Talitha Kum, rede contra o tráfico de pessoas em defesa das mulheres
Vatican News
Celebra-se nesta quinta-feira, 25 de novembro, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres decretado pela ONU, em 1999.
A data tem o objetivo de alertar a sociedade sobre os casos de violência e maus-tratos contra as mulheres. A violência física, psicológica, o assédio sexual são alguns exemplos desses maus-tratos, junto com o tráfico de pessoas.
Em entrevista ao Vatican News, a missionária comboniana irmã Gabriella Bottani, coordenadora de Talitha Kum, Rede Mundial da Vida Consagrada contra o Tráfico de Pessoas, faz um apelo à ação global, convidando todas as pessoas de boa vontade e os governos "a reforçarem o compromisso no combate ao tráfico de pessoas, de modo especial, mulheres e meninas que, neste tempo da Covid, sofreram mais as consequências do impacto das medidas tomadas pelos governos para conter a pandemia e da crise econômica mundial".
Segundo a religiosa, "desde o começo Talitha Kum tem promovido a colaboração inter-religiosas, colaborando com demais organizações para contribuir no processo de cura e reabilitação, inserção social, e trabalhista das pessoas que conseguiram sair da violência do tráfico de pessoas. O impacto da pandemia no mundo trouxe mais dificuldades no acompanhamento das vítimas".
Irmã Gabriella fala de um documento que será apresentado e irá compartilhar a reflexão da Rede Talitha Kum que durante o tempo da Covid cresceu como rede, "porque diante das dificuldades percebeu-se que unir as forças era mais importante".
“Las Mariposas”
Em 1999, por causa de um crime ocorrido na República Dominicana em 1960 no qual foram violentamente assassinadas três irmãs, a Assembleia das Nações Unidas declarou oficialmente 25 de novembro como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. “Las Mariposas” ou seja, “as borboletas”, assim eram chamadas as irmãs da família Mirabal. Patria, Minerva e Maria Teresa foram mortas em 25 de novembro de 1960 na República Dominicana pelos homens do ditador Trujillo, que as perseguiram por muitos anos, antes de decretar sua morte violenta e desdenhosa, mas que também sancionou o fim de seu regime. O voo de um penhasco das três irmãs dentro de um jipe, depois de torturadas e violentadas, tornou-se o voo das borboletas livres, de mulheres que foram capazes de dizer não aos prepotentes. É por isso que, com o tempo, se tornaram o símbolo da emancipação feminina.
Campanha da ONU
“Una-se pelo Fim da Violência contra as Mulheres” é o tema da campanha global das Nações Unidas para o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres que tem início nesta quinta-feira. Em mensagem de vídeo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu mudanças para erradicar a violência.
As ações são marcadas pela cor laranja, um sinal de alerta para o problema que atinge todas as classes sociais. Em 2021, o lema "O mundo de laranja: Acabar com a violência contra as mulheres agora!" revela que um terço das mulheres foi abusada em algum momento da vida. Na pandemia, Guterres lembra que o problema piorou.
Segundo ele, quase um quarto das mulheres contou que a violência aumentou durante a Covid-19. Uma proporção semelhante revelou que se sentia menos segura em casa. Para Guterres, as cicatrizes permanecerão para as próximas gerações.
O chefe da ONU vê uma relação direta entre a violência a mulheres, a opressão civil e o conflito violento. Atos como abusos, misoginia e escravidão sexual são usados como ferramentas de guerra e usados no extremismo violento.
Resultados
A ONU Mulheres publicou um relatório, realizado em 13 países, mostrando que dois terços das mulheres sofreram algum tipo de violência e são mais propensas à insegurança alimentar.
O secretário-geral António Guterres diz que esse tipo de violação continua sendo a questão mais prevalente dos dias atuais.
O chefe da ONU afirma que a violência contra as mulheres não é inevitável e políticas e programas certos geram resultados. Estratégias abrangentes e de longo prazo protegem os direitos das mulheres e meninas e promovem movimentos fortes.
União Europeia
Guterres ressalta que esse é o modelo usado pelas Nações Unidas na Iniciativa Spotlight, uma parceria com a União Europeia.
Pelo menos 84 leis e políticas foram aprovadas ou fortalecidas e mais de 650 mil mulheres e meninas ganharam acesso a serviços contra a violência de gênero, mesmo durante a pandemia.
As Nações Unidas alertam que o problema agrava em situações como a pandemia, crises humanitárias, conflitos e desastres climáticos.
Um outro desafio é reportar esses atos: apenas uma em cada 10 mulheres disse que procuraria a polícia para ajudar, se fosse vítima.
(Vatican News e Rádio ONU News)
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