Igreja de Santo Antônio, em Colombo, no aniversário dos atentados na Páscoa de 2019 Igreja de Santo Antônio, em Colombo, no aniversário dos atentados na Páscoa de 2019 

Sri Lanka: bandeiras pretas içadas em protesto por lentidão na investigação dos atentados da Páscoa

“Não deixaremos de pedir verdade e justiça sobre os atentados de 2019. Que as autoridades se empenhem em encontrar os responsáveis ​​e mandantes dos massacres", havia dito ainda em março deste ano o arcebispo de Colombo, cardeal Malcolm Ranjith, reiterando ao governo o pedido urgente de que sejam encontrados os autores da série de atentados na Páscoa de 2019, que deixou 279 mortos.

Vatican News

O arcebispo de Colombo, Sri Lanka, cardeal Malcolm Ranjith, expressou toda a "insatisfação" do episcopado pela resposta do presidente Gotabaya Rajapaksa à carta a ele enviada em meados de julho. Os bispos queriam saber, com certeza, quem foram os autores e os instigadores dos atentados de 21 de abril de 2019 contra três igrejas e três hotéis, causando cerca de 279 mortos e 500 feridos.

Os bispos cingaleses deram prazo de um mês ao Executivo para receber uma resposta "crível" em relação aos ataques da Páscoa em 2019. Já se passou um mês, mas, até agora, os não foi dada nenhuma resposta.

Na carta, o episcopado cingalês denuncia ainda que, após tantos meses do relatório final da Comissão presidencial de inquérito, designada para apurar o atentado, tudo continua muito lentamente: ainda não foram processados os responsáveis, seus mandantes e tampouco os que poderiam ter evitado os massacres, que não cumpriram com seus deveres. Daí o ultimato dos bispos do Sri Lanka, que ameaçam recorrer a outros meios para obter justiça, como o Tribunal Internacional de Justiça.

Em resposta à carta do episcopado cingalês, o Governo de Rajapaksa anunciou sua decisão de criar uma nova Comissão, formada por membros do atual partido majoritário, para implementar as recomendações da Comissão presidencial. Esta medida, segundo os prelados, não vai ajudar a descobrir a verdade.

 

Por essa razão, o cardeal Ranjith convidou todos os cidadãos do Sri Lanka a hastear, no próximo dia 21 de agosto, uma bandeira preta nas janelas de suas casas, edifícios públicos e mercados, como um forte sinal de protesto silencioso.

“Não podemos acreditar que a verdade possa vir de uma Comissão, composta de membros de um mesmo partido político”, disse o arcebispo de Colombo, recordando que a carta do primeiro-ministro “não faz menção às ações do governo, tampouco a uma investigação séria sobre as graves questões levantadas pelos bispos sobre os ataques.

A este respeito, a Arquidiocese de Colombo emitiu o seguinte comunicado: “Claro, depois de tanto tempo, o Executivo não está interessado em descobrir a verdade. O governo aproveitou politicamente dos atentados de Páscoa, prometendo revelar, entre um mês, quem são os verdadeiros assassinos, ainda não identificados". E conclui: “Atentados como o de 2019" ainda podem acontecer a qualquer momento no país”.

Por sua vez, o governo de Colombo sempre rejeitou todas as acusações de negligência, reiterando que já prendeu centenas de pessoas suspeitas de estarem envolvidas nos atentados. E o procurador-geral do Sri Lanka pediu ao Supremo Tribunal a criação de um comitê especial para julgar os 25 suspeitos, acusados de conspiração, complô, cumplicidade, posse de explosivos e armas, homicídio e tentativa de homicídio.

Os ataques de 21 de abril de 2019 foram perpetrados por ao menos nove camicases afiliados ao grupo islâmico National Thowheed Jamath, que detonaram explosivos em três igrejas, em hotéis e em um conjunto residencial.

Esta tragédia contou com a imediata solidariedade espiritual do Papa Francisco que, em sua Mensagem Urbi et Orbi daquele Domingo de Páscoa, “deplorou aquela violência cruel e inaudita”. Ao expressar a sua dor e tristeza pelos ataques, o Papa “convidou os fiéis a rezar pelas vítimas e feridos”.

Vatican News Service - LZ

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18 agosto 2021, 12:01