Dom Sorrentino: Economia de Francisco será um big bang para o mundo
Amedeo Lomonaco - Assis
"Está claro que no mundo algo não anda bem também no lado econômico. Há uma economia que cresce só para alguns, enquanto há um grande número de pessoas que sofrem. O planeta também sofre, pois não suporta mais esse ritmo. O Papa Francisco, recordando a mensagem do Evangelho traduzida de forma original por São Francisco, quis reunir em Assis jovens economistas dos cinco continentes .O Papa quis jogar a carta dos jovens que têm o talento, o entusiasmo, o futuro. Esperamos que deste grande encontro, como que um big bang, uma grande esperança para o mundo".
Essa é a consideração de Dom Domenico Sorrentino, bispo da Diocese de Assis, Nocera Umbra e Gualdo Tadino, ao comentar a grande mensagem da "Economia de Francisco", evento desejado pelo Papa, em andamento na cidade da Úmbria até 24 de setembro. Cerca de 1000 jovens de 120 países chegaram a Assis para repensar a economia e dar uma autêntica substância ao futuro, valendo-se dos valores indicados nas Encíclicas Laudato si' e Fratelli tutti.
Assis, nestes dias, é a capital de uma nova visão no âmbito econômico. A esperança é que haja um novo "big bang" para a economia, para o planeta...
É uma esperança que é movida por uma fé: o Papa acreditou nos jovens porque acredita em Deus. Os jovens podem ser a sua voz, a sua profecia. Há a necessidade de falar uma nova linguagem que deve inspirar-se na escuta das grandes orientações dadas pela Palavra de Deus. A maior delas é o amor, que resume todas. E deve também inspirar-se na escuta da realidade, uma realidade que inquieta. Existe uma economia que, em alguns aspectos, está crescendo e uma tecnologia que atingiu níveis incríveis. Mas é um desenvolvimento concentrado em pouquíssimas mãos com uma grande parte da humanidade que, em vez disso, rasteja. Há milhões de pobres que não têm o mínimo, não têm dignidade. E depois há um planeta que grita porque sofre. Estamos todos experimentando os efeitos extremos dessa falta de resrespeito. O Papa Francisco vem aqui com a esperança de que jovens economistas e empresários, colocando suas vidas em risco, possam fazer um exame de consciência fazendo um pacto. Um pacto entre eles e com o Papa.
Estamos na cidade de São Francisco e os jovens que vêm de todo o mundo recebem seu último livro intitulado "La Porta di Francesco"...
É uma meditação que parte de uma reflexão sobre o que Francisco fez quando decidiu despojar-se de tudo até a nudez por Deus e pelos pobres. E é algo que hoje volta à tona também graças a uma redescoberta dos lugares reais onde isso aconteceu. Esses lugares foram cobertos pela história e não eram mais visíveis. Tivemos a oportunidade, graças às escavações arqueológicas ainda em andamento, de redescobrir a porta que Francisco cruzou no dia em que fez esse ato radical e profético do despojamento. Uma porta que depois o viu como testemunha também em outras duas ocasiões muito importantes. Em uma delas ele reconciliou a cidade que estava em meio a uma grande divisão. Na outra, no final da vida, antes de ir para a Porciúncula. Essa porta é uma grande inspiração. Este livro "La Porta di Francesco" quer indicar aos jovens que na vida devemos assumir a responsabilidade de uma escolha.
Coloquemo-nos precisamente diante daquela porta: São Francisco se despojou para recordar o que é realmente essencial. Mesmo a economia tem necessidade de se despojar de muitas coisas, como especulações, injustiças e desequilíbrios...
São Francisco, com seu despojamento, não deu um pontapé na economia, mas sim na má economia, recriando-a com o princípio do Evangelho. Economia, em sua raiz etimológica, significa administração da casa. Como se administra uma casa? Uma casa é um lugar de fraternidade onde estão os pais, os filhos, os irmãos. O mundo é a nossa casa comum. Somos irmãos e o mundo deve ser administrado com este princípio. Uma fraternidade que Francisco estendia também às coisas: irmão sol, irmã lua...
Poderíamos acrescentar irmã economia...
De alguma forma, irmã economia. E com a fraternidade nessa visão da economia. Não é por acaso que o Papa Francisco, depois da Laudato si', nos deu a Encíclica Fratelli tutti ao vir assiná-la aqui em Assis. A nova economia que todos fazemos votos que nasça, mesmo deste grande evento, está centrada neste conceito. É uma economia profética porque surge do que Deus sonha para o mundo. É uma economia fraterna para que o mundo possa ser visto na lógica da fraternidade.
A fraternidade também poderia ser concretamente um valor econômico?
Certamente, e sublinhamos isso precisamente no Santuário do Despojamentp, instituindo um prêmio intitulado "Economia da fraternidade" e colocando-o sob a proteção de São Francisco e do Beato Carlo Acutis, cujos restos mortais jazem no Santuário do Despojamento. O prêmio consiste em destacar as realidades em que, a partir do pouco, mas com o capital da fraternidade, foi possível gerar um projeto significativo para o desenvolvimento de um território. Este ano premiamos uma bela iniciativa nos arredores de Manila onde as pessoas, com a ajuda da Igreja local, montaram uma pequena empresa que emprega pessoas com deficiência naquela realidade. Nesse caso, as pessoas com deficiência não são apenas destinatárias, mas também protagonistas. E depois foi desenvolvido um projeto ecológico. A fraternidade é um capital do ponto de vista econômico.
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