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Apelo do Ccee: que o Líbano seja sempre uma terra de encontro e pluralismo

O País dos Cedros está passando por uma situação crítica há muitos meses em várias frentes: as forças políticas não conseguem chegar a um acordo para formar um novo governo, que está vacante há algum tempo. No âmbito econômico, a moeda foi fortemente desvalorizada, enquanto o confinamento causado pela pandemia da Covid-19 agravou ainda mais a situação social.

Vatican News

"No próximo dia 1º de julho vou me encontrar no Vaticano com os principais responsáveis das comunidades cristãs presentes no Líbano, para um dia de reflexão sobre a situação preocupante do país e para rezarmos juntos pelo dom da paz e da estabilidade."

Este convite foi feito pelo Papa Francisco neste domingo, 30 de maio, no Angelus. O Conselho das Conferências Episcopais Europeias (Ccee) se uniu a este convite à oração e numa nota expressa sua solidariedade "aos irmãos e irmãs de fé e humanidade que vivem no Líbano". O País dos Cedros está passando por uma situação crítica há muitos meses em várias frentes: as forças políticas não conseguem chegar a um acordo para formar um novo governo, que está vacante há algum tempo. No âmbito econômico, a moeda foi fortemente desvalorizada, enquanto o confinamento causado pela pandemia da Covid-19 agravou ainda mais a situação social.

Convivência e pluralismo

Além de tudo isso, houve muitas manifestações nas ruas contra o impasse do executivo e as dramáticas consequências econômicas e sociais da grave explosão, ocorrida em 4 de agosto de 2020 no porto de Beirute, que deixou cerca de 200 mortos e 7 mil feridos. Depois, há o conflito entre israelenses e palestinos que tem reflexos também no Líbano, como evidenciado pelo lançamento noturno de foguetes, que ocorreu há alguns dias da área de Rashaya al Fuqar em direção a Israel. Uma situação dramática que, nos últimos dias, levou a Assembleia dos Patriarcas e Bispos Católicos no Líbano (Apecl) a enviar uma carta ao cardeal Jean-Claude Hollerich, presidente da Comissão Episcopal da Comunidade Europeia (Comece), para expressar "preocupação com os perigos apresentados pela atual crise política, social, sanitária e econômica que aflige o povo libanês".

Recolhendo as petições dos signatários dessa missiva, o Ccee enfatiza que "estas são palavras não só da comunidade cristã, mas de todo um povo que sofre duramente com medo e incerteza do futuro: uma situação na qual ninguém deveria viver no mundo". Recordando os numerosos apelos do Papa Francisco em apoio ao Líbano, para que "continue em sua vocação de ser uma terra de encontro, convivência e pluralismo", as Igrejas europeias sublinham que a história do país "é conhecida e ninguém pode esquecê-la: é uma história de dignidade e cultura, de acolhimento e solidariedade, ainda hoje, para com tantas pessoas sofredoras que vêm da Síria e da Palestina. É uma história de liberdade, diálogo e coexistência pacífica sob o signo dos direitos fundamentais".

Que o mundo não fique surdo ao grito dos pobres 

Daí, a esperança de que ninguém deseja "uma página escura" para o país: "Certamente o povo libanês não quer tanta dor, nem o risco de desintegração e implosão que seria prejudicial para a região e uma vergonha para a humanidade". Pelo contrário, afirma o Conselho dos Bispos, "nada se perde se se quer e se age com honestidade oportuna; nada é fatal, tudo está nas mãos dos homens com a ajuda do Deus misericordioso e justo". Fazendo um apelo "à consciência das nações e dos responsáveis", o Ccee espera que "o mundo não esqueça a tragédia em andamento e não fique surdo ao grito dos pobres e dos que sofrem".

A esperança dos bispos europeus é também que "a justiça seja restabelecida, a identidade individual, coletiva e nacional seja reconhecida, os valores religiosos e civis sejam respeitados, a retomada da economia seja apoiada e reconstruído um tecido social composto de diálogo e coexistência colaborativa de diversidades religiosas, culturais e sociais". Tudo isso "sem condicionamentos externos". Por sua vez, a Igreja reafirma sua presença "com a mensagem do Evangelho e com suas instituições educacionais, de saúde e sociais, conhecidas por todos e à disposição do bem comum", porque "o futuro de um país não é apenas um bem particular, mas para a humanidade e isto se aplica de maneira especial ao Líbano e sua contribuição para um Oriente Médio plural, tolerante e diversificado".

A nota da Ccee, assinada pelo residente, cardeal Angelo Bagnasco, e pelos dois vice-presidentes, cardeal Vincent Nichols e dom Stanisław Gądecki, se conclui com um convite a pedir "ao Senhor da paz para que os pequenos sejam consolados e socorridos, e para que os responsáveis se deixem iluminar a fim de serem sábios e honestos diante de Deus, dos sofredores e da história".

Vatican News Service – IP/MJ

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31 maio 2021, 15:40