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Um cartão representando o Papa Francisco é visto dentro da Igreja Católica da Assunção da Virgem Maria, na ilha de Lesbos, Grécia Um cartão representando o Papa Francisco é visto dentro da Igreja Católica da Assunção da Virgem Maria, na ilha de Lesbos, Grécia 

A Igreja Católica na Grécia

Existem 133.000 católicos no país em uma população de quase 11 milhões de habitantes (1,2%). Menos da metade deles são gregos. Nas últimas décadas, de fato, cresceu significativamente a presença de católicos de origem estrangeira, que se estabeleceram permanentemente na Grécia. A estes se somam vários milhares de trabalhadores imigrantes com autorização de residência temporária e requerentes de asilo.

                                   A Igreja Católica na Grécia

Contexto religioso

 

Evangelizada a partir do século I, sobretudo graças à pregação de São Paulo (cf. Atos dos Apóstolos) e passada sob a jurisdição do Patriarcado de Constantinopla em 732, após o Grande Cisma do Oriente do século XI, a Grécia entrou na órbita da Ortodoxia.

Autocéfala desde 1850, a Igreja Ortodoxa Grega é a Igreja oficial do Estado e Ortodoxia é a religião professada pela esmagadora maioria dos gregos. Entre as outras minorias religiosas presentes no país, além dos católicos, também existem comunidades protestantes, muçulmanos (cerca de 150.000, concentrados especialmente na Trácia, na fronteira com a Turquia) e uma pequena comunidade judaica.

A presença católica

 

Existem 133.000 católicos no país em uma população de quase 11 milhões de habitantes (1,2%). Menos da metade deles são gregos. Nas últimas décadas, de fato, cresceu significativamente a presença de católicos de origem estrangeira, que se estabeleceram permanentemente na Grécia. A estes se somam vários milhares de trabalhadores imigrantes com autorização de residência temporária e requerentes de asilo.

 

Os grupos mais numerosos são os poloneses (40.000) e os filipinos (45.000). Em aumento, ademais, o número dos católicos provenientes de países do Oriente Médio devido à guerra, em particular do Iraque (4 mil) e da Síria. Depois, há albaneses, búlgaros, ucranianos e armênios. Em 2018 a Igreja grega estimava o número real de católicos presentes no país por volta dos 400 mil.

Quanto à sua distribuição, um número significativo de fiéis é encontrado nas Ilhas Cíclades (especialmente em Syros e Tinos). Outras comunidades importantes são encontradas em Corfu, Patras, Giannitsa, Thessaloniki, Kavala, Volos e em várias outras cidades da Grécia continental. Quase todos eles são de rito latino, mas devido à imigração existem milhares de católicos de rito oriental (bizantino e armênio).

As comunidades religiosas realizam um importante e apreciado trabalho pastoral e social. Várias Congregações operam na Arquidiocese de Atenas: Jesuítas, Assuncionistas, Capuchinhos, Dominicanos, Irmãos Maristas, Irmãos das Escolas Cristãs, Carmelitas, Irmãs de São José da Aparição, Ursulinas, Irmãs da Santa Cruz, Irmãs da Caridade de São Vicente, Irmãs Missionárias da Caridade. No Exarcado de Rito Bizantino estão as Irmãs de Pammakaristos e as Pequenas Irmãs de Jesus.

Desafios e dificuldades pastorais

 

Do ponto de vista pastoral, um dos principais problemas é representado por dispersão geográfica. Isso torna o trabalho de sacerdotes, religiosos e religiosas muito difícil, especialmente se considerarmos que nas últimas décadas a Igreja local teve que lidar com o declínio nas vocações. Hoje muitos sacerdotes que exercem seu ministério na Grécia são estrangeiros.

A este desafio soma-se o fenômeno da imigração que, sem sombra de dúvida, enriqueceu a Igreja na Grécia, mas ao mesmo tempo exige um maior empenho pastoral. Existe o problema da língua, o que dificulta a escolha dos párocos a serem enviados às comunidades e para as celebrações litúrgicas, mas também a necessidade de promover o conhecimento e a acolhida recíproca entre católicos gregos e imigrantes.

 

Para agravar ulteriormente estas dificuldades, contribuiu a crise econômica atinge o país desde 2009 e da qual ainda não se recuperou. O aperto fiscal decidido pelas autoridades gregas para atender aos pedidos da Troika atingiu também a Igreja Católica (que, ao contrário da Igreja Ortodoxa, não recebe ajuda do Estado) e colocou à dura prova as finanças das dioceses, paróquias e de obras católicas comprometidas em apoiar famílias gregas em dificuldade e dezenas milhares de estrangeiros provenientes de países pobres ou em guerra. Diante do aumento das despesas para atender a essas necessidades e as menores ofertas dos fiéis, como consequência da crise, hoje a Igreja Grega se vê obrigada a pagar impostos ao Estado grego até metade de sua receita. Uma situação para a qual os bispos têm reiteradamente chamado a atenção, não poupando críticas à austeridade imposta por Bruxelas e pela classe dirigente grega.

Os dados da rede de centros de escuta e ajuda das Caritas locais, cujo esforço aumentou dez vezes nos últimos anos, confirmam que as medidas de austeridade penalizaram particularmente as camadas mais fracas da população e os jovens, muitos dos quais escolheram emigração.

Não é por acaso que o problema/necessidade mais frequente das pessoas que se dirigem à Caritas local é o da pobreza econômica, seguido pelos problemas de trabalho. Fundamental neste contexto difícil é o apoio fornecido pela Caritas Internationalis por meio das Caritas Europeias e dos Estados Unidos que permitiram à Igreja levar a cabo diversos projetos na área do acolhimento de migrantes nas ilhas do Egeu e da Grécia continental e no apoio às necessidades da maioria das pessoas pobres. Um trabalho que continuou mesmo durante a pandemia de Covid-19.

Relações com a Igreja Ortodoxa

 

De acordo com a Constituição (art. 3), a ortodoxia é a religião oficial do Estado e muitas vezes ainda é identificada com a Grécia. O caminhado ecumênico registrou um passo em frente após a peregrinação jubilar de São João Paulo II nas pegadas de São Paulo Apóstolo em 2001 (93ª viagem internacional, Grécia, Malta, Síria - 4-9 de maio 2001). Entre os momentos-chave daquela visita, a primeira de um Pontífice em solo grego, o pedido de perdão do Pontífice com referência ao Saque de Constantinopla pelos Cruzados em 1204; a oração comum com o então Primaz Ortodoxo Christòdoulos e a Declaração conjunta sobre as raízes cristãs da Europa (4 de maio).

A visita do Papa Wojtyla foi seguida por uma troca de visitas oficiais da Delegação da Igreja Ortodoxa Grega em Roma (março de 2002) e da Delegação da Santa Sé liderada pelo cardeal Walter Kasper em Atenas (fevereiro de 2003), para buscar um terreno de colaboração, não tanto na esfera teológica, mas naquela pastoral sobre questões práticas que as duas Igrejas são chamadas a enfrentar juntas, especialmente no contexto da União Europeia.

Um compromisso relançado por ocasião da visita de Papa Francisco, do Patriarca de Constantinopla Bartolomeu e do Primaz ortodoxo grego Ieronymos no campo de refugiados de Moria em Lesbos, em 2016, onde assinaram uma Declaração Conjunta com um apelo sincero pelos refugiados, migrantes e requerentes de asilo e com o compromisso de "promover a plena unidade de todos os cristãos".

Um renovado desejo por uma maior colaboração entre as duas Igrejas, especialmente no serviço da caridade e na promoção dos valores cristãos na sociedade grega, chegou mais recentemente do cardeal Leonardo Sandri, por ocasião de sua visita ao país em novembro de 2019, durante o qual o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais encontrou-se com Sua Beatitude Ieronymos.

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01 dezembro 2021, 17:00