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Se as crianças não forem à escola ficam em casa ou na rua, sem receber a devida educação Se as crianças não forem à escola ficam em casa ou na rua, sem receber a devida educação 

Salesianos no Líbano: Natal ao lado de quem mais sofre

Os salesianos que trabalham no Líbano são apenas quatro. Mas com a colaboração dos professores e voluntários, conseguem realizar cursos de formação humana e profissional para crianças, adolescentes e adultos, bem como dar ajuda concreta às famílias, em um contexto de absoluta pobreza. As necessidades no Líbano são muitas, mas o país pode contar com a contribuição e apoio de uma iniciativa, chamada “Concerto de Natal”, transmitida na véspera de Natal pela televisão italiana.

Adriana Masotti – Cidade do Vaticano

“Os Salesianos são corajosos e sempre inventam alguma coisa para seguir em frente”: foi o que disse o Papa Francisco ao encontrar no Vaticano, no último dia 15 de dezembro, os organizadores e artistas do Concerto de Natal 2021, transmitido pelo Canal 5 da televisão italiana na sexta-feira, 24. O valor arrecadado com o espetáculo foi destinado aos numerosos projetos educativos em andamento em dois países que "se encontram em condições precárias: Haiti e Líbano". Ao recordar a obra dos Salesianos no Líbano, o Papa agradeceu aos artistas por colocar seus talentos à disposição para este fim humanitário.

Nosso sonho: continuar ao lado das pessoas

 

Entre os presentes no Concerto de Natal estava o sacerdote salesiano padre Simon Zakerian, que teve a oportunidade de transmitir seu testemunho à Rádio Vaticano/Vatican News.

“No Líbano somos uma comunidade salesiana de quatro pessoas”, diz o sacerdote salesiano aos microfones da rádio. De fato, padre Simon Zakerian, sacerdote sírio, trabalha há três anos no Líbano, após sete em Aleppo e Damasco. A Síria está devastada pela guerra, mas a situação não é muito diferente no País dos Cedros, atingido por uma grave crise econômica e política, que colocou a população de joelhos pela sua pobreza.

O Líbano, atingido pela explosão no porto de Beirute em 4 de agosto de 2020, se depara com a presença de mais de um milhão de refugiados sírios, iraquianos e palestinos, que fugiram de seus países por causa das guerras e violências. Não obstante o acolhimento, as dificuldades são inevitáveis. Por isso, pedimos ao Padre Zakerian para nos falar sobre o trabalho dos salesianos no Líbano: um total de quatro pessoas: um sírio, dois italianos e um boliviano.

É longa a lista de atividades no Líbano apresentada pelo padre Zakerian: os salesianos dirigem um Centro juvenil que acolhe mais de 300 jovens e crianças; desenvolvem um projeto educativo para cerca de 250 crianças refugiadas sírias, todas muçulmanas, sobretudo após as dolorosas experiências que viveram na Síria; realizam um percurso de fé e educação entre os refugiados iraquianos, de maioria cristã, expulsos de suas casas pelo Isis; dirigem escolas: uma perto de Byblos, para alunos libaneses da classe operária, e outra em Beirute, para crianças iraquianas de 6 a 17 anos, onde prestam assistência educacional e psicológica.

“Trata-se de um trabalho – diz padre Simon - que fazemos com muita determinação e alegria, porque se essas crianças não forem à escola, ficam em casa ou na rua, sem receber a devida educação. Este é o nosso sonho, como diz o Papa Francisco: estar ao lado dos que vivem nas periferias, que precisam de pessoas que os amem e os ajudem a descobrir que a vida é bela, apesar das dificuldades”.

Ajuda concreta às famílias

 

No Líbano, os filhos de São João Bosco não se dedicam apenas às crianças e jovens, mas trabalham com afinco para ajudar as famílias nas suas necessidades concretas, como conta o padre Zakerian: “Todos os anos, visitamos mais de 700 famílias iraquianas e sírias, às quais levamos alimentos básicos, assistência médica, remédios, bolsas de estudo. Apesar da crise, podemos continuar este serviço, porque é grande a necessidade. No Líbano, a uma inflação é muito alta e as pessoas não aguentam mais: o salário mínimo é de apenas 30-35 euros, enquanto antes era de 400-500 dólares. Por isso, nossos jovens voluntários visitam as famílias mais pobres de Beirute, que ainda sofrem pela explosão no porto. Em certo momento, acabaram os remédios e, ao voltarem, seus custos eram tão caros, que as famílias não podiam pagar. Enfim, neste inverno, precisam de aquecimento em suas casas, mas não dispõem de gás, luz etc...”.

Promover a integração

 

Depois, há a questão dos refugiados: os bispos libaneses lançaram, repetidamente, apelos para solicitar a solidariedade internacional. Padre Simon Zakerian diz que o peso desta situação é demasiado para a população do país. Não obstante, os libaneses sabem que os refugiados foram obrigados a deixar suas casas e seus bens. E acrescenta: “Tentamos promover a integração, o diálogo, a acolhida mútua. Organizamos vários encontros de treinamento entre iraquianos, sírios e libaneses, como também meios de diversão e jogos para as crianças. Mas, sinceramente, a situação tornou-se mais complicada. Além da situação dos refugiados, mais de 60% dos libaneses vive na pobreza, por causa da crise e a corrupção. Todos os dias, muitas famílias me dizem: 'Padre, estamos passando por uma crise, pior do que a dos 15 anos de guerra. A crise até atingiu nosso pão de cada dia e não sabemos mais como viver'. Eis porque o povo libanês sofre tanto!”.

Educação, promessa de vida

 

O Papa Francisco insiste sobre a importância da educação dos jovens, que oferece um futuro melhor e é uma "promessa de vida". Estas suas palavras são confirmadas pela experiência dos salesianos e seus colaboradores no Líbano, que tocam com a mão a importância de acompanhar os filhos com a força do amor: “É gratificante quando uma criança vem te abraçar e agradecer por se sentir feliz na escola ou no oratório. Assim, ano após ano, vemos as crianças crescer e, com seus sorrisos e gratidão, nos dão coragem para prosseguir, pois esta ‘promessa de vida’ deve continuar e jamais devemos desistir”.

Natal no Líbano

 

Nessas situações extremas, o nascimento de Jesus traz luz e reacende a esperança. Mas, como é o Natal para o padre Zakerian? A sua resposta foi imediata: “Certamente, um Natal de solidariedade, fraternidade, proximidade. O Papa Francisco disse que o Natal significa maior aproximação do homem a Deus. Isto também deve acontecer na nossa vida. Para nós é Natal quanto vemos o sorriso de uma criança libanesa, síria ou iraquiana; o sorriso de tantos voluntários, que nos acompanham nestes projetos educacionais, com tanta gratuidade, apesar do seu sofrimento. Eis o nosso Natal!”.

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25 dezembro 2021, 11:25