Reflexão para a solenidade de São Pedro e São Paulo
Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News
A primeira leitura, Atos 12, 1-11, nos relata as grandes dificuldades da Igreja nascente. Os grandes se sentem ameaçados quando outro grupo, independente de sua liderança e carisma, começa a surgir com forte energia e carisma próprio, ligados a um homem, considerado rabi e morto como bandido pelas autoridades máximas e considerado ressuscitado pelos seus seguidores.
Como todo poder sem grande autoridade, o rei Herodes prende, tortura, mata e como necessita da aprovação popular, faz o que agrada ao povo, tornando-se populista. Herodes procura se equilibrar no poder, agradando a Roma, o verdadeiro poder, e satisfazendo os sacerdotes judeus, já que esse novo grupo religioso, para ele, dissidente do Judaísmo, está crescendo e paulatinamente conquistando o coração popular. Por outro lado, a Igreja nascente ora ao Senhor e confia apenas em Sua ação. Deus, defensor dos injustiçados, liberta Pedro e este proclama o poder de Deus e que a esperança do povo não foi em vão.
No Evangelho, extraído de Mateus 16, 13-19, Jesus quer saber de sua identidade perante o povo (versículos 13 e 14) e não só o que o povo pensa dele, mas o Senhor quer saber também, como seus apóstolos o identificam (15 e 16). Jesus não é populista, não se satisfaz em ser identificado com Elias, ou João Batista, ou algum dos profetas, como o definiu pessoas do povo. E Simão, aquele que tem sua identidade mudada para Pedro, isto é, pedra, mineral sólido sobre a qual será construída a Igreja de Jesus Cristo e com tal poder e propriedade que “o poder do inferno nunca poderá vencê-la.”, será ele quem dirá em seu nome e em nome de todos: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” Nesse acerto em reconhecer a real identidade do Rabi de Nazaré, Jesus vê a ação do Pai. Ele terá as chaves do Reino dos céus e o poder de ligar e desligar. Portanto o que Simão Pedro e os fiéis unidos sob sua liderança, ligarem ou desligarem será confirmado pelo Senhor. Em meio a tantas definições, a tantos “eu acho”, Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, conduz a Igreja, Comunidade dos cristãos, ao discernimento em busca da autêntica revelação do Senhor, de suas verdades e da construção do Reino.
A segunda leitura, 2 Timóteo 4, 6 – 8, 17-18, começa com Paulo vislumbrando o prêmio que receberá por ter trabalhado pelo Reino, prêmio que não deve ser visto como conquista, mérito, mas como reconhecimento, gratidão por sua vida entregue ao serviço do Evangelho, à Igreja. E Paulo não se coloca como o único a receber esse prêmio, “e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa.” E Paulo conclui dizendo que o Senhor esteve sempre ao seu lado, libertando-o da boca do leão. Também a todos os trabalhadores do Reino, a todos que experiênciaram, experiênciam e experiênciarão o poder dos “leões” de ontem, de hoje e de amanhã. Mas todos esses se sentirão fortalecidos pelo amor do Senhor, seja facilitando o acolhimento da Palavra nos corações até então endurecidos, seja alargando o seu anúncio a todo o universo, seja no sentimento de proteção física e finalmente na proteção espiritual durante o ousado anúncio que encolerizará os poderosos.
Festejando São Pedro e São Paulo as bases de nossa Igreja, temos consciência de que nunca foi, não é e não será fácil a vida dos líderes e missionários cristãos. Anunciamos um Reino de Paz, Justiça e Amor, em meio a um mundo que deseja ardentemente a riqueza, o poder e o prazer e não gosta de ser contrariado. Entretanto, em meio a tanto dissabor, experimentamos o doce prazer de termos Jesus em nossa vida e de sabermos que não estamos e jamais estaremos sós. Jesus é o Deus Conosco, o Emanuel e Maria, a Mãe; presença permanente no dia a dia de seus filhos.
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