África do Sul: cardeal Napier recorda o Arcebispo Tutu: "Ativista, irmão e pastor"
Linda Bordoni e Alessandro Di Bussolo – Vatican News
Desde a manhã de 1º de janeiro de 2022, as cinzas do Arcebispo Anglicano Emérito da Cidade do Cabo, Desmond Tutu, estão descansando na "sua" querida Catedral de São Jorge, no centro da capital legislativa da África do Sul. Após o funeral oficial do Estado de forma muito simples, segundo o desejo do Arcebispo Tutu, como a escolha de um caixão de pinho, o corpo foi submetido ao processo de aquamação e as cinzas enterradas.
A 'bússola moral' da África do Sul morre aos 90
Admirado em todo o mundo como uma "bússola moral", Tutu faleceu em 26 de dezembro aos 90 anos de idade. Enfraquecido pela velhice e pelo câncer de próstata, ele já estava aposentado da vida pública há alguns anos. Deixa sua esposa Leah e quatro filhos, além de vários netos e bisnetos. Deixou seu cargo de Arcebispo da Cidade do Cabo há mais de dez anos, continuando sempre a liderar o percurso doloroso ao passado sombrio da África do Sul como presidente da Comissão da Verdade e Reconciliação, que ele criou em 1995 e expôs os horrores do apartheid com detalhes. O Cardeal Napier, arcebispo emérito de Durban, fala de sua relação com o Bispo anglicano Prêmio Nobel da Paz.
Um ativista apaixonado que abriu caminhos
Uma das primeiras lembranças de Desmond Tutu, afirma o Cardeal Napier, é quando os líderes da Igreja estavam negociando com o governo: fazendo declarações, decidiam uma posição comum, reunindo-se com representantes políticos e expressando suas opiniões, "e invariavelmente Desmond Tutu que era um verdadeiro 'ativista apaixonado’ liderava a ação de forma que ficasse bem esclarecida a posição das Igrejas nessas questões particulares".
Seu apelo à unidade entre todos os movimentos de libertação
A este respeito, Napier recorda o momento em que Tutu convocou os diversos grupos do movimento de libertação, exortando-os a se unirem para fazer uma verdadeira diferença "para nosso povo nas negociações com o governo". Em particular, ele destaca uma reunião na residência de Tutu, quando ainda era Arcebispo da Cidade do Cabo, na qual convocou todos os líderes dos movimentos de libertação e os líderes da Igreja para uma "discussão muito, muito franca" sobre o que fazer e como fazê-lo. Ele pediu a todos que "reconciliassem suas diferenças para o bem maior da nação". Tutu, recorda o cardeal Napier, foi um verdadeiro jogador de equipe que se certificou de que todas as partes envolvidas entendessem o que estava em jogo.
"Era um irmão entre irmãos"
Outro aspecto importante que o Cardeal Napier sublinha é o profundo compromisso de Tutu com o movimento ecumênico. Ele fala da relação forjada e cultivada pelo arcebispo que morreu em 26 de dezembro, com outros líderes da Igreja: "Ele era um irmão entre irmãos", afirma, observando que mesmo que ele fizesse declarações sozinho, ele sempre agiu em uníssono com os outros, e estava sempre muito consciente de fazer parte "da equipe de líderes da Igreja".
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