezenas de jovens e adultos. E muitas pessoas vão rezar no túmulo do Padre Frans, conhecido e apreciado por cristãos e muçulmanos.
O apelo do Papa
Na Síria, os religiosos holandeses moravam em um mosteiro na antiga cidade de Homs, denunciando frequentemente a falta de medicamentos, alimentos e ajuda para a comunidade sitiada e pedindo urgentemente um acordo para intervir em favor dos civis doentes, exaustos e famintos. Em sua audiência geral de 9 de abril de 2014, o Papa Francisco lembrou do sacerdote com estas palavras:
“Em Homs, na Síria, foi assassinado o Reverendo Padre Frans van der Lugt, meu irmão de hábito jesuíta holandês de 75 anos; tendo chegado à Síria há cerca de 50 anos, sempre fez o bem a todos, com gratuidade e amor, e por este motivo era amado e estimado tanto por cristãos como por muçulmanos. A sua morte brutal encheu-me de dor profunda, levando-me a pensar de novo em todas as pessoas que sofrem e morrem naquele país martirizado, a minha amada Síria, já há demasiado tempo vítima de um conflito sanguinolento, que continua a ceifar morte e destruição. Penso também nas numerosas pessoas raptadas, cristãs e muçulmanas, sírias e de outros países, entre as quais até Bispos e Sacerdotes”.
Depois da recordação, o apelo:
“Convido todos vós de coração a unir-vos à minha prece pela Síria e naquela região, enquanto lanço um apelo urgente aos responsáveis sírios e à Comunidade internacional: por favor, calem-se as armas, ponha fim à violência! Nunca mais a guerra! Nunca mais a destruição! Respeitem-se os direitos humanitários, ajude-se a população necessitada de assistência humanitária, alcance-se a almejada paz através do diálogo e da reconciliação. À nossa Mãe Maria, Rainha da Paz, peçamos-lhe que nos conceda este dom para a Síria”.
O drama de anos de atrocidades do Isis entre a Síria e o Iraque
Seria uma longa lista de pessoas que foram vítimas da brutalidade dos milicianos do Estado islâmico (EI), nos anos em que conseguiram ganhar o controle de um vasto território entre a Síria e o Iraque. No contexto da guerra que eclodiu na Síria há uma década, o chamado Califado dominou aproximadamente entre 2014 a 2018, quando foi decretada sua derrota. Ainda permanecem alguns milicianos, mas os territórios foram todos reconquistados. Naqueles anos, enquanto os atos de terrorismo reivindicados por homens afiliados ao Estado Islâmico também se enfureciam na Europa, a violência não poupava ninguém e muitas vezes era exibida de forma trágica e desumana - havia, por exemplo, 18 soldados do exército sírio e estrangeiros massacrados em frente às câmeras - mas os terroristas, em particular, agrediam as minorias.
Ainda hoje não faltam violências
Segundo informações divulgadas ontem (06/04) pelo Observatório Nacional de Direitos Humanos na Síria, milicianos ligados ao autoproclamado Estado islâmico sequestraram 19 pessoas nos últimos dias - oito policiais e onze civis - na província de Hama. Em resposta, a força aérea russa intensificou os ataques aéreos na Síria central e oriental contra posições rebeldes nas últimas 72 horas. Os ataques aéreos russos se concentraram de sábado passado até ontem nas regiões de Hama e Dayr az Zor, na região de Badiya, na estepe e área desértica a oeste do Eufrates e onde se concentra a presença do Isis na Síria.
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