Economia de Francisco: “o desejo de realmar a economia atual”
Padre Modino - Vatican News
Assis mostrou que "o processo da nova juventude pela Economia de Francisco já está em andamento e será irreversível". Assim diz Emilce Cuda, para quem o desafio é "manter a unidade respeitando as diferenças". Segundo a secretária da Comissão para a América Latina, "isto significa não se deixar dividir por velhos fantasmas ideológicos, que pertencem a outra geração, caindo na tentação do “indrietismo”, como o Papa Francisco lhe chama". A partir daí ela conclui que está "convencida de que nossa juventude vai fazer história".
Uma juventude que apresentou o que experimentou nos últimos dois anos, como fez Eduardo Brasileiro diante dos mais de mil participantes do encontro. Em suas palavras, ele argumentou a favor da necessidade de que a Economia de Francisco e Clara aterre “nas nossas realidades”, apostando em “desenvolver cada vez mais um olhar específico, particular e ao mesmo tempo universal sobre o que é necessário para nossas comunidades, nossos bairros viverem, terem vida”. Citando Paulo Freire, algo que despertou os aplausos do público: “como minha cabeça pensa, onde maus pés pisam”, Brasileiro defendia “uma inversão de prioridades, onde as pessoas saiam dos seus lugares de conforto e vão viver o chão, os caminhos das periferias”.
Mais do que pontes entre o Centro e a Periferia, se faz necessário “uma ponte primeiro e prioritariamente entre as periferias, para elas trazerem o centro para dentro delas e não ir atrás do centro”. Isso demanda “construir uma nova forma de mercado mais relacionado aos territórios, uma economia que tem escala e alcance global, mas que ao que ao mesmo tempo seja genuína da comunidade”. E desde a perspectiva de Clara, buscar “uma economia a partir dos de baixo, um desenvolvimento regional, integrado, sustentável e justo”.
“3 dias de abraços, encontros e diálogos pessoais”, segundo Luiza Udovic Bassegio. Ela insiste em que “a Economia de Francisco é aquela que sabe ouvir”, com uma dimensão pessoal e coletiva. Uma Economia que busca “reafirmar nosso compromisso de tornar realidade o sonho de economia de Francisco”, segundo a membro do Grito dos Excluídos Continental e Rede Jubileu Sul Brasil.
Em maio de 2019, o Papa Francisco “desejou o início de um processo de reflexão e de caminho de ações concretas” visando uma nova economia, “o desejo de realmar a economia atual”, segundo Klaus Raupp. O advogado com pós graduação em ética teológica, seguindo a imagem de São Francisco diante do Cristo de São Damião, afirma que estamos diante de “uma economia que está em ruinas”. Um capitalismo financeiro que já não dá mais conta das relações atuais, afirma Klaus, que lembra as palavras do Papa Francisco em Fratelli tutti onde fala de um modelo ultrapassado, dogmático, ou em Evangelii Gaudium chama de economia que mata.
Ele destaca o desejo do Papa junto da juventude de que “se inicie um processo de reflexão e de caminho de ação concretas nessa direção de uma nova economia”. O jovem brasileiro participa de um grupo de discussão do papel do Estado à luz da Doutrina Social da Igreja e da Economia de Francisco. Uma proposta que busca ter continuidade buscando “ter incidências práticas no âmbito local, estadual, nacional, interferirmos nas agendas políticas”.
Um encontro que representa, segundo Alberto Irazábal, "a materialização de três anos de trabalho que temos realizado através das diferentes aldeias temáticas e que, nestes dias, têm se materializado em confirmações do caminho que estamos percorrendo para relançar". Para o acadêmico da Universidade Ibero-americana na Cidade do México, o objetivo é "conectar-se com centenas de jovens de todo o mundo que, de seus territórios, trazem formas alternativas de ser, de viver, de fazer, mais humanas e sustentáveis, fortalecendo assim uma rede global com a capacidade de pensar e agir localmente". E a partir daí "uma oportunidade de construir alternativas econômicas que possam estar a serviço do cuidado de nossa Casa Comum, como o Papa Francisco pediu".
"A riqueza do encontro reside na diversidade dos jovens e adultos que trabalham há dois anos", disse Ignacio Alonso Alsino. Para o jovem argentino que trabalha em Genebra na Comissão Católica Internacional de Migração, é uma oportunidade de conhecer diferentes perfis profissionais e histórias pessoais. Isto lhe permitiu descobrir que "os problemas são transnacionais, a pandemia, a guerra, a polarização política são questões compartilhadas". Neste contexto, ele vê a necessidade de "pensar em alternativas, de entender que este é um processo que continua com a ideia de construir pontes entre os jovens, que se plantem sementes pensando que outro tipo de economia é possível e, acima de tudo, de construir uma nova narrativa".
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui