Papa Francisco ajuda o Povo de Rua de Manaus
Padre Modino - CELAM
O espaço foi construído na paroquia de Nossa Senhora dos Remédios, no centro da cidade, um local de grande presença do povo da rua, que passa o dia e a noite na praça do mesmo nome que fica em frente à Igreja. Quem deu o nome ao novo Centro de Acolhida do Povo da Rua é dom Sérgio Eduardo Castriani, falecido no passado mês de março, que em plena pandemia, segundo relatou dom Leonardo Steiner, preguntava com a pouca voz que ainda lhe restava, o que estava sendo feito com o povo da rua, com aqueles que sempre tiveram um lugar especial em seu coração.
A silhueta de dom Sérgio, alguém que segundo a coordenadora da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de Manaus, “não media esforços para que o povo da rua possa estar melhor amparado”, e facilmente reconhecível na placa de inauguração, desvelada por dom Leonardo e dona Marisa Ferreira Campos, catadora de material reciclável, onde a gente pode ler: “O Povo da Rua agradece ao Papa Francisco os recursos para este espaço de acolhida”.
Um espaço que deve ser uma casa, insistiu o arcebispo de Manaus, onde deve ser vivido o acolhimento, “para que todas as pessoas que não tem casa, possam se sentir em casa”, um espaço onde “eles sejam bem recebidos e estão sempre em casa, porque se encontram com irmãos e irmãs”.
A benção da casa, onde foi invocada a Benção de Deus, tem sido vista como oportunidade para que “todos nós tenhamos a alegria de poder servir, a alegria de poder acolher”, afirmou o arcebispo, pedindo que a casa seja um local em que pessoas encontrem “um lugar para conversar, um lugar para serem ouvidas”. A importância dessa atitude era reconhecida por dona Marisa, que dizia que “não é só uma comida que a gente precisa”, destacando a oportunidade de conversar que o povo da rua encontra naqueles que são voluntários na pastoral, algo que a faz se sentir “privilegiada e honrada” pela atenção recebida.
A pandemia tem tirado o melhor e o pior das pessoas, mas a gente sempre tem que destacar àqueles que se tornam um exemplo para os outros. É o caso do senhor Aldenir Vieira Barbosa, idealizador da lavanderia do centro de acolhida. Como ele mesmo, dono de uma lavanderia, relatou, escutou o padre Hudson Ribeiro, que acompanha a Pastoral do Povo da Rua, na Rádio Rio Mar, a rádio da Arquidiocese de Manaus, falando que ele mandou lavar a roupa do povo da rua numa lavanderia. Diante disso, ligou para o padre Hudson e disse que ele gostaria de ser útil, lavando a roupa do povo da rua gratuitamente, e agora doando as máquinas para o novo centro.
O Centro de Acolhida também conta com a parceria do Ministério Público do Trabalho. Em seu nome, a procuradora Alzira Costa, agradeceu ao padre Hudson por ter ampliado a sua capacidade de amar, pela possibilidade de olhar o povo da rua de outra maneira. Tem sido um momento para perceber “quanto a caridade, ela tem um nome, que se torna e se traduz em obras concretas, através, sobretudo da nossa mutua colaboração”, destacou dom Tadeu Canavarros, bispo auxiliar de Manaus, que fez referência a Fratelli tutti, um texto que nos ajuda a descobrir que “aquele que mora na rua é meu irmão, minha irmã”, pedindo que esse espaço de acolhida possa ajudar a “crescer na nossa fraternidade”.
A inauguração foi o momento para agradecer às pessoas que fizeram possível o novo ambiente, segundo dom Leonardo Steiner. Ele relatou as ajudas que têm sido dadas ao povo da rua, números significativos, “no sentido de nos estarmos juntos dessas pessoas, desses irmãos e irmãs”. O arcebispo lembrou das palavras de Teresa de Calcutá, “aqueles que o Estado e a sociedade não querem, nós cristãos queremos”. Dom Leonardo insistiu em que “é a nossa missão como Igreja, a misericórdia evangeliza mais do que as nossas palavras, porque isso é visibilização da Palavra, visibilização do Reino de Deus, é a visibilização de Jesus”. O arcebispo fez um pedido ao governo de um espaço para o pernoite do povo da rua.
O padre Hudson Ribeiro explicou brevemente o funcionamento do centro e agradeceu a parceria da Caritas Arquidiocesana de Manaus e da Fazenda da Esperança, assim como outras entidades e paróquias, destacando acima de tudo o trabalho dos voluntários da Pastoral do Povo de Rua e a paróquia dos Remédios e a abertura do seu pároco, o padre Mauro Cleto, para ceder o espaço. Finalmente agradeceu a sensibilidade de Dom Leonardo Steiner por fazer com que “o sonho se faça realidade, e se faça realidade a partir do clamor do próprio povo”.
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