Bispos filipinos: caminho sinodal, projeto de Deus para a Igreja do Terceiro milênio

Vatican News

"O caminho da sinodalidade é o projeto de Deus para a Igreja do Terceiro milênio": é o que escreve o arcebispo de Davao e presidente da Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas (CBCP), dom Romulo Valles, em mensagem divulgada por ocasião da abertura do caminho sinodal.

As celebrações oficiais do evento foram presididas pelo Papa Francisco no Vaticano em 9 e 10 de outubro, mas o que se abre agora é apenas a primeira etapa de um caminho de três anos feito de escuta, discernimento, consulta e dividido em três fases: diocesana, continental e universal.

Fases diocesana, continental e universal do caminho sinodal

A primeira fase, que as dioceses inaugurarão no domingo, 17 de outubro, sob a presidência do bispo local, prevê a consulta aos fiéis e será utilizada pela Secretaria Geral do Sínodo para a elaboração do primeiro Instrumentum laboris que será publicado em setembro de 2022.

Em seguida, começará a segunda fase que terá, até março de 2023, o diálogo "continental" das Igrejas sobre o referido Documento de trabalho. A partir deste diálogo, a Secretaria sinodal produzirá um segundo Instrumentum laboris, que será publicado em junho de 2023. Por fim, em outubro do mesmo ano, será aberta a terceira e última fase, com o Sínodo "universal" programado e dedicado ao tema "Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão".

O Sínodo não é apenas um evento, é um caminho

"Caminhemos juntos escutando, cresçamos escutando", sublinha dom Valles. "O Sínodo não é apenas um evento, é um caminho; não é apenas um encontro; é a vida da Igreja; não é apenas uma assembleia para fins administrativos; é uma convocação guiada pelo Espírito Santo para o desafio da missão", acrescenta.

Citando São João Crisóstomo, o prelado ressalta: "Igreja e Sínodo são sinônimos". Haverá, portanto, dois pontos de vista que deverão ser assumidos nos próximos meses, invocando o Espírito Santo "para nos emprestar seus olhos, sua mente e seu coração": o primeiro nos permitirá "olhar a Igreja internamente", enquanto o segundo nos permitirá "observar a Igreja junto com toda a família humana".

Sinais dos tempos não podem ser ignorados

Desta forma, sublinha o presidente dos bispos filipinos, "os sinais dos tempos não podem ser ignorados", ou seja: "a pandemia da Covid-19; escândalos sexuais e financeiros na Igreja e no governo; o secularismo e o materialismo; a arma de dois gumes representada pelo mundo digital; a erosão dos valores éticos e a idolatria do relativismo".

"Também estamos conscientes - continua o arcebispo de Davao - do desapego e desprezo às instituições tradicionais, em primeiro lugar à nossa Igreja", enquanto "os efeitos do abuso ecológico, do terror e da violência são demasiadamente evidentes para serem ignorados."

Três passos a serem dados

Para enfrentar estes desafios, três passos terão que ser dados: entrar no seguimento de Jesus, "que foi enviado para levar a Boa Nova aos pobres"; desejar a salvação de toda a humanidade; cuidar de Jesus para facilitar o encontro com Ele.

Ao mesmo tempo, dom Valles exorta a "estarmos vigilantes contra o maligno" que quer "nos fazer evitar a Cruz". Mas "Deus quer que todos sejam salvos", adverte o prelado. "Portanto, precisamos abater as barreiras e construir pontos de encontro, lembrando a unidade em matéria de fé, a liberdade em matéria de opinião e a caridade em todas as coisas".

Daí, o convite do presidente dos bispos filipinos a "tornar-se uma Igreja que faz da escuta atenta e altruísta seu estilo de vida" e que tem "a sensibilidade certa para adquirir um coração perspicaz, capaz de conhecer a vontade do Senhor". Somente assim, a Igreja terá "uma perspectiva mais profunda das pessoas e dos acontecimentos" e poderá ver as coisas "com a alma", e não apenas com os olhos.

O Senhor caminha conosco

Calma, paciência, mas também tenacidade e clareza são as modalidades de trabalho sugeridas pelo arcebispo de Davao, juntamente com a plena confiança no fato de que "o Senhor caminha conosco" e a consciência de que "não podemos conduzir-nos a ser uma Igreja sinodal sem conversão", em uma "atitude de universalidade".

Por fim, dom Valles evidencia a agenda das próximas incumbências sinodais: os relatórios conclusivos das consultas diocesanas devem ser recolhidos até 11 de fevereiro de 2022. De 7 a 9 de março seguinte, a Assembleia dos bispos trabalhará a elaboração de um relatório nacional a ser apresentado à Secretaria Geral do Sínodo até abril do próximo ano.

A mensagem do arcebispo conclui-se com as palavras do Papa Francisco, extraídas da Exortação apostólica "Christus vivit", fruto do Sínodo Geral de 2018 sobre os jovens: "Que o Espírito Santo vos encoraje a fazer esta corrida! A Igreja precisa do vosso impulso, de vossas intuições, da vossa fé"! (298).

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