30 anos de independência do regime soviético: a Ucrânia precisa de ucranianos que se amem, diz arcebispo
Roberta Barbi – Vatican News
Passaram-se trinta anos desde aquele 24 de agosto de 1991, dia em que o povo ucraniano conquistou novamente sua independência, retomando seu caminho como um país livre, após mais de 70 anos de domínio soviético. Um novo itinerário passava a ser percorrido inclusive para a Igreja Greco-Católica ucraniana, há muito perseguida pelo governo soviético.
“Tivemos a independência, mas é apenas o começo: devemos esforçar-nos por construir os alicerces morais e espirituais para a nossa convivência e o papel da Igreja, que consiste em testemunhar o amor ao próximo”, afirmou em entrevista ao Vatican News Service o arcebispo greco-católico Borys Gudziak, metropolita de Filadélfia dos Ucranianos nos Estados Unidos, por ocasião do importante aniversário.
“Além das dificuldades de ordem econômica, social e política - explicou o prelado a caminho da construção de uma nova sociedade, também existem obstáculos menos visíveis: o regime soviético estava destruindo sistematicamente a confiança mútua do povo que está na base de uma comunidade, sociedade ou nação, e essa ferida ainda não foi curada”.
A religião e a Igreja ajudam a resgatar essa confiança e é por isso que os regimes totalitários as temem: “As ditaduras querem controlar tudo - continuou - enquanto a vida espiritual liberta as pessoas, faz com que ultrapassem as fronteiras e criem relações, comunhão. Deus nos criou à sua imagem e semelhança, livres e criativos, mas a liberdade pressupõe responsabilidade”.
O arcebispo Borys Gudziak nasceu em Syracuse, nos Estados Unidos, em uma família de emigrantes ucranianos; estudou filosofia e biologia em sua cidade natal, continuou seus estudos teológicos em Roma e obteve o doutorado em História cultural eslava e bizantina na Universidade de Harvard.
“Durante o regime comunista - acrescenta - a Igreja Greco-Católica, estando em condições de clandestinidade, não somente procurava preservar a fé das pessoas, mas também desempenhou um papel extremamente importante na preservação da identidade dos ucranianos e em manter seu desejo de liberdade, e por isso pagou um preço muito alto: perdeu 90% de seus sacerdotes, que foram mortos ou enviados para a Sibéria”.
“A proclamação da independência da Ucrânia deu à nossa Igreja a liberdade de viver, agir e se desenvolver. Por outro lado, porém, é preciso recordar que a tarefa da Igreja não consiste em fazer parte de um Estado ou em ter privilégios particulares: devemos antes testemunhar o amor ao próximo, dar um exemplo de apoio mútuo, encorajamento e bênção recíproca. A Ucrânia tem necessidade de ucranianos que se amem", disse ainda.
O arcebispo Gudziak, que também deu uma grande contribuição para o renascimento da Universidade Católica de Lviv, considera por fim que “a sociedade ucraniana é jovem e dinâmica, os jovens estão começando a superar o passado de opressão e a se sentir mais livres”.
Entre os vários problemas que a sociedade ucraniana enfrenta estão o alto nível de corrupção, a guerra no leste do país e a emigração. “Esta situação abre para os cristãos novas possibilidades de anúncio e testemunho. A partir da própria experiência e recordando o martírio dos seus Santos, a Igreja Greco-Católica deve ajudar a sociedade ucraniana a repensar o próprio patrimônio espiritual, adaptando-o às pessoas do XXI milênio”, concluiu.
Vatican News Service - SD
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