Ucrânia: a paz nasce da fraternidade
Vatican News
"Um sinal eloquente e evocativo emerge da marcha pela paz realizada em Lviv: a iniciativa foi proposta por associações católicas e laicas que, embora provenientes de caminhos diferentes, se uniram; este já é um primeiro resultado importante que fez entender que diante de pessoas que sofrem e morrem, não bastam palavras ou talk shows, mas são necessários gestos concretos. Toca-se a carne dos que sofrem e este gesto concreto é seguido com grande atenção por aqueles que mostram que estão cansados da guerra."
Este é o comentário do arcebispo de Bari, no sul da Itália, dom Giuseppe Satriano, que esteve presente na Ucrânia de 1º a 3 de abril com a marcha pela paz "Parar a guerra”, promovida pela Associação Papa João XXIII, à qual se juntaram mais de 150 organizações da sociedade civil italiana, católicas e leigas.
Testemunhar o desejo de construir a paz
A caravana de mais de 60 veículos, com mais de 220 pessoas, chegou no sábado, 2 de abril, ao centro de Lviv, a 80 quilômetros da fronteira com a Polônia, para entregar centenas de quilos de medicamentos e alimentos. De lá, os micro-ônibus, esvaziados das doações, foram lotados de pessoas que haviam decidido deixar o país em guerra e buscar asilo na Europa.
O arcebispo Satriano decidiu participar da iniciativa de paz, compartilhando o cansaço, mas também a satisfação de fazer uma viagem junto com outros para dar testemunho do desejo de construir a paz.
"Além das críticas que muitas vezes são eivadas pela especulação ideológica, é importante notar que - diante de uma política que se mostrou pequena, obtusa e míope quando não submissa aos interesses mercantis - o gesto dessas pessoas lança um grito: ou seja, através desse caleidoscópio de diversidade e beleza, a fraternidade pode ser tecida".
Fratelli tutti: somos todos irmãos, estamos todos interligados
"A fraternidade - diz o arcebispo da cidade da Puglia - pode ser o futuro da história que estamos vivendo. É um tema, o da fraternidade, que permite a convivência de pessoas com histórias e sensibilidades diferentes - continua o prelado -, "inclusive porque o Papa Francisco, com a 'Fratelli tutti', retirou deste termo um interesse puramente cultural e elitista, assim como uma interpretação puramente religiosa. O Pontífice enfatizou, portanto, um conceito muito simples e muito forte, isto é, que somos todos irmãos e, portanto, todos interligados."
"A palavra fraternidade sempre fez parte do mundo da Igreja, assim como faz parte da herança da Revolução francesa, mas agora vejo que este povo diversificado da paz se reuniu em torno desta palavra para agir, para restituir a dignidade aos outros. Para realmente construir a paz e não apenas para falar sobre ela", conclui dom Satriano.
(com Fides)
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