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Assembleia do CELAM: estrutura pastoral mais adequada

Cardeal Odilo Scherer: na nova estrutura do CELAM é necessário destacar os exemplos de transversalidade, bem como o interesse que desperta nos diferentes dicastérios da Cúria Romana, na Secretaria de Estado e na Secretaria do Sínodo dos Bispos, com os quais se realizaram reuniões positivas.

Padre Modino - CELAM

O processo de Renovação e Reestruturação do CELAM deve ser traduzido em ações concretas, uma reflexão que esteve presente no segundo dia da 38ª Assembleia Geral, que se realiza virtualmente desde terça-feira, 18 de maio, até esta sexta-feira, 21 de maio. A reflexão, precedida por um momento de espiritualidade, no qual a irmã Liliana Franco, presidente da CLAR, convidou a penetrar na realidade latino-americana e caribenha, especialmente nas periferias geográficas e existenciais, foi centrada, seguindo o método de reflexão da Igreja latino-americana, no agir.

Partindo da proposta de promover o Desenvolvimento Humano e a Ecologia Integral como parte de uma renovada abordagem pastoral do CELAM na chave da Igreja Sinodal, José Luis Azuaje ofereceu pistas para o caminho a seguir, tendo em vista a mudança de perspectiva pastoral solicitada pela Assembleia de Tegucigalpa, a partir de uma resposta à realidade, na chave da sinodalidade, que faça "conceber outra estrutura pastoral mais adequada". O fundamento está na força renovadora do Concílio Vaticano II e na dinâmica é ser seguidores de Jesus Cristo.

O presidente do episcopado venezuelano mostrou os passos dados para definir o ser e o trabalho do CELAM, bem como as quatro áreas inspiradoras da reforma: opção missionária, serviço à vida, não ser auto-referencial, uma configuração sinodal. Juntamente com isto, os quatro sonhos do Papa Francisco em "Querida Amazónia" são uma referência. Nesta renovação pastoral, os Centros Pastorais e os seus Conselhos, assim como os Eixos Pastorais, cada um dos quais responde a uma especificidade temática, assumem um papel de destaque.

Para esta ação pastoral dos Centros do CELAM, são propostos horizontes específicos, que facilitam "a passagem de uma pastoral de conservação para uma pastoral de itinerários missionários para animar uma Igreja sinodal em saída". Dom Azuaje delineou algumas especificações pastorais: uma Pastoral de Comunhão e participação para a missão, uma Pastoral com um eixo central de conteúdo, uma Pastoral Missionária, uma Pastoral de processos, uma Pastoral com sentido na sua linguagem, uma Pastoral que evangeliza o social e uma Pastoral animada pela sinodalidade.

Tudo isto está sendo concretizado nos quatro novos centros do CELAM, que foram apresentados aos participantes da assembleia. Em todos eles estão presentes não só bispos, mas também padres, religiosas, leigos e leigas, algo que o cardeal Óscar Rodríguez Maradiaga vê como uma expressão da Santíssima Trindade, que é comunidade, mostrando que "somos membros do Povo de Deus, que temos igual dignidade, embora tenhamos ministérios diferentes". Como coordenador do Centro de Gestão do Conhecimento, ele disse que "a nossa missão é reunir conhecimento, perito e simples, na lógica dos quatro sonhos de Francisco".

Este centro está dividido em duas áreas de trabalho: um Observatório Socioantropológico Pastoral e uma área de Conhecimento Partilhado. Foi feita referência a uma plataforma que pode ajudar no trabalho das redes pastorais, e dos processos formativos e comunicacionais que são desenvolvidos nos outros três centros, de uma forma articulada.

Ao apresentar o Centro Bíblico, Teológico e Pastoral para a América Latina e Caraíbas - CEBITEPAL, com uma trajetória de 45 anos ao serviço da formação no continente, dom Paulo Cezar Costa, coordenador do conselho do CEBITEPAL, salientou que se trata de "uma experiência intereclesial baseada em todas as vocações que compõem o Povo de Deus", que tem como fundamento o Concílio Vaticano II e o Magistério do Papa Francisco.

Neste processo de renovação do CEBITEPAL foram apresentados alguns compromissos, que se baseiam no mandato de Tegucigalpa e procuram um trabalho formativo em comunhão, com uma proposta de formação "que une teoria e prática num único dinamismo de acordo com o mistério da Encarnação". Tudo isto é concretizado num bom número de atividades que estão sendo levadas a cabo.

O Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral, cujo conselho é coordenado por dom José Luis Azuaje, quer realizar um trabalho de articulação, uma experiência que está sendo vivida nos últimos anos na Igreja latino-americana através das diferentes redes existentes e daquelas que pouco a pouco estão nascendo. Neste sentido, está sendo feita uma reflexão para ajudar a avançar no caminho da articulação, tanto a nível continental como local. Queremos continuar tomando medidas para avançar nos itinerários de discipulado missionário.

Na área da comunicação, o processo de renovação visa ajudar "a comunicar para a transformação da realidade e do impacto na América Latina e Caribe", nas palavras do coordenador do conselho deste centro, dom Juan Carlos Cárdenas, que insistiu em "comunicar para o posicionamento profético do CELAM e para construir pontes de solidariedade entre os nossos povos". O prelado sublinhou que "o serviço que o CELAM pode oferecer às conferências episcopais, em sinergia com as equipes de comunicação de cada um dos países", está sendo reforçado.

Quanto a passos concretos, citou o reforço do serviço de informação do CELAM e a criação do boletim ADN Celam, bem como o redimensionamento da Editora CELAM. Algo em que pretendemos avançar é "disponibilizar cada vez mais os nossos serviços em espanhol, português, inglês e francês", concluiu dom Cárdenas, que pediu a contribuição de todos para "continuar configurando este ecossistema comunicativo ao serviço da missão evangelizadora da Igreja".

As apresentações abriram o diálogo e o discernimento entre os presentes, procurando a forma de concretizar os passos a dar neste processo de Renovação e Reestruturação do CELAM. Diferentes vozes, especialmente os presidentes das conferências episcopais, têm vindo a mostrar a sua posição, como representantes dos seus irmãos bispos. Na sequência do mandato de Tegucigalpa, o presidente do CELAM, dom Miguel Cabrejos, insistiu que o desafio é a sinodalidade. As atividades do segundo dia terminaram com a explicação do processo de votação, a fim de garantir o que é prescrito pelos estatutos do organismo.

Tudo o que foi discutido durante o dia foi apresentado na coletiva de imprensa realizada no final dos trabalhos, com a participação do cardeal Odilo Scherer, de dom José Luis Azuaje, de dom Juan Carlos Cárdenas e de Mauricio López. Na nova estrutura do CELAM é necessário destacar os exemplos de transversalidade, bem como o interesse que desperta nos diferentes dicastérios da Cúria Romana, na Secretaria de Estado e na Secretaria do Sínodo dos Bispos, com os quais se realizaram reuniões positivas, segundo o Arcebispo de São Paulo.

O cardeal Odilo, que é também o primeiro vice-presidente do CELAM, insistiu que é um organismo subsidiário, articulando, propondo novas formas, ouvindo, reconhecendo a dificuldade existente de pensar o CELAM a partir de novas categorias. Segundo o cardeal brasileiro, muitos olham para a América Latina com grande esperança, salientando a importância de Aparecida como foco de propostas para toda a Igreja, e da renovação do CELAM como algo que pode dar esperança à Igreja em outros continentes.

É importante salientar a necessidade de compreender que o CELAM deve ser um organismo de processos, mais do que de eventos, de não assumir espaços de poder, mas sim espaços de serviço, algo destacado por dom Azuaje. A Igreja universal reconhece a criatividade da Igreja da América Latina e do Caribe, e a Conferência Eclesial da Amazónia é um exemplo disso. No caminho da sinodalidade, claramente promovido pelo CELAM, salientou a necessidade de compreender uma conversão pessoal anterior, afirmando que foi gerada uma importante reflexão sobre esta perspectiva sinodal e sobre a forma de a pôr em prática,

A comunicação deve ser colocada no centro do CELAM, na sua nova forma de ser mais sinodal, sublinhou dom Cárdenas. Estamos perante uma forma de chegar a todos e de incluir todos, gerando interações dentro e fora da Igreja. Sobre este ponto insistiu na necessidade de "não ser endogâmico na reflexão, de ser um episcopado que saia para se encontrar com outros setores da Igreja que enriqueçam este processo”. O Bispo de Pasto salientou a necessidade de um trabalho mais articulado e articulador na nova estrutura do CELAM, de "imprimir uma práxis articulada" de um trabalho multidireccional, numa rede.

O processo de renovação é um trabalho de quatro anos, iniciado em 2019, no qual a escuta ativa é decisiva, de acordo com Mauricio López. Nas suas palavras insistiu em abraçar o velho e o vinho novo que precisa de odres novos, de um trabalho conjunto e articulado. Tudo isto a partir da disposição para um discernimento transformador. Maurício reconheceu que em algumas pessoas há um medo de mudança, por isso é necessário compreender o que Deus está nos pedindo nesta realidade atual. Para tal, propôs que nos libertássemos dos apegos para podermos responder às prioridades para as quais Deus nos chama. Mesmo sabendo que a sinodalidade é um tema inerente à identidade da Igreja, é algo que tem de ser tecido.

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20 maio 2021, 14:04