Santuário em Lourdes passa a contar com pastoral luso-brasileira

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

“Lourdes é um lugar de cura, cura física e espiritual (...). Eu tenho visto na confissão experiências maravilhosas de conversão. Isso tem me impressionado muito (...) Aqui a gente faz a experiência da Mariologia. Tudo o que se refere a Maria está orientado ao Cristo.”

Os poucos dias em Lourdes, onde chegou no início do mês de setembro, já foram suficientes para deixar uma marca profunda no Pe. Paulo Dalla Dea. O sacerdote fidei donum, depois de 3 anos como Missionário da Misericórdia no Santuário São João Maria Vianney em Ars, passa a ser o responsável pela Pastoral luso-brasileira no Santuário mariano francês, respondendo a um desejo do ex-reitor, monsenhor Olivier Ribadau-Dumas, que desejava a presença de um sacerdote que falasse o português. Assim, sua missão será acolher os peregrinos de língua portuguesa, celebrar a Missa e atender as confissões em português. E deixa um recado aos nossos ouvintes:

A você que está me escutando, a você que está sabendo dessa notícia, se você vier para Lourdes, me chame, passe no serviço de informações, peça por mim, eu vou atender, vou celebrar, vou rezar as confissões, vou fazer o que for preciso para acolher o seu grupo. Deus te abençoe, Deus te proteja!

Padre Paulo Dalla Dea

O sacerdote da Diocese de São Carlos recordou ao Vatican News que após o Jubileu da Misericórdia, o Papa Francisco havia pedido aos Missionários da Misericórdia para darem continuidade à sua missão, priorizando os Santuários, locais por excelência de evangelização e peregrinação. Assim, ao ter concluído os 3 anos do contrato em Ars, foi convidado para assumir esta nova missão em Lourdes, Santuário que acolhe muitos peregrinos de língua portuguesa.

Padre Paulo explicou que ainda está sendo negociada uma capela e dias para a celebração da Missa e a oração do Terço em português. Quando isso se tornar uma realidade, terá transmissões para Brasil e Portugal pela Canção Nova, que já demonstrou interesse.

A água

O sacerdote conta que o Santuário de Lourdes recebe peregrinos ao longo de todo ano, que para lá se dirigem em busca de cura e de “um toque de Maria”:

Eu estou ainda começando aqui, mas já vi alguns sinais muito interessantes em Lourdes. As pessoas passam para se lavar, tem o gesto da água de Lourdes, e o gesto da água de Lourdes - Maria disse a Bernadete “Vá, beba da água e se lave” - é o gesto da renovação do Batismo, valorizado a partir do Concílio Vaticano II.

Sob a basílica, a rocha onde está a Gruta das Aparições

A gruta na rocha

Depois deste símbolo da água, o sacerdote destaca a Gruta das Aparições encravada na rocha:

Depois nós temos em Lourdes o grande símbolo que é a gruta, que está dentro de uma rocha. E o nicho de Nossa Senhora está ao lado da gruta. Então na verdade nós temos a rocha que é Cristo, - e é um símbolo muito forte na Bíblia – a questão da pedra angular, da rocha, que é a nossa salvação. Cristo é a rocha e Maria está ao lado de Cristo. Na gruta onde se celebra a aparição de Nossa Senhora a Bernadete, se celebra a Missa todos os dias, em vários horários. Então o centro da gruta é reservado à Eucaristia, ao Cristo Palavra, ao Cristo que se fez Pão repartido. Mas Maria está ao lado orientando e atraindo as pessoas para o Cristo. É muito bonito esse símbolo da Gruta de Lourdes.

Lourdes – observou o Missionário da Misericórdia - é um lugar de cura. As pessoas passam para serem curadas e para pedir o toque de Nossa Senhora. Mas Lourdes não é só um local de cura física – motivo pelo qual já foi chamado de “fábrica de milagres da Igreja Católica" -, mas também de cura espiritual:

As pessoas passam em Lourdes e se confessam e mudam de vida, quando tem uma experiência bonita, de evangelização e de oração aqui. Aqui é um lugar de cura. Lourdes tem capelães e pessoas responsáveis para acolher os doentes, os jovens, as crianças, as pessoas que passam aqui e isso é o grande carisma de Lourdes, é o grande carisma da Mãe, a Mãe do Cristo que acolhe e recebe todos os filhos de Deus. Muito bonito essa imagem em Lourdes.

Vista da basílica e à noite, a procissão luminosa

Santa Bernadete Soubirous

Padre Paulo destaca um último símbolo que percebe em Lourdes, que é a própria Bernadete:

Bernadete uma camponesa, uma mulher, uma adolescente, uma leiga que não era nem evangelizada na época das aparições. Foi Nossa Senhora mesmo que fez a evangelização de Bernadete, porque Bernadete não conseguia nem ir ao catecismo. Ela não tinha feito ainda a Primeira Comunhão. E foi a partir dela que Nossa Senhora escolheu para revelar os seus propósitos, as suas vontades, a sua mensagem. Uma menina nova, adolescente, mulher, leiga, e aqui nós temos um exemplo de santidade. Claro, depois Bernadete se fez freira, mas morreu ainda jovem, 34 anos, é uma mulher jovem. Ela foi uma santa e é uma santa que inspira muitas pessoas, uma santa que falava diretamente para as pessoas. Quando as pessoas diziam para ela: “Eu não acredito que você viu Nossa Senhora”, ela dizia: “Eu não sou encarregada de fazer você acreditar, eu sou só encarregada de te falar a mensagem de Maria”. Então uma mulher que tinha muita sinceridade, uma adolescente nova, leiga. Olha, temos aqui uma inspiração muito interessante depois do Concílio Vaticano II, que restaura e valoriza a santidade dos leigos, a partir da vivência cristã.

Na Audiência Geral de 12 de agosto de 2009, o Papa Bento XVI havia convidado os sacerdotes a “olhar para Maria como o modelo perfeito da sua existência, invocando-a como "Mãe do sumo e eterno Sacerdote, Rainha dos Apóstolos, Auxílio dos presbíteros no seu ministério".

Qualidade da experiência que Nossa Senhora proporciona às pessoas

Padre Paulo Dalla Dea, do Santuário do Cura D’Ars, Padroeiro dos Sacerdotes, transfere-se para um dos mais importantes Santuários marianos do mundo. Perguntamos a ele qual foi o primeiro impacto que teve ao chegar neste local sagrado encravado nos Pirineus:

O primeiro impacto que tive em Lourdes, além de ser muito maior do que Ars, evidentemente, é que Nossa Senhora atrai muita gente e as experiências que eu tenho tido aqui de confissão – claro, você tem aquelas confissões que são rotineiras, de gente que se confessa sempre na sua paróquia e passa aqui e aproveita para se confessar – mas você tem também experiências de conversão muito, muito fortes aqui. Experiências de oração que as pessoas partilham aqui e que estou aprendendo a conhecer, e tem experiências muito fortes - que eu não posso contar, evidentemente, pois são assuntos de confissão -, mas eu fiquei admirado com a qualidade da experiência que Nossa Senhora tem feito com as pessoas. Não é a gruta em si, não é o local em si, mas a experiência que muita gente tem quando chega aqui faz. Experiência de serviço – esses hospitalares que ficam levando os doentes - eles se convertem, eles dão testemunho de uma experiência de serviço muito forte. Quer dizer, Lourdes é o lugar onde Jesus tirou o seu manto e passou uma toalha na sua cintura para lavar os pés dos apóstolos. Então essa experiência é muito forte e as pessoas que fazem essa experiência de servir os doentes saem transformadas daqui. E outras pessoas que chegam, que não são simplesmente turistas, mas que fazem um momento de oração, um momento de evangelização, eu tenho visto na confissão experiências maravilhosas de conversão. Isso tem me impressionado muito. Aqui que a gente faz a experiência da Mariologia. Tudo o que se refere a Maria está orientado ao Cristo.