Crise no Quênia. Bispos fazem apelo para “manter viva a esperança"
Vatican News
As questões destacadas pelos bispos traçam um quadro muito amargo do país africano, que, no entanto, é chamado a "manter viva a esperança" através da "realização da justiça, da paz e da dignidade do povo de Deus". Em 15 de setembro os Bispos lançaram uma longa declaração na qual delineiam algumas questões cruciais que atingem o país neste momento: crise política, eleições gerais, violência e insegurança, pandemia, seca. A Conferência Episcopal do Quênia (KCCB) se disponibiliza a intervir e mediar um acordo.
A crise política
Em primeiro lugar, portanto, os prelados denunciam a crise política em curso, devido às tensões entre o presidente, Uhuru Kenyatta, e seu deputado, William Ruto. No centro da disputa estão as reformas eleitorais e constitucionais. Os desacordos entre as mais altas autoridades nesta frente, disse a Conferência, "são perigosos para a paz e a tranquilidade no país e não podem ser pouco considerados".“Estamos profundamente preocupados", reiteram os prelados, "porque se este desacordo aberto entre o presidente e o vice-presidente for retomado por seus apoiadores, o efeito dominó que poderia ser gerado em todo o país seria terrível até mesmo para imaginar". Daí o apelo a Kenyatta e Ruto para "encontrarem um modo de reconciliar e trabalharem juntos em prol da unidade da nação". Um objetivo para o qual a própria a Conferência oferece sua disponibilidade para "intervir e mediar um acordo entre os dois líderes".
Proteção da população
A Igreja Católica em Nairóbi lembra aos políticos em geral de cumprir as regulamentações anti-Covid e evitar comícios públicos para "não enviar a mensagem errada aos cidadãos". "Os líderes políticos devem levar a vida do povo queniano a sério e protegê-lo a todo custo", destacam os bispos. Ao mesmo tempo, lembram que igrejas e lugares de culto "são sagrados e não devem ser usados como arenas políticas, porque a Igreja está acima da política". Por esta razão, os sacerdotes são chamados a garantir que os candidatos não utilizem locais de culto para fazer campanha, mas participem das celebrações eucarísticas "como qualquer outro fiel, sem fazer propaganda". Em 8 de agosto de 2022, o país irá às urnas para as eleições gerais, nomeação que os bispos esperam que seja realizada sem nenhum adiamento, pois seu adiamento só servirá para "aumentar a tensão política, a ansiedade e a agitação social". O governo e a Comissão Eleitoral Independente, portanto, são chamados a "confirmar com autoridade a data das consultas e assegurar que todos os requisitos constitucionais sejam cumpridos".
Disputa de terras
Os prelados então olharam com preocupação para o clima de "intolerância política no país": "Ninguém, independentemente de sua posição ou filiação política, deve ser autorizado a ameaçar a vida dos cidadãos a fim de perseguir suas próprias ambições". Daí o apelo ao governo para "garantir a segurança de toda a população". A referência é especificamente aos confrontos nas comunidades de Laikipia, Marsabit e Kerio Valley, onde grandes famílias proprietárias de terras têm se apropriado de vastas parcelas de terra reclamadas pela população local. Estas áreas "merecem segurança e paz para que possam continuar sua vida diária", dizem os bispos católicos no Quênia e acrescentam: "A onda de anarquia nestas áreas deve ser detida; os residentes devem ter segurança garantida e nenhum recurso deve ser poupado para restaurar a calma". Por esta razão, a Comissão Nacional de Coesão e Integração é convidada a "intervir sobre todos os políticos que, com seus discursos, estão espalhando o ódio e as divisões étnicas".
Pandemia e fome
Com relação à pandemia da Covid-19, que até agora causou 245.000 casos no Quênia e quase 5.000 mortes, os prelados convidam os fiéis a rezar para que o Senhor ajude. Outra oração igualmente intensa é pedida para melhorar as condições climáticas, de modo a "reduzir o sofrimento causado pela seca no país". Basta dizer que só no condado de Isiolo, no norte do Quênia, 93% dos habitantes têm sua primeira fonte de água potável a mais de 5 km de distância de suas casas. Isto leva a desnutrição, fome e, especialmente para as crianças, problemas de saúde e desenvolvimento. A nota episcopal conclui com um apelo para "promover a paz e a justiça a fim de preservar a integridade de nosso país e a dignidade de nosso povo".
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