Jesuítas de Mangalore obrigados a suspender dedicação de parque ao Pe. Stan Swamy
Lisa Zengarini – Cidade do Vaticano
A intenção era dedicar o nome de um parque ao padre Stan Swamy, o idoso jesuíta indiano que morreu no hospital em julho passado, após nove meses de prisão injusta sob a acusação de sedição. Os jesuítas do Colégio St. Aloysius em Mangalore, porém, tiveram que suspender a iniciativa devido à forte oposição dos grupos hindus radicais no Estado indiano de Karnataka.
O espaço verde está localizado dentro do Colégio dirigido pela Companhia de Jesus, que havia anunciado sua intenção de nomeá-lo "Parque da Paz Stan Swamy", com uma cerimônia marcada para 7 de outubro. No entanto, militantes da "Akhil Bharatiya Vidyarthi Parishad", a ala estudantil do partido nacionalista Bharatiya Janata (BJP), de Vishwa Hindu Parishad (Vhp), juntamente com sua ala jovem Bajrang Dal, expressaram sua contrariedade e ameaçaram com manifestações de protesto. Em vez disso, os nacionalistas hindus estão propondo que a faculdade dedique o parque a George Fernandes (que faleceu em 2019) ou Oscar Fernandes (que morreu em setembro passado), dois ex-ministros federais católicos, por suas contribuições à Índia.
Para a mídia local, o secretário de VHP do Estado de Karnataka, Sharan Pumpwell, afirmou que o padre Swamy havia sido preso pela Agência antiterrorista indiana Nia sob acusações muito graves relativas, entre outras coisas, ao seu envolvimento nos sangrentos tumultos que eclodiram em 2018 em Bhima-Koregaon, no Estado de Maharashtra. Acusações que o padre sempre rejeitou como totalmente infundadas e que nunca foram provadas em tribunal, como recordou o padre Denzil Fernandes, diretor do Instituto Social Indiano em Nova Delhi, dirigido pelos jesuítas.
"Não é justo opor-se à atribuição do nome do parque ao padre Stan e rotulá-lo como maoísta, porque ainda não foi provado em tribunal", declarou ele à Agência de notícias UCA News. Pelo contrário, "todos acreditam que o padre Stan, que trabalhou incansavelmente para os povos tribais, era inocente e vítima de uma injustiça", reiterou o jesuíta.
Padre Swamy foi preso em 8 de outubro de 2020 junto com 15 outros ativistas sociais pelos direitos dos Adivasis (povos tribais), todos acusados, com base na "Unlawful activities prevention act" (UAPA) de terrorismo e cumplicidade com os rebeldes maoístas e, em particular, de um suposto envolvimento nas desordens em Bhima-Koregaon.
Houve numerosas iniciativas e mobilizações, também em nível internacional, para exigir sua liberação. A começar pelos apelos dos confrades da Companhia de Jesus, entre as quais uma das vozes mais ativas foi a do padre Cedrik Prakash, que também trabalha pelos direitos humanos na Índia há anos e lançou as hashtags #StandwithStan e #FreeStanSwamy.
Também os bispos e religiosos da Índia haviam intervindo repetidamente na questão. O caso do padre Swamy também havia sido levantado pelos cardeais Oswald Gracias, George Alencherry e Baselios Cleemis durante conversas com o primeiro ministro Narendra Modi, em 20 de janeiro, mas sem nenhum resultado. Estas intervenções foram seguidas pelo apelo da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas (FABC) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Stanislaus Lourduswamy, seu nome completo, nasceu em 26 de abril de 1937 em Trichy, Tamil Nadu. Ele entrou na Companhia de Jesus em 1957 e fez seus votos perpétuos como jesuíta em 22 de abril de 1981, 11 anos após sua ordenação ao sacerdócio. Ele passou os primeiros anos de seu ministério sacerdotal como assistente social em Jamshedpur e Chaibasa, Estado de Jarhand, onde retornou nos anos 90 para realizar trabalho social ao lado dos Adivasis. Em 1997, ele se transferiu para Ranchi, onde permaneceu até sua prisão em outubro, quando foi transferido para a prisão de Taloja, em Mumbai.
Vatican News Service - LZ
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui