Religiosos da Guatemala partilham o “grito de justiça e equidade” do seu povo
Vatican News
A Vida Religiosa Itinerante da Guatemala, composta de religiosos e religiosas, publicou em uma página, que lhe foi “cedida”, por ocasião do Centenário, pelo jornal “La Hora”, a seguinte declaração de proximidade e solidariedade com o povo guatemalteco: “Queremos declarar que acolhemos com sensibilidade, mas também com decisão, as expressões, as vozes e os gritos dos vários setores do povo guatemalteco. Caminhamos com o povo da Guatemala, desde o início, que não foi, certamente, encorajador, no balanço dos 200 anos de Independência do país: de um povo que alcançou sua maioridade, este povo majoritariamente indígena, que é a maior riqueza de toda a história da Guatemala”.
Uma longa história de “bloqueios”
“Não foram 200 anos fáceis; talvez, uma história para ser esquecida”: esta é a frase lapidar, que introduz a lista dos “Bloqueios” de histórias, aspirações, sonhos de liberdade, tradições e esperanças. Tais bloqueios continuam, ainda hoje, através do “grito das mulheres humilhadas durante o conflito armado interno, antes e depois”; continuam no grito dos mártires, crianças desnutridas, migrantes, que morrem “em busca de realizar o sonho norte-americano”, ou de jovens que não veem futuro.
“Quando o povo da Guatemala começou a sair dos anos sombrios das ditaduras fratricidas, nos anos setenta e oitenta, pensava em ter um futuro melhor e uma paz duradoura, que poderia ter sido assinada. No entanto, Dom Juan Gerardi foi vítima, em 1998, por tentar quebrar o silêncio do terror, semeado em tantos corações. Este foi um grande bloqueio para toda a Igreja, não o devemos esquecer” - lê-se na declaração dos Religiosos – que fala dos presidentes que “aniquilaram as aspirações de paz”, que “fizeram ouvidos de mercantes, ignorando ou reprimindo os gritos de justiça, que brotavam, com grande dignidade, do coração do povo”.
Lacunas na Educação e na Saúde
Em sua mensagem ao povo, os Religiosos da Guatemala expressam, publicamente e sem temor, “que não deixarão de pedir ao Senhor da Vida para permanecer fiéis ao projeto do Reino de Deus, estando ao lado dos mais humildes e excluídos, compartilhando do seu grito". Por outro lado, “lamentam as lacunas no âmbito da educação e da saúde, nas áreas rurais e urbanas; o grito estridente dos acometidos pela Covid-19 e outras doenças, que não são levados em conta pela saúde pública ou privada”.
“O povo da Guatemala reivindica justiça e equidade nas relações sociais, políticas, econômicas e culturais. Porém, a equidade, sobre a qual fala o Papa Francisco, não deve ser medida pela eficácia do benefício individual, nem pelos setores dos grandes Bancos ou do poder econômico, mas pela força do aprimoramento das relações humanas mais fraternas. Eis o significado de equidade e, sem ela, não se pode falar de justiça, liberdade, bem comum, supremacia do direito constitucional”. Desta forma, os Religiosos enaltecem este grande “povo da Guatemala, que caminha por veredas de terra e lama”.
Reivindicações e Covid-19
Em suas declarações, os membros da Vida Consagrada da Guatemala não se esquecem de uma realidade, que, hoje, luta contra a “calamidade” da pandemia da Covid-19 e as tantas denúncias populares, repletas de dignidade, por mais justiça e equidade. Daí, o convite a todos os fiéis católicos, evangélicos e de outras denominações religiosas, para partilhar a sua fé no Deus da Vida e Misericordioso, a fim de que ajude todos a discernir os “caminhos inéditos que hão de vir para a Guatemala”.
“Toda crise – afirmam os Religiosos - pode ser um parto doloroso, mas temos a certeza de que Deus quer renovar todas as coisas e as pessoas, que anseiam por mudanças, no âmbito executivo, legislativo e judiciário. Incentivamos o povo a continuar na sua luta, porque chegou a hora de mudar”.
Uma Guatemala diferente
Por fim, em suas declarações, os Religiosos da Guatemala agradecem ao Papa Francisco pelas palavras que dirigiu aos participantes no Congresso virtual da Vida Religiosa na América Latina, promovido pela CLAR, “fazendo um apelo para viver a missão profética no seio do Povo Santo e Fiel de Deus; e pedindo aos Consagrados para viver, com alegria, os acontecimentos da vida dos povos e que, apesar das dificuldades, nunca falte a graça de semear esperança na missão”.
“Em nossas orações, - concluem os Religiosos - sempre pedimos pela paz no mundo, recordando a mensagem de Jesus, que, no seu Evangelho, nos indica o caminho que devemos seguir. Sem Jesus, nada podemos fazer””.
Vatican News – ATD/MT
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