Pelos profissionais da saúde
Frei Darlei Zanon - Religioso Paulino
Nos últimos dois anos vivemos sufocados pela situação de pandemia mundial. Muitas dores e perdas, sofrimentos incalculáveis, em um contexto que nos fez refletir sobre tantas questões, sobretudo a importância e o valor dos profissionais da saúde. É exatamente por eles que o Papa nos convida a rezar neste mês de abril. Mais especificamente, através do seu vídeo do mês, Francisco pede para rezarmos “para que o compromisso do pessoal de saúde na assistência às pessoas doentes e aos idosos, sobretudo nos países pobres, seja apoiado pelos governos e pelas comunidades locais”.
Essa intenção de oração se associa à mensagem para o Dia Mundial do Doente, celebrado na festa de Nossa Senhora de Lourdes, no último dia 11 de fevereiro. Vale a pena recordar que o Dia Mundial do Doente foi instituído há exatos 30 anos, por João Paulo II, para “sensibilizar o povo de Deus, as instituições sanitárias católicas e a sociedade civil para a solicitude com os enfermos e quantos cuidam deles”. A mensagem do Papa para este ano 2022 – que teve por tema «“Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36) Colocar-se ao lado de quem sofre num caminho de caridade» – nos convida a confiar em Deus, especialmente na situação de doença, dor e sofrimento, pois Ele é misericordioso e “cuida de nós com a força dum pai e com a ternura duma mãe, sempre desejoso de nos dar vida nova no Espírito Santo”.
A particular atenção aos doentes marcou a vida pública de Jesus e por isso foi assumida como prioridade pelos seus discípulos, desde os primeiros apóstolos até nós hoje. E aqui é importante recordar e valorizar todos os envolvidos na Pastoral da Saúde, presença constante e animadora para os doentes. Certamente cada um de nós recorda de alguma situação em que um membro dessa Pastoral foi de grande ajuda e apoio para nós ou um dos nossos familiares.
Além dos agentes da Pastoral da Saúde, o Papa nos exorta a recordar e rezar por todos os profissionais da saúde. Especialmente neste tempo de pandemia, pudemos comprovar como eles são essenciais. Muitos doentes, isolados das suas famílias e do afeto dos mais queridos, tiveram ao seu lado apenas o pessoal da saúde. Multiplicam-se pelo mundo os testemunhos de como esses profissionais foram importantes no auxílio não só físico mas também espiritual dos pacientes. Foram eles o rosto visível da misericórdia e do amor de Deus em muitos momentos. Na sua mensagem para o Dia da Saúde, o Papa agradeceu esses profissionais reconhecendo que “o serviço deles junto dos doentes, realizado com amor e competência, ultrapassa os limites da profissão para se tornar uma missão”.
Na mesma mensagem o Papa recordou, porém, que “nalguns países, receber adequados tratamentos continua a ser um luxo”. E aqui chegamos à exortação central da intenção de oração deste mês: que o pessoal da saúde seja apoiado pelos Governos e pelas comunidades locais. As instituições sanitárias católicas em primeiro lugar devem ser aquelas que valorizam e apoiam os profissionais, mas é importante sublinhar o papel dos Governos na garantia deste direito fundamental previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 (artigo XXV) e na nossa Constituição Federal, cujo artigo 196 afirma: “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”. Esse direito foi uma conquista do movimento da Reforma Sanitária, concretizado na criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Portanto é fundamental defender o SUS e colaborar para a sua melhoria e ampliação contínua, como forma de garantir a todos, indistintamente, acesso à saúde e qualidade de vida.
Unamo-nos ao Papa Francisco, rezando ao longo deste mês por todos os médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório, auxiliares, cuidadores, agentes de pastoral e tantas outras pessoas que se dedicam ao cuidado dos doentes como verdadeira vocação e missão. A todos eles o nosso reconhecimento e preces.
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