Busca

"Temos santos homens que se dedicam e se dispõem ao diaconato", afirma dom João Francisco Salm "Temos santos homens que se dedicam e se dispõem ao diaconato", afirma dom João Francisco Salm 

Diaconato permanente: grande força no Brasil, mas com limites na formação

As realidades são muito diferentes no país, com grandes contextos e dimensões, alerta dom João Francisco Salm, presidente da Comissão dos Ministérios Ordenados e da Vida Consagrada da CNBB: "formar alguém para ser diácono na Amazônia é diferente daquele para ser diácono no Leste ou no Sul. É uma grande oportunidade e de um valor imenso, mas me parece que o grande desafio é a formação, como em tudo na Igreja".
Ouça a reportagem e compartilhe

Andressa Collet - Vatican News

"Os diáconos permanentes são uma grande força no Brasil e temos homens bons, admiráveis, santos homens que se dedicam e se dispõem ao diaconato", afirma dom João Francisco Salm, presidente da Comissão dos Ministérios Ordenados e da Vida Consagrada da CNBB, ao ilustrar a realidade desse ministério em âmbito nacional. A preocupação do também bispo de Novo Hamburgo/RS é no que tange à formação diaconal porque, segundo ele, as escolas têm seus limites:

"O limite do tempo: é um curso que tem um programa limitado de teologia, por exemplo. Temos o problema das distâncias: os diáconos dos interiores do Brasil não têm a possibilidade de frequentar um tempo de escola e depois voltar para casa. As realidades também são muito diferentes: formar alguém para ser diácono na Amazônia é diferente daquele para ser diácono no Leste ou no Sul. É uma grande oportunidade e de um valor imenso, mas me parece que o grande desafio é a formação, como em tudo na Igreja."


Dupla sacramentalidade e boa formação

Dom João reforça, assim, que melhorar a preparação dos diáconos - assim como acontece com o presbiterato, por exemplo - é melhorar a formação de "grandes homens da Igreja" em diferentes dimensões: teológica, de conhecimento da fé, de conteúdo, de formação humano-afetiva, pastoral e missionariedade. São etapas de um processo formativo que não dá espaço para a criação de "'meio-sacerdotes', nem 'acólitos de luxo', mas servos cuidadosos", como já descreveu o Papa Francisco em discurso dirigido aos diáconos da diocese de Roma, em junho de 2021. O Pontífice alertava sobre a importância de não ser padre de segunda categoria, mas um servo humilde, que não "procura as filas da frente", mas se entrega ao serviço e à caridade, sendo também "bom esposo e bom pai" dentro de casa. Uma dupla sacramentalidade que precisa de formação, explica dom João:

"O diácono tem uma vida muito exigente, porque além dele ser esposo, tem filhos, quando é avô, tem netos, tem vizinhos, tem uma comunidade, atua numa paróquia, tem que estar à disposição da diocese; na paróquia, por exemplo, muda o pároco que nem sempre sabe lidar com a presença de um diácono permanente; muda o bispo... Então, o diácono tem que ser um homem muito flexível, muito maduro; humanamente falando, tem que ser alguém muito equilibrado e sereno, tem que ter uma boa espiritualidade: deve ser penetrado do Espírito Santo e de Jesus para poder viver essas diferentes realidades. Ele é do clero, mas é do meio do mundo: ele vive a dupla sacramentalidade. Ele é mais ou menos assim: o portão por onde se entra e sai para estar dentro da igreja e no meio do mundo."

São passos grandes que esses homens devem dar, disse dom João, sempre olhando com muita esperança para a realidade do diaconato permanente no Brasil:

“A esperança é que nos leva a ir em frente. Nós temos certeza que Cristo está conosco, há algo de novo a surgir e nós devemos estar abertos para acolher. O Papa diz para estarmos abertos e preparados para as surpresas de Deus.”

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

31 maio 2022, 13:18