Paraíba: jovens e casais promovem Ação Missionária Evangelizadora em Massaranduba
Luiz Felipe Bolis* - Vatican News
Os primeiros ventos de maio chegam de mansinho à Vila Maria da Luz, loteamento às margens da BR 230 pelos entornos territoriais de Massaranduba. A vida acontece dentro do silêncio de um meio de tarde de domingo.
Ainda que vejam “como por um espelho” e por um reflexo inexato a missão que lhes aguarda, os corações de vinte missionários são sondados pelas certezas de que o aqui e o agora escrevem novas histórias nos núcleos de muitas famílias pela redondeza e de que uma Igreja em saída é chamada a enveredar pelo condomínio recém-erguido. São sinais de fé, esperança e caridade emanados na essência do capítulo 13 de I Coríntios e partilhados, em sinal de preparação, pelos evangelizadores da Paróquia Santa Teresinha, pertencente à Diocese de Campina Grande, na Paraíba.
O sol paraibano despeja um mesmo amarelo vibrante por caminhos de terra e de asfalto. Nuvens nubladas se vão tão rápidas quanto chegam. Casas distantes umas das outras, dos centros comerciais e dos agitos do final de semana. Um arco-íris sobre as linhas de algum horizonte distante e uma voz feminina que menciona a bíblica aliança de Deus com a humanidade. É 01 de maio. É dia de São José Operário. É mês de Maria. É a Sagrada Família a caminho de outras famílias pela Palavra e pela Eucaristia.
Os discípulos de Massaranduba, em sua maioria representantes do Setor Juventude Paroquial e do Encontro de Casais com Cristo (ECC), se deslocam para as casas em grupos com mais de duas pessoas nos propósitos de uma Ação Missionária Evangelizadora (AME). Batem palmas na esperança de que as portas se abram para um encontro com o outro que se torna amado mesmo antes de ser conhecido.
Lá se foram uma, duas, três residências habitadas por pessoas e desabitadas por respostas. A quarta casa se faz a primeira e um quadro de Nossa Senhora de Fátima na sala acalenta uma senhora sobre a maca no cômodo com um fêmur em recuperação. O casal da casa cuidadosamente a põe em posição sentada, os jovens netos observam. Na Igreja Doméstica tem início um pleno momento de oração e olhos brilham com o convite da celebração eucarística em alguma casa ali próxima nos fins da tarde, enquanto o projeto de uma capela dedicada a São João XXIII na comunidade ainda se encaminha. A senhora acamada se anima com a possibilidade de ir pelos apoios de uma cadeira de rodas.
A tarde passeia na direção de três jovens e se sente a presença viva de Jesus a cada passo. É raro avistar algum missionário de um outro grupo. Sabe-se que estão imersos na profundidade de algum rio de alma lançando as redes do anúncio querigmático.
“Quando eu olho para a cruz, eu vejo amor”, proseia uma senhora sobre as marcações do terreno que em breve cobrirá a casa de sua família. Seus parentes observam as delicadezas de suas reflexões e mergulham na fé de uma Ave Maria. Segundos após as despedidas, uma jovem com um filho em seus braços sublinha alegremente: “O terreno da minha futura casa está abençoado, graças a Deus!”.
Os missionários não param. Eles têm a fé agricultora que tateia espaços humanos para semear o amor de Cristo. Desânimo e cansaço não os perseguem. Enquanto houver tempo, há esperança, há fé, há amor, há vida, há água do Espírito e alimento da Palavra para sedes e fomes dos interiores de cada gente.
Uma mulher os observa a alguns metros dentro de casa; sensibiliza-se por suas presenças ali diante das brechas do portão, de modo que se esforça ao máximo para dar passos rumo ao jardim em uma cadeira de rodas, sendo logo acompanhada pela filha e pelo esposo. Outra residência lança olhares quietos de cachorros filhotes para os missionários, acompanhados das revelações de seu dono: “Eu tô vendo aí para eu me batizar, porque eu ouvi dizer que para ir pro Céu a gente tem que ser batizado”.
A melancolia e o refrigério dos ares visitam a Vila Maria da Luz à medida que avançam as horas. Em meio ao deserto se encontra um oásis. Um grupo de crianças entre 5 e 12 anos aproveita o tempo longe das escolas para pedalar e extrair os melhores momentos da vida com as brincadeiras da infância. Seus olhares se mantêm atentos às histórias de fé contadas pelos jovens adultos sobre Jesus, Santa Teresinha, Maria e tantos temas. Mais que ouvir e acumular palavras no coração, eles saem apressadamente rumo aos seus pais para espalhar a Boa Nova e logo decidem seguir os rumos por onde a moça e os dois rapazes passam, como bons amiguinhos de Cristo que são.
“Eu estava com muita vergonha, nervosa e com medo de como as pessoas iam receber a gente, mas eu me surpreendi com cada casa que a gente foi, que recebeu a gente muito bem. Cada casa foi diferente”, pontua Jaqueline Marcelino, 39, moradora local e evangelizadora. Aqueles que doaram a sua fé por meios das ações agora se reúnem para a partilha do lanche e das muitas experiências da tarde momentos antes da Santa Missa com o Padre José Alexandre Moreira, pároco de Massaranduba/PB.
Com três filhos e um neto, Jaqueline se alegra com as inspirações do Espírito Santo, especialmente em uma das casas em que pôde dedicar gestos fraternos e conselhos a uma mãe em profundo sofrimento pelo luto de um filho, vítima de um acidente fatal na rodovia poucas semanas antes. A felicidade se estampa no rosto do seu José Miguel, de 12 anos, e então o acólito coroinha e fã dos Vingadores diz: “Eu gostei da missão, porque eu gosto de ajudar as pessoas”.
A homilia da Santa Missa evoca o capítulo 21 do Evangelho de São João, no qual, a pedido de Jesus Cristo, os discípulos lançam a rede ao mar para apanhar peixes e que sela a missão confiada a Pedro de apascentar o rebanho do Senhor. As ações realizadas à tarde refletem as palavras bíblicas e o sacerdote afirma que serão muitos os frutos no coração de todos que acolheram os missionários em suas casas. O céu vai aos poucos se vestindo com o manto da noite e a gratidão dos que recebem o Corpo de Cristo em seus corações faz do domingo um dia ainda mais abençoado pelas mãos do Criador.
*Pascom da Paróquia Santa Teresinha de Massaranduba/PB
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