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Homem carrega caixa com laranjas enquanto caminha sobre passarela de madeira instalada pela prefeitura em uma rua inundada pelas águas do rio Negro no centro de Manaus, no Estado do Amazonas, Brasil 17 de maio de 2021. REUTERS / Bruno Kelly Homem carrega caixa com laranjas enquanto caminha sobre passarela de madeira instalada pela prefeitura em uma rua inundada pelas águas do rio Negro no centro de Manaus, no Estado do Amazonas, Brasil 17 de maio de 2021. REUTERS / Bruno Kelly 

ACN e capuchinhos juntos no combate à fome no Amazonas e Roraima

Junto com as cestas os freis entregam algumas sementes para incentivar um cultivo doméstico, uma pequena cultura, mesmo que em vasos simples. “Incentivamos o cultivo de animais como galinhas. Queremos tirar a mentalidade só de receber. Quando for possível, as pessoas devem fazer algo para sair dessa situação”, frei Paolo Maria Braghini.

Ajuda à Igreja que Sofre

No momento em que a pandemia traz desespero e fome, os Frades Menores Capuchinhos do Amazonas e Roraima recorreram à Fundação Pontifícia ACN (Ajuda à Igreja que Sofre) para um projeto para a doação de cestas básicas por um período de 7 meses. Foram escolhidos os mais necessitados: famílias numerosas e muito carentes, muitas viúvas, doentes tuberculosos e pessoas desempregadas que dificilmente terão uma oportunidade neste momento.

“Nesse momento histórico e terrível da pandemia, a fome grita! Temos várias famílias que não se sustentam na periferia e Manaus. Várias vieram do interior com a esperança de encontrar o sustento na cidade, mas encontraram a fome e o desemprego. Para piorar, não têm mais a roça para poder tirar o seu sustento e nem o rio para pescar o peixe”, conta o frei Paolo Maria Braghini.

O projeto enviado para a ACN pelos frades é uma urgência para Manaus, uma metrópole que está crescendo constantemente e de forma desordenada. “Nós temos um trabalho bem no centro de Manaus com as paróquias que desenvolvem várias atividades. Cuidamos de moradores de rua, trabalhamos com a parte espiritual, as Confissões, e com leigos também em vários pontos da cidade”, explica o frei.

Os frades capuchinhos, desde que chegaram ao Amazonas em 1909, começaram uma verdadeira e heroica missão. Quem conhece a Amazônia pode imaginar o que significa passar meses remando em pequenas canoas, subindo os rios enfrentado calor e perigo para doar a própria vida em prol da evangelização. Esta é a realidade dos Frades Menores Capuchinhos do Amazonas e Roraima.

“Hoje estou a 1.200 km de Manaus. Moro em uma aldeia indígena Ticuna, formada por 72 comunidades”, nos conta o frei Paolo Maria Braghini. Ele conta um pouco da realidade da região para que se possa entender a importância do projeto que foi enviado por eles para a ACN.

“Nós, Frades Capuchinhos, somos do Amazonas e Roraima. É importante explicar que não existe uma Amazônia, e sim muitas ‘Amazônias’ em uma só. Nós nos dividimos em várias delas. Estamos no centro histórico em Manaus e também nas periferias, que têm uma realidade bem diferente. Alguns de nós também moram em Roraima”, explica o frade. “Trabalhamos no baixo Amazonas, município de Humaitá, com os ribeirinhos e também trabalhamos no alto Solimões, principalmente com indígenas de várias etnias”.

O frei conta que a ACN sempre foi presente na região. “Já nos ajudaram em diversos projetos e somos infinitamente gratos, nós e o povo. Já nos ajudou a comprar um barco para atender as comunidades ribeirinhas, nos ajudou a comprar um carro para enfrentarmos as estradas de Roraima e Humaitá e até hoje colhemos os benefícios dessas doações. Para o povo, a nossa presença leva Esperança e a palavra de Cristo”.

Junto com as cestas os freis entregam algumas sementes para incentivar um cultivo doméstico, uma pequena cultura, mesmo que em vasos simples.  “Incentivamos o cultivo de animais como galinhas. Queremos tirar a mentalidade só de receber. Quando for possível, as pessoas devem fazer algo para sair dessa situação” completa frei Paolo.

Neste tempo gravíssimo de pandemia, que afeta a vida inteira das famílias nas periferias de Manaus, cuja vida se tornou dramática, as cestas básicas são muito mais que uma ajuda para matar a fome - que realmente dói - é um sinal da misericórdia de Deus e compaixão humana.

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21 maio 2021, 08:19