Jesuíta japonês: Jogos Olímpicos e a pandemia
Paolo Affatato
"Entrarão para a história como os Jogos da pandemia. A sociedade japonesa está dividida entre os que se opuseram às Olimpíadas e uma minoria que, segundo as pesquisas, era a favor de organizá-las. Os Jogos sempre foram um forte símbolo de unidade entre as pessoas e de fraternidade entre os povos. A pandemia esvaziou consideravelmente este significado": é assim que o padre Kajiyama Yoshio, provincial jesuíta no Japão, conta ao "L'Osservatore Romano".
Japão em plena recuperação
Na nação japonesa, o movimento de protesto popular que rejeitou os Jogos se baseia essencialmente no medo de uma maior difusão da Covid-19. Por outro lado, em um evento tão universal, "o governo quis fortemente organizá-los para mostrar ao mundo sua plena recuperação, dez anos após o terremoto de 2011 e após o desastre na usina nuclear de Fukushima. A pandemia acabou com este projeto. Deve-se notar também que nas áreas atingidas pelo tsunami, a vida de muitas pessoas ainda é difícil, a economia está lutando e os principais problemas criados pelo desastre nuclear ainda não foram resolvidos.
Objeções às políticas governamentais
“Alguns bispos católicos e protestantes levantaram objeções às políticas governamentais que negligenciavam as exigências reais dos necessitados para mostrar uma face vencedora do Japão". Padre Kajiyama Yoshio observa que "os aspectos comerciais e os motivos políticos prevaleceram", em detrimento de uma mensagem - a da fraternidade, da celebração do diálogo e do intercâmbio entre culturas - que poderia ter representado uma oportunidade fecunda para a evangelização.
Católicos no Japão
Este é o quadro social, político e do debate público no qual a pequena Igreja Católica japonesa (cerca de 500 mil fiéis japoneses, outros 600 mil imigrantes, de 128 milhões de habitantes) continua tranquilamente sua vida e seu trabalho pastoral. "Atualmente as igrejas católicas não estão fechadas, mas, especialmente na capital Tóquio, elas limitam o número de participantes nas missas dominicais, liturgias e atividades catequéticas", relata o jesuíta.
“Paróquias e centros católicos continuam a apoiar pessoas necessitadas", diz o religioso que é responsável pelo Centro Social Jesuíta em Tóquio. O número de pessoas carentes, especialmente trabalhadores estrangeiros, está aumentando por causa do coronavírus. As comunidades católicas fornecem ajuda para as necessidades diárias, mas também assistência jurídica, material, psicológica e espiritual".
Obras sociais
Nesta fase de emergência, enquanto os Jogos parecem ser uma bolha e mesmo a vila olímpica está completamente isolada, sem contato com o mundo exterior, "o foco mais importante para os batizados é a justiça social, a pacificação e o diálogo com os países vizinhos, uma vez que as obras sociais são a oportunidade e a maneira de mostrar e testemunhar a misericórdia e o amor de Deus Pai". O jesuíta cita a escola secundária Cristo Rei, uma escola aberta a todos, tanto para jovens de famílias pobres quanto para jovens japoneses, como um exemplo valioso de compromisso com a sociedade. É uma obra, explica ele, que é a "figura de contribuição que os católicos oferecem à nação".
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