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Firmes sobre a Rocha: o desastre ocorrido na cidade de Petrópolis

Nessa tragédia, morreram ricos e pobres. Pode parecer que não há muito o que fazer, mas, na verdade, a menor ajuda, a oração mais sincera, a presença silenciosa e amiga alivia a dor e fortalece a fé e a caridade.

Pe. Anderson Alves -  Diocese de Petrópolis RJ

Estamos vivendo a semana mais difícil de nossas vidas. Como boa parte dos petropolitanos, eu perdi muitos amigos nessa semana. Um amigo de infância, que é um grande evangelizador na nossa cidade, na hora da tempestade estava na sua casa, segurando o seu filho de 5 anos nos braços. Ao lado estava a esposa com a filha de 2 anos e os sogros. Caiu a barreira e esse amigo foi “expulso” da casa, enquanto toda a família era soterrada. No último domingo (20/02), ele enterrou os seus familiares. Como reagir numa situação dessas? Essa semana, todos nós perguntamos: o que Deus quer nos dizer com tudo isso?

A Palavra de Deus desse domingo (20/02) traz uma mensagem, que talvez seja a resposta de Deus para nós: não podemos pagar o mal com o mal, mas é preciso afogar o mal na abundância de bem. Deus não pode jamais querer o mal, nem direta nem indiretamente. Ele não quer que esses males naturais afetem negativamente as nossas almas. O mal físico não pode se tornar um mal moral. Antes, esses males e sofrimentos devem servir para nos purificar, para nos santificar, para fortalecer a nossa fé e a nossa caridade.

Essa semana conversamos com tantos petropolitanos e vimos tantos na TV. E essas pessoas nos impactaram profundamente. Em nenhum momento esse povo blasfemou contra Deus. A maior parte do nosso povo, graças a Deus, nem sabe o que é blasfêmia. Vimos muitas pessoas num monte de escombros, de terra, de pedra, de mortos e, em nenhum momento, ouvimos essas pessoas duvidarem da bondade e da sabedoria de Deus. Eles não ofenderam a Deus, não questionaram a sua presença, o seu amor, a sua bondade. Ninguém culpou a Deus pelo ocorrido. Ao contrário, todos diziam as mesmas coisas: “só Deus para nos dar forças!”; “vamos recomeçar com a graça de Deus”; “se Deus é por nós, quem será contra nós?”. A todos os que ajudavam, a todos os jornalistas, os petropolitanos espontaneamente diziam, com toda a simplicidade: “Deus te abençoe”. Esse povo simples e sofrido é único em todo o mundo. Quem conhece um pouco da Europa, sabe que a blasfêmia é um dos pecados mais frequentes. Por aqui, nem sabemos o que é isso. Nosso povo sabe que há muitos culpados dessa tragédia; o único que não pode ser responsabilizado é Deus.

O povo de Petrópolis, na verdade, não está no “Morro da Oficina”, mas sim no Monte Calvário. Esse povo está carregando a Cruz, sem perder a fé, a sua natural cordialidade, inclusive com as pessoas mais incrédulas. Essas pessoas não perderam a caridade, a vontade firme de ajudar a todos, mesmo quem aparentemente não tem com o que ajudar. Sabemos que Deus abençoa com a Cruz. E o povo petropolitano foi muito abençoado esses dias. Com o seu sofrimento, a sua fé, a sua esperança e caridade, esse povo está evangelizando o Brasil inteiro e a todos os que acompanham com atenção e coração aberto o que está acontecendo nessa cidade.

Graças a Deus estão chegando ajudas à cidade. Mas há muito o que ser feito. Devemos pedir muito a Deus que a nossa fé seja fortalecida e que a tristeza e o desespero não tomem conta dessas almas tão provadas. Por isso, pedimos a todos que rezem pelo povo de Petrópolis e continuem nos ajudando, para que possamos aliviar a dor dos mais necessitados. Nessa tragédia, morreram ricos e pobres. Pode parecer que não há muito o que fazer, mas, na verdade, a menor ajuda, a oração mais sincera, a presença silenciosa e amiga alivia a dor e fortalece a fé e a caridade. Por isso, pedimos a quem puder nos ajudar, continue com a sua oração, com a sua presença amiga (precisamos de tantos voluntários) e com sua generosidade. Só assim teremos a força de subir o Monte Calvário, para nos oferecer com Cristo, pela salvação nossa e a de toda a humanidade.

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27 fevereiro 2022, 10:24