Bispos do Norte1 e Noroeste encerram visita ad Limina ao Vaticano
Padre Modino
Os bispos dos Regionais Norte1 e Noroeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) encerraram nesta sexta-feira, 24 de junho, sua visita ad limina, que iniciaram na segunda-feira, dia 20, com um encontro com o Papa Francisco que podemos considerar de grande importância, pois foi lá, segundo revelou Dom Roque Paloschi em entrevista a Vatican News, que o Santo Padre disse que não tem intenção de renunciar ao pontificado, uma especulação presente nas últimas semanas em diferentes meios de comunicação.
Um encontro com o Papa Francisco marcado pela extrema cordialidade, segundo Dom Edson Damian, que lembrou a liberdade presente nas mais de duas horas de conversa com o Santo Padre. Segundo o presidente do Regional Norte1 da CNBB, “as visitas a todos os dicastérios, elas foram muito boas, pois em todos eles se respira a Praedicate Evangelium, a Cúria Romana a serviço do Papa e das conferências episcopais”. O Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira destaca que “eles nos deram a liberdade para falar e para expor nossas preocupações e nos escutar com muito respeito e atenção”.
O Presidente do Regional Norte1 enfatiza que “é um tempo novo para nossa Igreja”, junto com isso afirma que “voltamos para a Amazônia com muita esperança, com muita alegria, e sabendo que aqui nos escutam e vão nos ajudar muito, sobretudo para aplicar as conclusões do Sínodo para a Amazônia, a enculturação do Evangelho, a liturgia incluturada, e incluso insistem em que façamos um rito amazônico para as nossas Igrejas”.
Em relação com isso, o último dia aconteceu o encontro com o Dicastério do Culto Divino y Disciplina dos Sacramentos, presidido por Dom Arthur Roche, que começou fazendo “uma recepção especial ao meu ‘novo’ confrade de 27 de agosto”, Dom Leonardo Ulrich Steiner, que junto com ele será criado cardeal no próximo consistório. O encontro, mais uma vez em um clima de diálogo fraterno, quis responder aos relatórios quinquenais enviados pelos bispos, tendo como base o Motu Próprio Traditionis Custodes e Antiquum ministerium.
Segundo afirmou o prefeito do dicastério no discurso inicial, os relatórios enviados mostram o grande número de catequistas e ministérios. Ele também abordou a atual situação do Brasil e convidou os bispos a partilhar sobre como a pandemia marcou a vida litúrgica das Igrejas. Seguindo as conclusões do Sínodo para a Amazônia, diante da falta de Eucaristia em muitas comunidades, o Dicastério está aberto à discussão em relação com isso. Mons. Roche foi abordando os diferentes sacramentos e chamou os bispos a investir em formação litúrgica dos padres, seminaristas e leigos.
Junto com isso, o cardeal eleito valorizou o processo de iniciação cristã e a piedade popular no Brasil, criticando “essas mentalidades fechadas [que] usam esquemas litúrgicos para defender seu próprio ponto de vista”, ressaltando que “adaptações são uma coisa, reescrever o roteiro é outra”. Finalmente, insistiu aos bispos em que não estão sozinhos, em que sua responsabilidade é local, mas também universal, em que caminhar juntos, esta é a nossa força, e que “o Santo Padre e este Dicastério estão convosco, a vosso serviço”.
Ser Igreja que evangeliza, um elemento chave, respondendo à realidade atual, que muda constantemente, daí a importância de caminhar junto com o Dicastério para a Evangelização, outro dos encontros realizados no último dia, presidido pelo Cardeal Fisichella.
Evangelizar na atual realidade brasileira, conhecida pela Secretaria de Estado, com quem os bispos partilharam a situação do povo da Amazônia, que “continua vivendo de forma precária devido às políticas públicas que não favorecem nossos povos tradicionais, indígenas, ribeirinhos, caboclos, quilombolas e outros”. Uma terra “esquecida e explorada por interesses econômicos espúrios, tirando suas riquezas naturais, sem priorizar a vida do ser humano que ali habita”.
Os bispos foram relatando os ataques à Amazônia, a sua biodiversidade e aos seus povos, a realidade dos migrantes, do sofrimento provocado pela pandemia, também na economia, em um povo esquecido e abandonado, mais uma vez. Uma realidade que faz com que a pobreza aumente, o que também dificulta a manutenção das estruturas eclesiais.
Uma visita marcada pela comunhão, segundo Dom Leonardo Steiner, que ao analisa-la, afirmou que “o espírito de comunhão cresceu muito, já vinha crescendo com o Papa Francisco, onde se escuta mutuamente e aonde se dialoga. Esse espírito, ele esteve presente em todos os momentos, ao começar pelo Santo Padre, que depois de ouvir, ele deu sempre uma palavra, e assim em todos os dicastérios”.
O Arcebispo de Manaus insistiu na admiração dos dicastérios diante da extensão de algumas dioceses e uma palavra de gratidão para os bispos, “que vivem como grandes missionários, de maneira simples, que se deslocam pelos rios, às vezes quinze dias para alcançar uma última comunidade”, algo que surpreendeu aos dicastérios, que insistiram em que “estão aqui em Roma, na Cúria, ao serviço da Igreja”.
Dom Leonardo destacou que “esse modo de compreender o próprio serviço da Cúria, isso que mudou, e isso é muito bom para nós que vivemos na região, mas especialmente para aquele bispo que vive lá no interior, que precisa lutar tanto para poder alcançar as comunidades, sofre com a questão económica, sofre com a falta de clero, mas receber uma palavra de ânimo, eu acho que isso é muito bom”. Ele destaca o bem que esse espírito fez, essa comunhão que se criou, a palavra de encorajamento do Papa, insistindo em que “ele está conosco”, algo que ele experimenta em sua nomeação como cardeal, que não vê como um mérito pessoal e sim como um gesto do Papa com a Amazônia.
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