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Dom Gregório Paixão, OSB Dom Gregório Paixão, OSB 

Dom Gregório: “lutaremos até o fim, todos, sem exceção”

Missa em ação de graças pelos 179 anos de fundação de Petrópolis, na Catedral São Pedro de Alcântara.

Rogério Lima Tosta – Diocese de Petrópolis

O bispo diocesano, Dom Gregório Paixão, OSB, presidiu a missa em ação de graças pelos 179 anos de fundação de Petrópolis, na Catedral São Pedro de Alcântara, concelebrada pelo pároco, Padre Adenilson Ferreira e assistida pelo diácono permanente, Marco Carvalho. Dom Gregório, em sua fala, destacou que a fé é a fonte da união e que neste momento é preciso “coragem para superar todas as coisas”.

Em sua homilia, ao ressaltar a história da cidade construída pela vinda de diversos povos, Dom Gregório Paixão ressaltou a importância da fé em Deus, como fundamento para a reconstrução da cidade. De acordo com o bispo, em meio a beleza do que Jesus revelou (na liturgia do dia 16 de março) é possível falar sobre o aniversário da cidade “onde nós habitamos. Inegavelmente no corre corre da vida, todos nós puxamos cada um para o seu lado em meio aquilo que a vida exige. Nem sempre focamos em um lugar comum, porém, quando uma tragédia ou quando alguma coisa acontece, todos nós precisamos tirar os olhos das direções pessoais, para olhar para a direção coletiva e foi exatamente isso o que Jesus mostrou pelo evangelho de hoje”.

Catedral São Pedro de Alcântara
Catedral São Pedro de Alcântara

Petrópolis, como muitas cidades, foi construída ao longo dos anos pela migração de diversos povos e pelo sonho de construir uma civilização. “Quando olhamos a história da nossa cidade, nesses seus 179 anos, observamos algo fundamental, somos todos migrantes. Sim, embora muitos já tenham nascido aqui nessa terra, todos são filhos de um povo que foi capaz de acreditar em um projeto. Focaram uma cidade e quiseram construir uma civilização na região serrana do Rio de Janeiro. Para cá vieram os primeiros portugueses, depois vieram os alemães, depois vieram os italianos. Muito tempo depois vieram os mineiros. Depois vieram nordestinos. Aqui já estavam trabalhando e lutaram pela sua liberdade, nessa praça que consigo enxergar diante dos meus olhos, a Praça da Liberdade. Ali homens vendiam quitutes junto com suas mulheres já livres para comprar a Liberdade dos seus irmãos. Depois vieram pessoas das mais diferentes localidades e todos foram acolhidos com um só coração e quem experimenta viver em Petrópolis sabe exatamente o que se chama beleza, amizade e acolhimento. Somos filhos de uma terra que soube acolher. Somos filhos de uma terra bela pela paisagem, mas também pelo coração que se abre a todos. Somos filhos de um povo que soube lutar diariamente vencendo inclusive as intempéries do tempo daquilo que sabemos que existe ao nosso lado para reconstruir pedra sobre pedra o sonho de viver alegria estar com aqueles que nós amamos e de um modo especial de saber que seremos capazes sempre de restaurar o novo se estivermos juntos”

A fé foi fundamental para que, aqueles que migraram ou nasceram nas terras petropolitanas pudessem construir a cidade superando todas as adversidades. “Ora meus irmãos e minhas irmãs, todos esses povos que vieram para cá. Quando nós observamos o seu comportamento, aquilo que deixaram para nós escrito e ao mesmo tempo o labor de suas mãos, o labor de toda uma vida, nós entendemos perfeitamente o que os movia para ir adiante. Não tenho dúvida que foi a fé. Essas pessoas acreditaram em Deus. Olharam para o céu, foram capazes de dobrar os seus joelhos e sua cabeça por entender a grandiosidade daquele que tinha um projeto para as suas vidas e assim, sonhando com o próprio crescimento e com o crescimento da cidade, nos deixaram esse legado não apenas pela beleza que contemplamos pelos prédios que vemos ou talvez pelas árvores que nos geram tanta alegria, mas, nos deixaram do patrimônio maior a sua fé e também o seu coração que foi capaz de amar, que foi capaz de trabalhar, que foi capaz de vencer todas as situações para realizar diante de Deus e dos seus irmãos os sonhos que traziam no mais profundo do coração”.

Catedral São Pedro de Alcântara
Catedral São Pedro de Alcântara

Para o bispo de Petrópolis a união de todos é a única forma de superar todos os momentos de dificuldade, inclusive a tragédia do dia 15 de fevereiro que deixou um rastro de 233 mortes. “Hoje olhando para trás nós agradecemos a Deus que sempre esteve presente na vida dos cidadãos que escolheram essa cidade desde o início como cidade sua. Agradeçamos também aos nossos antepassados que souberam alicerçar sobre a égide da fé, a alegria de lutar focando a beleza daquilo que desejavam realizar e a exemplo de Jesus, eles foram capazes de superar a cruz, de superar o monte calvário para viver as alegrias da ressurreição. Só existe um modo de nós comemorarmos esses 179 anos é estarmos unidos pela fé, unidos pela sabedoria, pela inteligência, pela fortaleza, pela ciência, pelo dom do conselho e pelo temor de Deus. Esses sete dons do Espírito Santo que nós devemos colocar diante dos nossos olhos Para transformar todas essas realidades. É verdade, nós ainda choramos os que partiram, porém, eles, nós entregamos no coração daquele que é o Pai de amor e de misericórdia. A todos eles nós queremos que o Pai acolha, para que possam viver na morada eterna, onde superando todo tipo de dor, alegria da contemplação da face de Deus os faça felizes para sempre, como é a vida de todos os justos que com os anjos estão diante do trono louvando a Deus”.

Como faz em todos os momentos, desde os primeiros dias da tragédia, Dom Gregório Paixão afirma que todos vão lutar para dar a segurança aqueles que foram vítimas da tragédia. “Também desejamos acolher aquelas famílias que estão ilutadas, aqueles que perderam tudo. O esforço já está sendo feito, dia após dia, hora após hora, para que eles sejam e tenham aquilo que tanto desejam. Lutaremos até o fim, todos, sem exceção. Poder público e também os particulares para que isso aconteça na vida dos irmãos e finalmente, todos juntos, poderemos dizer pela reconstrução que se dará sim, em Deus a obra nasceu, sim, somos todos petropolitanos vindo de todos os lados, sim, somos todos filhos de Deus, somos todos irmãos prontos a superar as dificuldades para fazer reinar entre nós a sociedade que tanto desejamos, justa e feliz, porque esse é o sonho e o desejo de Deus para todos nós”.

Petrópolis
Petrópolis

Para o bispo de Petrópolis é preciso deixar para as futuras gerações aquilo que os petropolitanos receberam ao longo de sua história, frisando que é a fé o coração aberto. “Assim comemoramos, apesar do coração machucado a beleza de uma história construída até o dia de hoje e que nós, com responsabilidade continuaremos a construir para deixar as futuras gerações aquilo que nós próprios recebemos a fé e o coração sempre aberto a acolher o novo e a doá-lo aquelas pessoas que desejam conosco viver a alegria de um novo tempo”.

A missa contou com a presença do prefeito Rubens Bomtempo, a primeira-dama, Luciane Bomtempo, o presidente da Câmara, vereador Hingo Hammes, Pastor Elton Pothin, da Igreja Luterana e secretários do governo municipal e vereadores. O Pastor Elton lembrou as ações emergências que foram dadas em resposta à tragédia e pontuou que “todos precisam seguir unidos na mesma direção para reconstruir a cidade”.

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18 março 2022, 14:34