França: diante de protestos contra Green Pass, bispos alertam para não confundir liberdades
Vatican News
A Shoá representa “um horror absoluto”, enquanto a vacinação anti-Covid “não nega a dignidade do ser humano”. É o que afirma em uma nota a presidência da Conferência Episcopal francesa (CEF), no contexto das considerações oriundas de ambientes contrários às vacinas que comparam a discriminação sofrida pelos judeus durante o Holocausto com a introdução do green pass, ou "passe verde", que é a comprovação de que a pessoa foi vacinada contra a Covid-19.
De fato, para quem é contrário à vacina, permitir algumas atividades - como comer no ambiente fechado de um restaurante - apenas para portadores do certificado verde de vacinação, significaria praticar uma discriminação real, como acontecia com os judeus na época do nazismo, obrigados a usar uma estrela amarela de pano presa na roupa.
Esta “é uma grave confusão de pensamento - afirma a Conferência Episcopal francesa. A Shoá representa um horror absoluto, já a vacinação em questão "é a resposta médica disponível para fazer frente a uma epidemia que corre o risco de paralisar ainda mais a vida econômica, mas sobretudo a vida social e a troca de afetos e amizades. Ela não nega a dignidade do ser humano, justificando sua eliminação”.
Neste sentido, o fato de o governo de Paris querer “tornar obrigatório o passe verde para algumas atividades” significa que “está cumprindo suas legítimas responsabilidades sob o controle do Parlamento”, explicam os prelados. E "sob o mesmo controle, o Executivo impõe restrições a quem recusar a vacina".
Caberá, portanto, “às autoridades judiciárias do Estado de Direito - sublinha a CEF - verificar se a obrigatoriedade do passe de saúde está em conformidade com a lei, limitada à duração da epidemia na sua forma mais contagiosa e para que as restrições à liberdade de movimento sejam proporcionais” à emergência real.
Assim, o convite dos bispos franceses para "nunca confundir a liberdade de viajar com a de existir, a liberdade de ir ao cinema ou ao bar com a liberdade de louvar ou não louvar a Deus, ainda que esteja claro que nem o Estado nem os cidadãos devem negligenciar que todas as liberdades estão correlacionadas”. “Esta epidemia - concluem os prelados franceses - faz com que todos nos sintamos responsáveis uns pelos outros. É um anúncio da unidade do gênero humano e da união íntima com Deus”.
A nota é assinada por Dom Éric de Moulins-Beaufort, presidente da CEF, pelos bispos Olivier Leborgne e Dominique Blanchet, vice-presidentes, e pelo padre Hugues de Woillemont, secretário geral da entidade.
A obrigação de um Green pass para o acesso a determinadas atividades sociais e comerciais foi anunciada pelo Chefe de Estado, Emmanuel Macron, num discurso à nação no passado dia 12 de julho. Motivando a decisão com a "forte recuperação" da pandemia da Covid-19 no país devido à variante "Delta", o presidente explicou que o certificado verde (ou o atestado de um teste Covid negativo) será obrigatório para acessar cinemas, museus, bares, restaurantes, centros comerciais e transportes públicos.
O passe será exigido para maiores de 12 anos, que é a idade das pessoas que podem ser vacinadas. Ao mesmo tempo, a Macron anunciou que, a partir do próximo outono, os testes Covid serão gratuitos somente com receita médica; caso contrário, eles serão cobrados. Por fim, a vacinação será obrigatória para algumas categorias, como profissionais de saúde e cuidadores.
O discurso do Chefe de Estado gerou vários protestos em várias cidades da França, incluindo Paris, Marselha e Estrasburgo, onde manifestantes marcharam pelas ruas gritando “Liberdade! Liberdade!".
Por fim, a recordar que até este 26 de julho, são registrados na França 6,056 milhões de contágios e 112 mil mortes por coronavírus.
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