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Menino carrega latas de água em um carrinho de mão em Cabul. (Foto de SAJJAD HUSSAIN / AFP) Menino carrega latas de água em um carrinho de mão em Cabul. (Foto de SAJJAD HUSSAIN / AFP) 

Episcopado alemão: difícil justificar o fim abrupto da missão no Afeganistão

O presidente da Conferência Episcopal alemã expressa a indignação generalizada com o sofrimento dos afegãos, anuncia um renascimento do extremismo islâmico, critica a derrota moral do Ocidente após 20 anos de presença no Afeganistão e convida a abrir fronteiras aos refugiados.

Vatican News

“A tomada do poder pelo Talibã no Afeganistão representa uma derrota desastrosa para os Estados Unidos e os países que até recentemente estavam comprometidos ao seu lado, o que também se aplica à Alemanha”. É o que expressa o bispo de Limburg e presidente da Conferência Episcopal alemã (DBK, sigla em alemão), Dom Georg Bätzing, em uma nota dedicada à dramática situação no país asiático após a tomada do poder pelos extremistas Talibã, no último dia 15 de agosto.

Afegãos privados de um futuro

 

“Muitas pessoas têm o medo estampado em seus rostos”, descreve o prelado alemão, especialmente ao se referir às terríveis cenas no aeroporto de Cabul sitiado por pessoas cuja única esperança é deixar sua pátria o mais rápido possível. Dom Bätzing diz estar pessoalmente indignado com "a extensão do sofrimento e o desamparo daqueles cujo futuro está sendo tirado".

A nota publicada no portal do episcopado enfatiza que a situação surgida após a polêmica invasão de 20 anos atrás, hoje “corrói o capital da confiança política dos países ocidentais e muitos ao redor do mundo a entendem como um fracasso moral”.

Embora se reconheça o compromisso civil-militar que logo após a invasão se baseou em boas razões políticas e humanitárias, uma saída que pôs em perigo a vida de milhares e milhares de pessoas é considerada inexplicável enquanto "apaga a chama da esperança" que alimentou.

Não se entrega um país à brutalidade

 

“Independentemente do lado escolhido, é difícil justificar o fim abrupto de tal missão, quando as consequências catastróficas eram previsíveis”, exclama o presidente do episcopado alemão. E acrescenta: "Não se entrega um país a um movimento islâmico radical de comprovada brutalidade e arcaísmo se previamente se motiva a população civil por anos a seguir um curso civilizador oposto!"

Renascimento do terrorismo islâmico

 

Dom Bätzing afirma que “um renascimento do terrorismo islâmico não é improvável”. Neste sentido, apela a evitar consequências piores, o que inclui a evacuação das chamadas forças locais que trabalharam para os militares de potências estrangeiras - incluindo a alemã Bundeswehr (forças armadas unificadas da Alemanha) - e do pessoal das organizações internacionais de ajuda. Em particular, considera indispensável que a comunidade internacional acolha todos aqueles que correm o risco de se tornarem vítimas do novo regime talibã por terem sido expostos nos últimos anos a uma reorientação da sociedade afegã.

Cooperação da UE para admitir refugiados

 

A DBK enfatiza que os especialistas em política internacional preveem que a derrubada do governo afegão será acompanhada por consideráveis ​​movimentos migratórios de refugiados. Por isso, considera essencial ajudar os Estados da região no acolhimento e assistência aos refugiados. Mas também observa que muitos deles optarão por chegar à Europa: “É urgente aprofundar e melhorar a cooperação dentro da União Europeia para acolher quem tem o direito de o fazer”.

Por fim, o apelo dos bispos alemães aos cristãos, muçulmanos e judeus, que “acreditam no poder da oração”, para se unirem aos sofrimentos do povo afegão e pedirem a Deus a sua misericordiosa ajuda.

Chegada das tropas alemãs

 

Em 30 de junho, após quase duas décadas de missão, as últimas tropas alemãs deixaram o Afeganistão. Envolveu pouco mais de mil soldados alemães filiados à missão da OTAN, que, em linha com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, previa a retirada de cerca de 7 mil soldados.

A chanceler alemã Angela Merkel anunciou, em 17 de agosto, a partida de uma missão de resgate composta por várias centenas de soldados para transferir para um local seguro o pessoal diplomático de pelo menos 57 funcionários, e os 88 cidadãos alemães abrigados na Embaixada da Alemanha no Afeganistão. Merkel também apresentou um pedido de aprovação ao Parlamento para evacuar cerca de 2.000 afegãos que trabalham para a Alemanha, "sobretudo mulheres, particularmente ameaçadas, os defensores dos direitos humanos e funcionários de várias ONGs".

Vatican News Service - ATD

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19 agosto 2021, 10:03