O Senhor é o Pastor que me conduz
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist. - Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Celebramos neste domingo o 16º desse Tempo Comum: mais um domingo em que somos convidados a nos reunir como comunidade em torno da mesa da comunhão e ouvir o que o Cristo Bom Pastor tem a nos ensinar. Jesus, no Evangelho de hoje, se apresenta como o Bom Pastor que se compadece das dores e sofrimentos do povo. Esse mesmo Cristo Bom Pastor se compadece das nossas dores e aflições nos dias de hoje e quer cuidar das nossas feridas.
Somos convidados, ao sairmos da celebração eucarística, a sermos “bons pastores” a quem encontrarmos, estendendo a mão para quem precisa. Ainda mais nesse tempo difícil em que vivemos, provocado pela pandemia da Covid-19, em que muitas famílias se encontram sem emprego ou sem alimento em casa. Nós como “bons pastores” podemos estender a mão a essas famílias e doar o alimento necessário que precisam. Doe alimentos em sua paróquia, para que esse alimento chegue aos mais necessitados. Façamos a caridade que é uma das virtudes cristãs.
Podemos, inclusive, oferecer uma palavra amiga e de conforto para aquelas pessoas que perderam seus entes queridos durante a pandemia da Covid-19, fortalecendo os seus corações por meio da fé. Essa é a nossa missão de cristãos no mundo de hoje, sermos sinais do amor de Cristo para os outros.
O Tempo Comum, a cada domingo, nos mostra Jesus ensinando de uma maneira e nos ensina como podemos construir o Reino de Deus aqui na terra. Sendo bons pastores, fortalecendo a nossa fé e a dos outros e, acima de tudo, sendo sinais da sua misericórdia a quem encontrarmos levando a palavra de salvação.
Na Primeira Leitura da missa deste domingo (Jr 23,1-6), o profeta diz que infelizes são aqueles que deixam o rebanho dispersar-se nas pastagens. Desse modo, o Senhor fará suscitar pastores que cuidem do rebanho e apascentem o povo. Todos os pastores até então não cuidaram como deveriam do povo e o Senhor suscitara novos pastores, segundo o seu coração. Desse modo, nos dias de hoje, os pastores têm que ter “o cheiro das ovelhas”, como nos diz o Papa Francisco e caminhar junto com o povo, nas dores e nas alegrias.
O Salmo Responsorial 22(23) nos diz em seu refrão que “O Senhor é o pastor que nos conduz, felicidade e todo bem hão seguir-me”. Ele é o pastor fiel, que nunca nos abandona e sempre cuidará de nossas feridas. O Senhor nos conduzirá pelos caminhos da vida e nos colocará novamente no redil das ovelhas. Ele é o exemplo de pastor e todos os outros devem se espelhar nele.
A Segunda Leitura (Ef 2,13-18), é a sequência da leitura da semana passada, que é o “Hino cristológico”. São Paulo diz que vós outrora que estáveis longe agora se aproximaram através do sangue de Cristo. A comunhão no Corpo e Sangue de Cristo nos aproxima, por meio dessa comunhão nos tornamos irmãos. Do que era dividido, Cristo fez uma unidade. Assim, ele faz com a comunidade que se reúne. É graças a Ele que por um só Espírito temos acesso junto ao Pai.
O Evangelho deste domingo é extraído de Marcos (Mc 6,30-34). Ao voltarem da missão ao qual Jesus lhes enviou na semana passada, os discípulos contam a Jesus tudo aquilo que eles fizeram. E Jesus se retira com eles para um lugar deserto a fim de rezar e descansar. Nesse momento, havia tantas pessoas chegando e saindo que eles não tinham tempo nem para comer. Por isso, eles foram de barco para um lugar deserto e afastado.
Muitos o viram partir e observaram que eram eles, e todos os povoados foram a pé até o local e chegaram lá antes deles. Ao desembarcar, Jesus viu a multidão e observou que eram como ovelhas sem pastor e teve compaixão deles. A partir disso, Jesus começa a ensinar-lhes muitas coisas.
O povo de Israel estava sedento de Deus, precisava ouvir a Palavra e procurava por Jesus, pois queria alguém que lhe escutasse e ninguém o ouvia e dava atenção, somente Jesus e seus discípulos. Quem procurava Jesus não eram os grandes do povo, mas os excluídos da sociedade, como os doentes e pecadores. Por isso, Jesus dizia que ele veio para as ovelhas perdidas da casa de Israel. Dessa forma, Jesus ouvia e dava atenção para os excluídos da sociedade, sendo assim o Bom Pastor que não abandona o rebanho.
Todos acompanhamos que, nos primeiros dias do mês de julho, o Papa Francisco foi submetido a uma exitosa intervenção cirúrgica. Continuemos rezando pela sua pronta recuperação e para que retorne às suas atividades pastorais. Neste final de semana, iremos rezar pelo Papa, pelos bispos e pelos sacerdotes para que sejam bons pastores. Rezemos também, pelas vocações sacerdotais de nosso Seminário Arquidiocesano São José. Que nossos padres e bispos recebam nosso afeto e nossa vizinhança espiritual.
Nos dias de hoje, somos convidados a sermos como Jesus, acolhendo os pobres e pecadores e dando atenção a todos os que nos procuram. Fortalecendo, sobretudo, aqueles que vacilam na fé. Que o Espírito Santo nos ajude a sermos fiéis discípulos e missionários de Jesus, levando a fé e a esperança a todos que precisam.
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