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Refugiados em Pemba, Moçambique Refugiados em Pemba, Moçambique 

Líderes religiosos em Cabo Delgado: a fé cria paz e reconciliação

Numa declaração conjunta, na sequência de um seminário inter-religioso, líderes religiosos reafirmaram, nas pegadas do Documento sobre a Fraternidade Humana, a rejeição à violência e à instrumentalização da religião para cometer atos terroristas. Dom Antonio Juliasse comenta para a Rádio Vaticano - Vatican News o conteúdo do documento.

Benedetta Capelli – Vatican News

Quinze pontos que são um programa para construir a paz na província de Cabo Delgado e para trabalhar em conjunto no diálogo, encontrando-se apesar das diferenças. Foi isto que os líderes religiosos da província de Cabo Delgado, em Pemba, Moçambique, assinaram inspirados no Documento de Abu Dhabi sobre a Fraternidade Humana, após um seminário inter-religioso realizado em dezembro e centrado na "Religião como parte da solução do conflito em Cabo Delgado".

Os líderes recordam que a província atravessa "uma profunda crise humanitária causada pela violência terrorista", em que o desenvolvimento é fortemente condicionado pelas medidas restritivas para prevenir a pandemia de Covid-19 e vários outros fatores preocupantes, "como as desigualdades sociais", "a elevada taxa de analfabetismo, as crises de valores ético-morais e as polarizações étnicas e religiosas que ameaçam o contexto atual e a convivência social, que violam a dignidade humana".

Dom Antonio Juliasse
Dom Antonio Juliasse

Unidos contra o terrorismo

O documento reitera a forte unidade "face a qualquer ameaça de ruptura" e o "repúdio unânime aos atos terroristas", mas também "o compromisso de caminhar lado a lado em direção à paz e à fraternidade". A religião, sublinha-se, não é uma causa de conflito e a referência é especialmente ao Islã, "a religião mais afetada por preconceitos". "A religião", escrevem os líderes, "visa criar felicidade, reconciliação e paz na sociedade e, por esta razão, repudiamos e distanciamo-nos de atos e pessoas que deturpam doutrinas religiosas para justificar qualquer tipo de violência". Daí o compromisso de diálogo com outras confissões, ultrapassando a desconfiança e promovendo a compreensão mútua, porque "todas as religiões fazem parte do desígnio de Deus Altíssimo", "nenhum verdadeiro líder religioso ou profeta jamais ensinou a violência".

Encontrar-se e reconhecer-se

Diálogo, encontro e reconhecimento mútuo são as bases que são propostas para criar uma sociedade inclusiva. O compromisso é também o de realizar debates e conferências para ajudar as pessoas a crescer não só na religião mas também em outras disciplinas, para que possam compreender melhor a realidade em que vivem. No coração dos líderes religiosos estão sobretudo os jovens que caem na rede do extremismo e da violência, com a intenção de acompanhá-los e reabilitá-los "através de um intenso e exigente trabalho psicossocial e espiritual". "O compromisso permanente", acrescentam, "é rezar juntos por uma paz duradoura" e colaborar sempre com o governo, instituições e organizações empenhadas na paz na província de Cabo Delgado.

Dom Antonio Juliasse conversou com a Rádio Vaticano - Vatican News sobre o documento:

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04 janeiro 2022, 10:00