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Dom Charles Jude Scicluna, arcebispo de Malta na missa em Floriana Dom Charles Jude Scicluna, arcebispo de Malta na missa em Floriana 

Dom Scicluna sobre presença do Papa em Malta: um desafio que dará frutos

Acolhimento, evangelização, alegria e humanidade: algumas palavras-chave para assinalar os encontros do Papa em Malta e Gozo. "Uma presença que nos deu tanto, uma Graça do Espírito", explica dom Charles Scicluna.

Michele Raviart - Vatican News

As palavras, os gestos e os encontros do Papa com o povo de Malta e Gozo deixaram uma profunda impressão e um forte sentimento de "cura". Assim definiu o arcebispo Charles Jude Scicluna ao final dos dois dias intensos que Francisco transcorreu no arquipélago do Mediterrâneo. Através das suas palavras se sente o calor e a alegria com que o sucessor de Pedro foi acolhido e acompanhado nesta peregrinação sobre os passos do Apóstolo Paulo.

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Como foi a viagem? O que marcou o senhor?

“Vou dizer a vocês como as pessoas se sentiram: foi um momento de graça muito poderoso e uma grande responsabilidade, porque recebemos tanto das palavras, dos gestos, da presença tão calorosa e cordial do Papa, e essa é uma herança que também se torna uma responsabilidade para nós. Temos agora de fazer crescer esta semente que o Senhor, na sua misericórdia, plantou no sulco que é a Igreja em Malta e Gozo.”

O senhor acompanhou o Papa Francisco em todas as fases da viagem. Qual foi o momento que mais o impressionou?

“Devo dizer que há muitos momentos que me vêm imediatamente à mente. Eu, no início, assim que o Papa aterrou, lhe pedi - porque eu carregava no coração os pedidos e as orações de tantas pessoas - que intercedesse pela cura física e espiritual de todos nós. Eu disse: ‘Vossa Santidade, nos dá a cura de que necessitamos?’ E devo dizer que a relação do Papa com o povo, o abraço do povo com o Papa, trouxe consigo este forte sentimento de uma reconciliação que era imperceptível, mas certamente presente graças à força do Espírito. O que me confortava nessa convicção era a alegria no rosto das pessoas enquanto o Papa passava. Nas ruas das ilhas de Malta e Gozo havia uma alegria nos idosos, nos doentes, nos jovens e nas crianças, uma alegria que só o Espírito pode dar.”

O senhor falou da importância do tema da "cura", que está intimamente ligado ao do acolhimento. Refiro-me à passagem dos Atos dos Apóstolos em que Paulo, após ter sido acolhido, chega a Malta para ser "curado". Então, foi realmente uma viagem do acolhimento?

“Antes de mais nada, o Papa foi recebido com um calor humano extraordinário. Mas é um calor humano que responde ao calor humano e espiritual deste grande pastor que é o Papa Francisco. Claro que o acolhimento, como ele também nos disse na sua homilia deste domingo, não vem tão ‘barato’. Tem um preço, uma responsabilidade, um compromisso, e esse é um desafio que nós aceitamos porque também significa viver como cristãos. Preparamo-nos agora para a Santa Páscoa: essa nossa experiência vivida com o Papa em solo maltês, no coração do Mediterrâneo, compromete-nos a fazer frutificar no Espírito a alegria do Senhor Ressuscitado, que ninguém nos pode tirar.”

A alegria da evangelização foi o tema, se quisermos descrever, de muitos momentos. O Papa repetiu isso muitas vezes no santuário de Gozo, recordando que, para um cristão, estar ancorado nas raízes não significa estar ancorado no passado...

“Sim, ele repetiu como um refrão: ‘a alegria da Igreja é a evangelização’. Eu disse aos meus irmãos bispos que nisso já temos um plano pastoral para o futuro: anunciar a Boa Nova com o testemunho da paz interior que não escapa, não ignora a cruz, mas carrega a cruz, carrega o fardo da vida, com serenidade e também com alegria.”

Além do tema do acolhimento, o Papa também demonstrou grande atenção ao que está acontecendo no mundo: o Papa mencionou o naufrágio registrado na costa da Líbia, e falou da guerra na Ucrânia. Que importância tiveram essas palavras?

“São palavras lapidares que atingem não só a consciência da sociedade maltesa, mas também a consciência dos países próximos ao Mar Mediterrâneo e à Europa, porque são um apelo a uma ‘civilização da humanidade’. O Papa nos disse claramente: ‘se nós deixamos que os nossos irmãos e irmãs sejam vítimas de naufrágios, também nós seremos vítimas do naufrágio da nossa própria civilização, porque a humanidade que nos faz aquilo que somos irá faltar’.”

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04 abril 2022, 10:05