Publicação da CNBB quer ajudar no enfrentamento ao tráfico de pessoas
Pe. Luis Miguel Modino
A Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acaba de lançar, em versão digital e impressa, o caderno intitulado “Nas Trilhas do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas”. Segundo dom Evaristo Spengler, “embora o tráfico de pessoas seja o terceiro comércio ilícito mais rentável do mundo, é ainda um crime desconhecido porque é desconhecido para a sociedade. Ele gera mais de 30 bilhões de dólares anualmente, mas as pessoas não conhecem esse crime”.
O presidente da Comissão destaca que, “por isso, quando as pessoas ouvem falar, perguntam: ainda existe essa realidade nos tempos atuais?”. O bispo da Prelazia de Marajó ressalta que “esse caderno quer ser uma ferramenta para ajudar todas as pessoas que mobilizam as pastorais, movimentos e organizações que atuam nos processos de formação para o enfrentamento ao tráfico de pessoas no Brasil para que possam ajudar a trazer à tona essa realidade”. Dom Evaristo relata como segundo passo, depois de tomar conhecimento, “quais são os caminhos para que as pessoas possam se engajar, se envolver nesse enfrentamento ao tráfico de pessoas”. O bispo afirma que “o caderno coloca aquele esquema que é bem conhecido nosso, no Brasil e na América Latina, de ver, julgar e agir, apresenta conceitos, modalidades, indicações para a cultura do cuidado”.
Citando o Papa Francisco, o presidente da Comissão ressalta que “o Pontífice nos alerta que nós não teremos um mundo de paz, não teremos um mundo de fraternidade enquanto não tivermos uma cultura do cuidado”. Nesse sentido, o bispo franciscano afirma que “a violência, o uso das pessoas para o lucro, como é o tráfico de pessoas, é o oposto disso: é o uso da pessoa para a ganância de alguns, usando as pessoas como mercadoria, como propriedade, como um objeto. Isso é um crime que brada aos céus”. Lembrando novamente as palavras do Papa Francisco, dom Evaristo diz que o tráfico de pessoas “é uma chaga atroz que tem que ser curada em nossa sociedade”. Por isso, “nós desejamos que esse caderno possa ajudar a trazer à tona para muitas pessoas das nossas bases, pastorais e movimentos, e também outros grupos sociais que querem conhecer melhor e saber como se engajar no enfrentamento ao tráfico de pessoas”.
A realidade do tráfico de pessoas no Brasil se torna mais preocupante neste cenário em que o país atravessa crises sociais, políticas econômicas e ainda convive com a pandemia da Covid-19. Nesse sentido, o caderno pretende ser instrumento que ajude a enfrentar um crime que é considerado a escravidão moderna deste século. Ainda mais diante do fato de que no Brasil, “o grito das vítimas praticamente foi silenciado pelo poder do crime organizado durante a pandemia da Covid-19”, uma realidade que demanda formar e informar para denunciar.
A realização do caderno conta com as parcerias da Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude (ASBRAD), da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Rede Um Grito pela Vida, além do apoio da Conferência Episcopal Italiana. Na versão impressa, que será distribuída para os regionais da CNBB, os leitores poderão acessar outros conteúdos indicados no caderno através de QR-codes, basta apontar a câmera do celular e assistir documentários ou reportagens. Na versão digital, disponível para download no site da Conferência, os leitores também poderão acessar as indicações com facilidade.
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