África: no meio da guerra e pobreza o Natal é luz que ilumina
Ricardo Gomes – jornalista, Diocese de Campos
“Mãos que se abrem, mesmo na luta e na dor. Mãos que se elevam para um gesto de amor, retribuir a vida que vem das mãos do Senhor. Mãos sofridas que bem sempre têm o que dar. Mas a certeza de que Deus ama os pobres e se fez pobre também. Mãos construtoras da paz, Mãos solidárias, Mãos em oração, Mãos cuidadosas, Mãos que edificam, Mãos que embalam o menino Jesus. Desde Moçambique, Diocese de Pemba, numa guerra que já dura quatro anos, ousamos dizer: Feliz Natal.” Pe. Edegard Silva Júnior.
Numa realidade marcada pela guerra festejar o Natal é encher de luz o sofrimento de um povo diante da guerra e da pobreza. Padre Edegard Silva Júnior acolhe as crianças deslocadas para promover um dia de esperança e celebrar o nascimento do Menino Deus. A Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, em Mieze, na Diocese de Pemba, Moçambique, vem promovendo neste período atividades para dar um pouco de alegria às crianças. Para o sacerdote na confraternização de Natal a palma da mão de cada criança se torna o berço que acolhe o Menino Jesus.
“No contexto em que vivemos em Moçambique, África, o símbolo mais expressivo do nosso Natal são as mãos. O canto natalino expressa o que queremos dizer. Nas mãos das crianças Jesus é embalado com canção de ninar: dorme em paz, essa paz que continua sendo um sonho. E os olhos brilham, o corpo dança e as mãos se elevam querendo tocar o céu. As mãos dos artesãos que confeccionaram o presépio: Maria, José, os pastores, os magos, os animais, todos acolheram Jesus na casinha de bambu. Para isso acontecer, mãos solidárias de outros continentes, contribuíram para que tivéssemos as condições necessárias de realizar nossas atividades. Portanto, nosso Natal é o Natal das mãos”, revela padre Edegard.
É preciso sonhar e esperar que um dia haja a paz
“Na mão das crianças, Jesus é embalado com a canção de ninar: Dorme em paz ó Jesus, dorme em paz ó Jesus. A paz continua sendo nosso sonho…na hora da festa, os olhos brilham, o corpo dança, e as mãos se elevam querendo tocar o céu.” Padre Edegard Silva Júnior.
O sonho das crianças é terem a alegria de celebrar o Natal na esperança de um tempo de paz para o país profundamente marcado pela miséria, sofrimento e terrorismo. Padre Edegard recorda outubro de 2017. A missão ficou destruída. Nada foi poupado, nem a igreja, nem as estruturas da paróquia, nem as casas dos cristãos. Durante o ataque ocorreu também o massacre de dezenas de jovens. As execuções, pelos terroristas, ocorreram num campo de futebol, na zona, entre os dias 6 e 8 de novembro.
Relatos de sobreviventes falam da “agonia” de mais de 50 pessoas decapitadas. Praticamente todos os que viviam na região tiveram de refazer as suas vidas noutros lugares, ou em campos de reassentamento, ou em aldeias junto de familiares e amigos. Mesmo diante da dura realidade é Natal.
“As mãos dos artesãos que confeccionaram o presépio: Maria, José, os pastores, os magos, os animais, todos acolheram Jesus na casinha de bambu. Para isso acontecer, mãos solidárias de outros continentes, contribuíram para que tivéssemos as condições necessárias de realizar nossas atividades. Portanto, nosso Natal é o Natal das mãos”, conclui o sacerdote.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui