O VIII Seminário Internacional da Tríplice Fronteira – Tráfico de Pessoas, ameaça invisível
Vatican News
O tráfico de pessoas tem tomado cada vez mais a pauta de discussões dos Organismos Internacionais e é um desafio para os governos de diversos países no sentido da criação de mecanismos para prevenir, coibir e atender às vítimas oriundas, na maioria das vezes, das camadas mais vulneráveis da sociedade.
Na Tríplice fronteira a temática do tráfico de pessoas tem sido abordada em programas desenvolvidos por organismos internacionais ao longo da última década, o que tem contribuído para dar maior visibilidade a este tema e possibilitado o engajamento de diferentes atores no enfrentamento desse crime tão cruel.
Mas foi a partir da Campanha da Fraternidade de 2014 – que teve como objetivo o tráfico de pessoas – que a Cáritas diocesana de Foz do Iguaçu e a Câmara Técnica de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (CTETP), com o apoio técnico e financeiro da itaipu Binacional, vêm realizando anualmente Seminários, formação de agentes e intervenções urbanas com uma ampla participação das organizações trinacionais.
O VIII Seminário Internacional da Tríplice Fronteira – Tráfico de Pessoas, ameaça invisível, realizado na modalidade híbrida, presencial e através do canal Youtube do IDESF, teve por objetivo integrar a sociedade civil, autoridades do judiciário, ministério público, órgãos de acolhimento, para atender a problemática do tráfico de pessoas nos três eixos: prevenção, acolhimento às vítimas e responsabilização dos grupos criminais.
Esta edição é fruto do trabalho realizado pela Câmara Técnica de Enfrentamento ao Tráfico de pessoas de Foz do Iguaçu, coordenada pela Caritas Foz do Iguaçu e vinculada ao Gabinete de Gestão Integrada Municipal – GGIM, e composta por um grupo de organizações de Foz do Iguaçu, entre elas o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras – IDESF, Guarda Municipal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Casa do Migrante, Secretária Municipal dos Direitos Humanos, Grupo Jocum, Polícia Militar e conta com patrocínio da Itaipu Binacional.
Foi excelente a participação no Seminário que contou com 256 inscrições no formato presencial e 594 inscrições no formato online. O debate, mediado pelo Senhor Luciano Stremel Barros, Presidente do IDESF, contou com a participação de representantes do Ministério da Justiça, Polícia Federal, Assistência Social do Município, Pesquisadoras, Ministério Público do Paraguai e Consulado Americano em São Paulo.
Denúncia grave de tráfico de pessoas foi apresentado pela Dr. Maria Magdalena Quiñonez, do Ministério Público do Paraguai: há um grande número de cidadãos do Paraguai, inclusive menores de idade, sendo traficados e levados para São Paulo para trabalhar em tecelagens, com jornadas exaustivas e condições degradantes de trabalho, devendo dormir ao lado da máquina de costura.
Na conclusão do debate viu-se a necessidade de integrar e aproximar os órgãos do Poder Judiciário, Ministério Público, Órgãos de Acolhimento, Segurança Pública, Assistência Social, Sociedade Civil e Comunidades Religiosas para que juntos busquemos formas de atender as vítimas, prevenir este mal e responsabilizar os grupos criminais.
No Brasil, enfrentar o problema do tráfico de pessoas significa congregar todos os setores da sociedade bem como as organizações governamentais e não governamentais criando uma rede articulada de serviços, sendo esse inclusive um dos principais objetivos do III Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
Este é um grande grito de toda a sociedade contra a cultura da indiferença que torna o outro invisível e apresenta ações que visam restaurar a dignidade humana, aviltada por pessoas sem escrúpulos que tratam o outro como objeto, salientou o Bispo diocesano de Foz do Iguaçu, que concluiu com palavras do Papa Francisco: o tráfico de pessoas é descer a escada, tocar o fundo, tornar-se animalesco..
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