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Santa Missa pelos Mártires de Uganda, no Santuário Católico de Namugongo Santa Missa pelos Mártires de Uganda, no Santuário Católico de Namugongo  

Os mártires de Uganda, modelos para a juventude de hoje

Nesta quinta-feira (03) a Igreja celebra os Santos Carlos Lwanga e Companheiros, mártires de Uganda, vítimas no final do século XIX das perseguições contra os cristãos no país africano. Irmã Patrizia Piva: para os jovens ugandenses são exemplos de fé vivida e de esperança

Marina Tomarro – Vatican News

"Eu o pegarei pela mão. Se devemos morrer por Jesus, morreremos juntos, de mãos dadas": estas foram as últimas palavras pronunciadas por Carlos Lwanga e dirigidas ao jovem Kizito, que morreu com ele com apenas 14 anos de idade, em ódio à fé. Um martírio compartilhado com outros companheiros, católicos e anglicanos, atingidos pelas perseguições contra os cristãos ocorridas em Uganda no final do século XIX. Patrizia Piva, das Irmãs Cistercienses de Caridade, um instituto religioso feminino que tem várias missões em Uganda, fala sobre estes mártires. "Carlos Lwanga e seus companheiros, martirizados há tantos anos em ódio à fé", disse a religiosa ao Vatican News, "para o povo e especialmente para a juventude de Uganda traçaram um caminho importante, para o qual deve-se olhar nos dias de hoje, em um país em busca de desenvolvimento material e espiritual, no qual há necessidade de redescobrir os conceitos de esperança e de doação para enfrentar os desafios atuais".

O encontro com os "Padres Brancos" e a conversão ao cristianismo

Sua história se desenrolou durante o reinado de Mwanga II, rei de Buganda (hoje parte de Uganda), entre novembro de 1885 e meados de 1886. Carlos, em particular, pertencia ao clã Ngabi, e são inspiradas nele as palavras do Evangelho pronunciadas e testemunhadas pelos Missionários da África, mais conhecidos como os "Padres Brancos", fundados pelo Cardeal Lavigerie. O jovem Carlos convertido ao cristianismo foi chamado em 1885 à corte como chefe dos pajens. Imediatamente, ele se tornou um ponto de referência para outros, particularmente convertendo os outros pajens ao cristianismo.

O início das perseguições

No início, o Rei Mwanga - que também havia sido educado pelos "Padres Brancos", embora fosse teimoso e rebelde - o recebeu com benevolência. Porém, incitado por feiticeiros locais que viram seu poder comprometido pelo poder do Evangelho, o rei iniciou uma verdadeira perseguição contra os cristãos, especialmente porque eles não cederam à sua vontade dissoluta. Em 25 de maio de 1886, Carlos Lwanga foi condenado à morte, juntamente com os outros companheiros. No dia seguinte, começaram as primeiras execuções.

Uma "Via-Sacra" de oito dias

Para aumentar o sofrimento dos condenados, o rei decidiu executá-los nas colinas de Namugongo, cerca de 60 quilômetros do palácio que foi percorrido a pé e se tornou uma verdadeira "Via-Sacra". Ao longo do caminho, Carlos e seus companheiros ficaram sujeitos à violência dos soldados do rei que tentavam, por qualquer meio, fazer com que eles se arrependessem. Depois de oito dias de caminhada, muitos morreram trespassados por lanças, pendurados e até pregados em árvores.

Executados na colina de Namugongo

Em 3 de junho, os sobreviventes chegaram exaustos na colina de Namugongo, onde a fogueira os esperava. Carlos Lwanga e seus companheiros, juntamente com alguns fiéis anglicanos, foram queimados vivos. Eles rezaram até o final, sem pronunciar uma palavra, dando uma prova luminosa de fé fecunda. Um deles, Bruno Srerunkuma, diria antes de sua morte: "Uma fonte que tem muitas fontes nunca secará. E quando estivermos fora, outros virão atrás de nós".

Canonizados por Paulo VI em 1964

Em 1920, Bento XV os proclamou Beatos. Catorze anos depois, em 1934, Pio XI nomeou Carlos Lwanga "Padroeiro da juventude da África cristã". Enquanto que Paulo VI canonizou o grupo inteiro em 18 de outubro de 1964, durante o Concílio Vaticano II. Também Papa Paulo VI foi para Uganda em 1969, e ali consagrou o altar-mor do Santuário de Namugongo, construído no local do martírio. A forma da igreja que hoje está ali evoca a cabana tradicional africana e repousa sobre 22 pilares que representam os 22 mártires católicos.

Papa Francisco: "Testemunhas do ecumenismo do sangue"

Em 28 de novembro de 2015, durante sua Viagem apostólica a Uganda, o Papa Francisco celebrou a Missa no mesmo Santuário, após visitar a Igreja Anglicana próxima, também dedicada aos mártires do país. "Hoje, recordamos com gratidão o sacrifício dos mártires ugandenses, cujo testemunho de amor por Cristo e sua Igreja chegou justamente aos confins da terra", disse o Pontífice em sua homilia, "recordamos também os mártires anglicanos, cuja morte por Cristo testemunha o ecumenismo do sangue... Vidas marcadas pelo poder do Espírito Santo, vidas que testemunham ainda hoje o poder transformador do Evangelho de Jesus Cristo".

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03 junho 2021, 10:36