Cazaquistão: a gratidão do Papa é um estímulo à concórdia
Antonella Palermo e Amedeo Lomonaco - Vatican News
Da sua janela com vista para a Praça de São Pedro, Francisco agradece e promete. Agradece pelo que viveu durante a viagem apostólica ao Cazaquistão que terminou há três dias e promete compartilhar seus pensamentos e impressões, como é seu costume, durante a próxima Audiência Geral, isto é, na próxima quarta-feira (21).
E a gratidão pela visita que acaba de terminar e o compromisso a ser traduzido num futuro imediato são também os sentimentos e a orientação que a Igreja do Cazaquistão está agora focalizando, conforme expresso por dom Adelio Dell'Oro, bispo de Karaganda, no final da viagem do Papa ao Congresso de Líderes Religiosos Mundiais e Tradicionais.
Qual é a sensação que se percebe entre o povo?
Antes de mais nada, há uma imensa gratidão de todos ao Papa, que quis vir ao Cazaquistão, apesar de suas dificuldades físicas. A gente se comprometeu a não deixar passar este grande evento, a não deixá-lo desvanecer no tempo, mas a trabalhar com os sacerdotes, religiosos e leigos ao longo deste ano para que as sugestões e indicações de Francisco deem ainda mais vigor ao nosso testemunho. Fiquei impressionado com o fato do povo ter vindo de todas as partes do Cazaquistão, às vezes com viagens cansativas. Um povo também composto de católicos que vieram do Uzbequistão, da Rússia e até da Mongólia (cerca de 15 pessoas que viajaram mais de 3.400 quilômetros de carro). Esse povo experimentou uma forte unidade e pertença à Igreja universal na celebração da Eucaristia. Também fiquei impressionado com a presença de não católicos que queriam participar da missa, atraídos - penso eu - pela figura e presença do Papa Francisco. Esse é um sinal de que o coração humano, onde vê uma presença e um fato significativo para sua própria vida, é atraído.
O Papa disse que o dom de uma pequena Igreja é uma graça. E ele os convidou a não se fecharem em uma concha. Como ressoam essas palavras?
Ressoam com tanta alegria porque é precisamente uma palavra que eu precisava para servir mais ainda a Igreja neste país. Ser pequeno, ser este pequeno broto - como o Papa Bento XVI também nos disse quando estivemos em Roma para a visita ad limina - tira toda a pretensão de poder humano: somos pequenos e esta é uma oportunidade para o Senhor agir ainda mais através de nós. Fiquei impressionado precisamente pelo fato de que o Papa Francisco nos convidou calorosamente a não sermos fechados em nossas igrejas, em nossas sacristias, em nossas pequenas comunidades. Mas ser um sinal de Jesus para todos e, portanto, viver juntos para os outros na sociedade.
A peregrinação do Papa Francisco ao Cazaquistão aconteceu por ocasião do Congresso de Líderes Religiosos Mundiais e Tradicionais. Daí o compromisso unânime com o diálogo inter-religioso para a paz e a reconciliação no mundo...
Foi um convite muito importante feito no Congresso a todos os líderes das religiões do mundo. Um convite que, antes de tudo, nós católicos devemos aceitar para que, em nome da pertença ao único Deus, possamos nos ver ainda mais não como estranhos, mas como irmãos e irmãs. Podemos, cada um mantendo nossa própria identidade, acolher o outro na verdade para construir uma sociedade verdadeiramente unida e concordante. O Papa nos mostrou o caminho para sermos livres e abertos na convivência de diferentes pessoas, do ponto de vista nacional e religioso. No Cazaquistão, em particular, a cultura cazaque é profundamente religiosa porque nasceu da dura experiência de homens que viveram nas estepes em constante movimento e em condições climáticas muito difíceis. É preciso, portanto, abraçar os valores que essa cultura sustenta e nos comunica.
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