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Dom Orani e o reitor do Santuário Nacional de Aparecida, padre Eduardo Catalfo Dom Orani e o reitor do Santuário Nacional de Aparecida, padre Eduardo Catalfo 

Agradecimento pelos 90 anos da proclamação da Padroeira do Brasil

Na acolhida, Dom Orani destacou que recebia a imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio com os mesmos sentimentos de alegria e de carinho para dar início às festividades dos 90 anos do padroado.

Carlos Moioli - Arquidiocese do Rio

Os 90 anos da proclamação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil foram celebrados no Rio de Janeiro com uma programação especial, no dia 31 de maio. A comissão organizadora procurou, em parte, repetir os trajetos, locais e atos que aconteceram no dia 31 de maio de 1931, respeitando os protocolos de segurança exigidos em função da pandemia da Covid-19.

Na época, a imagem histórica encontrada pelos pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves, em outubro de 1717, no rio Paraíba do Sul, veio de Aparecida por via ferroviária num “vagão-capela”, também chamado “trem santuário”, até a Estação Dom Pedro II. Esta estação, situada no centro da cidade, era o destino final de todos os trens que vinham de outras regiões do Brasil, hoje da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Imagem de 31 de maio de 1931
Imagem de 31 de maio de 1931

Noventa anos depois

A imagem peregrina da padroeira do Brasil chegou à mesma estação, hoje Central do Brasil, às 15h, conduzida por uma comitiva de religiosos redentoristas, acompanhada pelo arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes. Na comitiva estavam o reitor do Santuário Nacional de Aparecida, padre Eduardo Catalfo, os diretores da TV Aparecida, padre Mauro Vilela e irmão Alan Patrick Zuccherato, e o secretário da Província Redentorista, com sede em São Paulo, padre Alberto Pasquoto.

Recebida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, a imagem peregrina foi colocada na Capela Nossa Senhora Aparecida, situada no interior do prédio da estação, que foi construída na época para receber a imagem histórica, que tinha saído de Aparecida pela primeira vez.

“Estamos reunidos para reviver a mesma emoção de  90 anos atrás. Hoje, devido à pandemia não podemos contar com um grande número de pessoas, mas nos reunimos na mesma fé e devoção, pedindo que a Mãe Aparecida olhe por nossas necessidades e interceda pelo povo brasileiro”, disse o padre Renato da Silva Machado, pároco da Paróquia Santa Catarina de Alexandria, na Saúde, da qual a capela é anexada, e que hoje funciona como um local de missão junto aos transeuntes, com o apoio de consagrados das Novas Comunidades.

Noventa anos depois
Noventa anos depois

Ação de graças e renovação dos propósitos

Na acolhida, Dom Orani destacou que recebia a imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio com os mesmos sentimentos de alegria e de carinho para dar início às festividades dos 90 anos do padroado.

"Vamos fazer o percurso da visita com os mesmos propósitos de nossos antepassados, sobretudo por Dom Sebastião Leme, que desejava que o povo brasileiro tivesse uma rainha e padroeira. Com simplicidade e as precauções de hoje, renovamos e atualizamos esse gesto, e que possa ser acompanhado pelos fiéis de todo o país pelos meios de comunicação", disse o arcebispo.

O momento de oração, transmitido pela TV Aparecida, Rádio Catedral,  WebTV Redentor e demais mídias da Arquidiocese do Rio, foi conduzido pelo vigário episcopal do Vicariato Urbano, padre Wagner Toledo, no qual lembrou que o ato renovava a consagração do povo de Deus da Arquidiocese do Rio, enquanto parte da nação brasileira aos cuidados da Mãe Aparecida. Recordando uma prece de Dom Leme, na ocasião, convidou os fiéis para repetir: “Diante de Deus e diante dos homens, Nossa Senhora Aparecida mostre que para o povo brasileiro é, de fato, mãe de bondade, mãe de amor, mãe de misericórdia, mãe de milagres, mãe do Brasil”.

Dom Orlando e padre Eduardo
Dom Orlando e padre Eduardo

Dia de bênçãos

O momento de oração foi concluído com uma mensagem de Dom Orlando Brandes. Agradecendo a Dom Orani pela iniciativa da celebração em ação de graças, ele destacou que era “um dia de graças e bênçãos para o Brasil, porque o Senhor continua fazendo maravilhas”.

Ao fazer um paralelo entre a Festa de Corpus Christi e a visita que Maria fez a sua prima, Isabel, observou: “Maria foi o primeiro tabernáculo, o ostensório do seu filho Jesus. Ela, que fez a primeira procissão de Corpus Christi, tem a missão de nos levar a Jesus”.

Ao afirmar que a Central do Brasil era também “um santuário por acolher a Senhora Aparecida”, Dom Orlando Brandes pediu “bênçãos para o Rio de Janeiro e o Brasil, em especial aos trabalhadores que utilizam o transporte ferroviário para que possam fazer uma fraterna experiência de Deus”. Também pediu para que o povo seja respeitado pelas autoridades.

O arcebispo de Aparecida lembrou que quando Dom Sebastião Leme escreveu ao Papa Pio XI após as festividades, agradecendo as graças recebidas, disse que o Rio de Janeiro vivenciou um incêndio nos corações. Neste sentido, exortou: “Precisamos ter um coração incendiado de fé, de fraternidade e de amor a Nossa Senhora para que possamos levar a luz de Cristo ao mundo inteiro”. 

Dom Orlando Brandes concluiu sua mensagem convidando a todos para repetir, por três vezes, o grande desejo de Maria: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.

Cardeal Orani Tempesta com a Imagem de Nossa Senhora Aparecida
Cardeal Orani Tempesta com a Imagem de Nossa Senhora Aparecida

Acolhida

A recepção da imagem peregrina, que teve exposição de fotos da primeira visita ao Rio de Janeiro, em 1931, contou com a presença de devotos e de sacerdotes, entre eles, os vigários episcopais do Vicariato da Cultura, cônego Marcos William Bernardo, da Comunicação Social, padre Arnaldo Rodrigues, e o coordenador arquidiocesano de pastoral, cônego Cláudio dos Santos, além da Polícia Militar, Guarda Municipal e representantes da prefeitura, SuperVia, VLT Carioca, que deram apoio ao ato da recepção da imagem de Nossa Senhora Aparecida.


Antiga Sé

Um Te Deum fez parte da programação dos 90 anos da proclamação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil, com início às 16h, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a Antiga Sé, que foi por 170 anos a Igreja-mãe da diocese, depois a Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Após o momento de oração na Central do Brasil, e diferente de 90 anos atrás, quando a imagem da padroeira atravessou a cidade em carro aberto, ela seguiu de VLT, veículo leve e moderno sobre trilhos até a Praça Quinze, acompanhada por um grupo de pessoas integrado por membros do clero e devotos.

Conduzida pelo padre Renato da Silva Machado, o grupo na qual estavam o arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta e o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, atravessou a praça em procissão até a Antiga Sé, debaixo de uma fina chuva, quando a imagem da padroeira foi entregue ao pároco, padre Silmar Alves Fernandes, que também é o curador da Comissão de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural da Arquidiocese do Rio.

Cardeal Orani Tempesta com a Imagem de Nossa Senhora Aparecida
Cardeal Orani Tempesta com a Imagem de Nossa Senhora Aparecida

Igreja histórica

Na acolhida, padre Silmar fez uma pequena explanação sobre a Igreja de Nossa Senhora do Carmo que teve suas origens em 1590, com uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Ó.

“A igreja se tornou Catedral em 1808, com a chegada da Família Real no Rio de Janeiro. Nela, o príncipe regente D. João VI foi aclamado rei de Portugal, do Brasil e Algarves. Nesta bela jóia de estilo rococó, o melhor de nossa cidade, D. Pedro I e D. Pedro II foram coroados imperadores. Também neste espaço sagrado foi batizada a Princesa Isabel e realizado o seu casamento com o príncipe Gastão de Orléans, o Conde d'Eu”, contou.

Padre Silmar observou que na cripta, no subsolo da igreja, “repousa o segundo arcebispo do Rio e primeiro cardeal do Brasil, Dom Joaquim Arcoverde, e parcialmente os resíduos mortais do navegador Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil, em urna de madeira proveniente da Igreja de Nossa Senhora da Graça, vinda da cidade de Santarém, em Portugal”. Também lembrou que nesta igreja, o “padre José Mauricio Nunes Garcia foi escolhido por D. João VI como o primeiro mestre da Capela Real, cujas obras são de esplêndido encanto para as almas e os corações”, finalizou.

Imagem de Nossa Senhora Aparecida
Imagem de Nossa Senhora Aparecida

Te Deum

Após a explanação sobre a Antiga Sé, padre Silmar convidou os fieis para ouvir o Te Deum em espírito orante como um grande sinal da celebração dos 90 anos. “Com esse gesto coroamos simbolicamente nesta igreja, na Festa da Visitação, a Senhora Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil”, disse.

O Te Deum, que segundo Dom Orani significa do latim, “A Ti ó Deus nós louvamos, a Ti cantamos”, é um “canto memorável na caminhada da Igreja”, de gratidão a Deus por todos os benefícios recebidos.

O Te Deum, composto pelo músico húngaro Franz liszt, em 1853, foi apresentado pelo organista Benedito Rosa, tendo no coro a soprano Juliana Sucupira, no contralto Talita Siqueira, no tenor Ivan Jorgensen e o barítono Ciro D’Araújo.

“Nesta igreja que tem história e muito a nos ensinar, Dom Sebastião Leme veio para cantar o Te Deum. Hoje, da mesma forma, estamos aqui para louvar o Senhor pela proclamação da Senhora Aparecida como padroeira. Testemunhas dos 90 anos, e junto com os agradecimentos devemos nos comprometer com o presente e o futuro de um mundo melhor”, disse o arcebispo.

Padre José Mauricio

Após o canto do Te Deum, a pedido de Dom Orani, padre Silmar apresentou a figura do padre José Mauricio Nunes Garcia (1767-1830), um mulato descendente de escravos, de origem pobre, mas ao receber uma educação sólida tanto em música como em letras e humanidades, tornou-se professor, compositor e diretor da Capela Real.

“Reverenciado por D. João VI, padre José Mauricio passeou no chão dessa Antiga Sé. Num tempo marcado pela escravidão, na qual havia um racismo velado e explicito, ele ousou ser mestre de capela, fez belas composições que marcam nossa história, como a preciosidade da Missa da Imaculada Conceição. A melhor lembrança dele é conhecer a riqueza de suas obras”.

Padre Silmar acrescentou que muitos relacionam a Igreja com o racismo, mas ao contrario, a “Igreja sempre procurou elevar os desvelados, os sofridos, os deserdados, os que sofrem qualquer tipo de preconceito”, concluiu.

Missa solene

A missa solene em ação de graças pelos 90 anos do padroado foi realizada na Igreja São Francisco de Paula, no Centro, com início às 18h, foi presidida por Dom Orani, e concelebrada por Dom Orlando Brandes, Dom Roque Costa Souza, bispo auxiliar do Rio e diversos sacerdotes. Um pouco antes, foi inaugurada a exposição de fotos históricas da proclamação, em 1931, apresentadas pela secretaria executiva da Comissão de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural da Arquidiocese do Rio, Daisy Ketzer.

Na homilia, Dom Orani destacou: “São 90 anos em que aqui, diante desta igreja, Nossa Senhora Aparecida foi proclamada padroeira do Brasil. Maria é aquela que indica o caminho para Cristo e tudo ao redor canta de alegria”, afirmou.

Antes de chegar à Igreja de São Francisco de Paula, a imagem peregrina percorreu o mesmo caminho feito há 90 anos. “Ao recordar o percurso feito há 90 anos, pedimos para que essa visita possa trazer a mesma alegria que trouxe para Santa Isabel e São João Batista. Maria tem pressa para visitar e essa pressa é, justamente, a oportunidade que temos para acolher Jesus Cristo que ela nos traz”, disse.

O arcebispo do Rio também enfatizou características importantes na imagem da padroeira. “A cor da imagem, retirada do fundo do rio, lembra-nos daqueles que mais sofriam no tempo da escravidão. Jamais podemos esquecer dos mais necessitados, pois todos tem o direito de viver com dignidade. O Papa Francisco ressaltou que temos uma grande missão: a reconciliação. Que possamos construir pontes e assim haverá fraternidade. Ele também se recorda dos pescadores, que colocaram a Virgem Maria num manto, uma forma de acolhimento. Assim, é Maria quem nos acolhe sob seu manto, próxima a nós, apresentando-nos Jesus Cristo”, exclamou.

Por fim, Dom Orani acrescentou que “em qualquer situação em que nos encontremos com Maria, quaisquer de suas manifestações, é para que nos aproximemos de Cristo. Ela quer que tenhamos a mesma alegria de Isabel e de João Batista, cantando, como Maria, as maravilhas de Deus em nossa vida. Que no meio de tantas provações e dificuldades, que jamais percamos a nossa alegria. Hoje, o nosso compromisso é o de rezar, com a esperança renovada, para que Nossa Senhora, cada vez mais, olhe para o povo brasileiro, transformando as maldades em justiça e igualdade. Enquanto cristãos, louvamos e pedimos a Deus para que esse dia seja um olhar para o futuro para que, os sonhos de um país mais justo, possam ter a colaboração de cada um de nós”, pontuou.

No fim da celebração, Dom Orlando Brandes agradeceu a Arquidiocese do Rio de Janeiro pela iniciativa festiva em comemoração aos 90 anos da proclamação da padroeira. A missa foi concluída com a mesma consagração proferida na época pelo Cardeal Sebastião Leme.

Apresentação musical

Concluindo a programação dos 90 anos do padroado, houve a apresentação da Orquestra da ASMB (Ação Social pela Música no Brasil), integrada por jovens, e a presença e participação da cantora Elba Ramalho.

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02 junho 2021, 15:08