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Igreja queimada por militares no Estado de Kayah (Foto da Anistia Internacional/AFP) tirada entre 27 de junho e 4 de julho de 2022) Igreja queimada por militares no Estado de Kayah (Foto da Anistia Internacional/AFP) tirada entre 27 de junho e 4 de julho de 2022) 

Em Mianmar, igreja é ocupada e minada pelo exército

“Mais de um ano e meio após o golpe, as pessoas estão realmente cansadas do conflito e desejam voltar à vida normal. Como católicos, continuamos a esperar e rezar, seguindo os nossos pastores que nos convidam a viver com fé este momento de sofrimento e provação, nos guiam no caminho da não-violência, pedem justiça e paz", diz um católico de Yangon, diretor de um instituto universitário privado.

O conflito civil em Mianmar não poupa igrejas e outros locais de culto. Como apurado por fontes locais da Agência Fides na Diocese de Pekhon, as tropas do exército regular de Mianmar ocuparam durante quatro dias, de 8 a 12 de setembro, a igreja católica da Mãe de Deus, na pequena cidade de Moebye, na Diocese de Pekhon (centro-leste de Mianmar). Combates ferozes estão sendo travados na região entre o exército de Mianmar e as forças de resistência, as chamadas Forças de Defesa Popular, compostas principalmente por jovens que se opõem à junta militar que com um golpe assumiu o poder de 1º de fevereiro de 2021.

Moebye é uma cidade de cerca de 500 casas, para um total de mais de 2.000 habitantes, todos católicos, que fica na fronteira entre os Estados de Shan e Kayah, e está em uma posição estratégica, na estrada que sai de Loikaw (Estado de Kayah) em direção a Taunggyi (Estado de Shan).

 

“Os militares optaram por se refugiar e acampar na igreja, pois sabem que os jovens não a atacariam, por oportunismo e para se salvarem”, explica à Fides Pe. Julio, pároco local. "Mas não só sujaram e a devastaram, quebrando estátuas e móveis: antes de deixá-lo esta manhã, espalharam minas no templo, escondendo-as por toda parte, no chão, nos bancos, atrás dos livros sagrados, para fazer o mal. São atos execráveis ​​de desrespeito, que condenamos. Pedimos que as igrejas sejam mantidas fora do conflito”, observa o pároco. Hoje, jovens e voluntários católicos estão limpando e, com muito cuidado, desarmando e retirando as minas dentro da igreja e ao seu redor.

Como explicam fontes locais à Fides, em algumas áreas do país, como no Norte, estão em curso fortes combates entre o exército e as forças de resistência, muitas vezes unidas aos exércitos das minorias étnicas. Em outras áreas do país, por outro lado, há um conflito de baixa intensidade que também envolve as maiores cidades como Yangon, Mandalay, Pathein, onde grupos de jovens atacam inesperadamente postos de controle militares, caminhões do exército, postos policiais.

“Não temos segurança, mesmo que a junta militar tenha anunciado sua intenção de aliviar as restrições à vida social e civil”, informa à Fides Joseph Kung, católico de Yangon, diretor de um instituto universitário privado. “Mais de um ano e meio após o golpe, as pessoas estão realmente cansadas do conflito e desejam voltar à vida normal. Como católicos, continuamos a esperar e rezar, seguindo os nossos pastores que nos convidam a viver com fé este momento de sofrimento e provação, nos guiam no caminho da não-violência, pedem justiça e paz".

*Com Agência Fides

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14 setembro 2022, 10:33